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Elisa Monteiro
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Olhos abertos para a internacionalização. O terceiro webinário promovido pelo Observatório do Conhecimento reuniu experiências universitárias da América Latina, Estados Unidos, China e Alemanha para expandir as fronteiras da reflexão sobre o futuro da educação superior brasileira. Entre prós e contras de modelos estrangeiros, os convidados destacam a flexibilidade curricular e mais integração com projetos de país. O encontro foi realizado na noite de terça-feira (2). E a íntegra do conteúdo pode ser acessada pelo canal do Observatório no youtube (https://bit.ly/3bcmxpi).
Um dos principais players da economia global, os chineses abocanham a maior parte das matrículas universitárias no exterior hoje. De acordo com Janaina Silveira (Radar China), as instituições de ensino superior de língua inglesa (sobretudo as norte-americanas) são o destino preferencial da internacionalização chinesa, tanto em função da expectativa de emprego posterior, quanto pela dificuldade de acesso às vagas na própria China.
Dentro do país, a dedicação dos alunos aos estudos é integral. Todos os anos, são em média dez milhões de chineses ingressando nas universidades. Em geral, os estudantes moram nos campi, partilhando quartos coletivos que abrigam de quatro a seis pessoas. Etnias minoritárias contam com cotas. “Há apoio governamental à pesquisa e desenvolvimento dentro das universidades, elas são um dos pilares do sistema de inovação chinês. Desde 1993, a China permite que universidades privadas também atuem nesse sistema acadêmico. Embora as universidades de elite na China sejam todas públicas, mesmo elas têm uma taxa anual, que normalmente não é muito alta, mas todo mundo precisa pagar”, acrescenta.
A experiência de renovação universitária alemã foi compartilhada pelo professor da USP, Ricardo Terra. “Na universidade de Berlim, nós temos essa junção de ensino e pesquisa, a organização por cátedra, conhecimento desinteressado, a liberdade de ensinar e de aprender, além da introdução de seminários, que foi importantíssima”, resume o docente.
Terra relaciona o protagonismo alemão na agenda política de meio ambiente à mudança de foco acadêmico. “É meio equivocado pensar que a universidade de Frankfurt é apenas humanista”, diz. E completa: “A universidade de pesquisa alemã é essa mistura de conhecimento desinteressado com conhecimento vinculado com a indústria. Não é só inventar a maneira de melhorar a agricultura, mas como difundi-la”.
O modelo norte-americano acerta ao oferecer uma maior flexibilidade curricular. Essa é a opinião do ex-reitor da Universidade Federal da Bahia, Naomar de Almeida Filho. “É um sistema que permite escolhas na progressão e não a pré-escolha. Isso contrasta muito com o sistema brasileiro, que obriga as pessoas a escolherem o curso, a faculdade, o lugar que vão estudar antes de proceder ao processo seletivo. Isso é irracional”, justifica.
Na visão do docente, a mais recente expansão universitária brasileira, o Reuni, avançou no acesso ao ensino superior. Porém, deixou uma lacuna em termos de renovação administrativa e acadêmica. “As universidades dobraram [de tamanho], mas não mudaram o foco”, avalia Naomar. Para ele, o modelo universitário do país precisa ser debatido: “Estamos aqui com o mico de sermos talvez o país com alguma importância geopolítica — enquanto temos importância geopolítica, porque infelizmente estamos perdendo isso rapidamente — com um modelo do século XIX, que foi inclusive abandonado pela sua própria origem”.
A temperatura da América Latina é analisada pela integrante do Grupo de Cooperação Internacional de Universidades Brasileiras, Rossana de Souza e Silva. “De forma geral, os sistemas de ensino superior na América Latina são marcados tanto por tradições locais como por conflitos entre Igreja e Estado ou por mudanças de regimes políticos”, ela diz. Algumas diferenças também são frisadas: “As ditaduras militares tiveram forte impacto na Argentina, Chile e Brasil, enquanto no México houve uma laicização muito forte nessas instituições”, compara. Os contrastes, segundo ela, são marcantes: “Diversas análises mostram o potencial para o futuro da região — que deve ser construído desde já —, que é muito rica em termos de recursos naturais e de heranças culturais fortes para a humanidade. Mas que convive com grandes contrastes do ponto de vista do desenvolvimento econômico-social”.
Entre os desafios comuns e atuais são listados: a inovação, a inclusão e a preocupação com a qualidade, principalmente na preparação de doutores para atuar na solução de problemas locais e regionais. Rossana destaca ainda cooperação bilateral e multilateral.“Para superar os problemas regionais que nós encontramos na América Latina, é muito importante trabalharmos em cooperação por meio de programas que possam contribuir conjuntamente para superar esses problemas. Eles não serão superados com um passe mágico”, defende.
A UFRJ perdeu o professor Miguel Barbosa do Rosário, aposentado do Departamento de Letras Clássicas, da Faculdade de Letras, que faleceu no dia 22 de fevereiro. O docente ingressou na UFRJ em 1963, como aluno da antiga Faculdade Nacional de Filosofia, onde cursou Português-Latim. Em 1968, ingressou como docente do Departamento de Letras Clássicas da Faculdade de Letras. O Conselho Universitário aprovou uma moção de pesar pela sua morte.
A UFRJ concedeu o título de Doutora Honoris Causa in memoriam à escritora Carolina Maria de Jesus, autora de Quarto de Despejo, entre outras obras-primas da literatura brasileira. A homenagem póstuma foi aprovada no Conselho Universitário por aclamação, dia 25 de fevereiro. “É uma reparação histórica”, afirmou o conselheiro Vantuil Pereira, diretor do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP-DH). Muito emocionada, a reitora Denise Pires de Carvalho exaltou a genialidade das mulheres, “muito silenciadas”, e das mulheres negras, “ainda mais silenciadas” em nossa sociedade.
Em mais um momento de emoção no Consuni do dia 25, o colegiado concedeu a Medalha Minerva de Mérito Acadêmico à professora Angela Ancora da Luz, da Escola de Belas Artes. Crítica de arte, reconhecida nacional e internacionalmente, ela integra a Academia Brasileira de Artes e o Instituto Histórico e Geográfico do Brasil. Foi diretora da EBA por dois mandatos. Num deles, a docente conseguiu reabrir o Museu Dom João VI, depois de amplo trabalho de revitalização do espaço. A professora não conseguiu fazer concurso para titular em sua área, porque não houve vaga antes de sua aposentadoria. Por esta razão, Ângela não pode ser agraciada com a emerência.
Aos 22 anos, o estudante do Instituto de História da UFRJ, Rodrigo dos Anjos do Nascimento, foi assassinado em Curicica, Zona Oeste da cidade, no último dia 23. A suspeita é de que o crime tenha sido “motivado” por homofobia. A brutal morte aconteceu numa zona dominada por milícia. O IH se pronunciou oficialmente por nota exigindo empenho das autoridades para solucionar este crime bárbaro. O Conselho Universitário também se manifestou com moção de pesar.