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Deputado Rodrigo Amorim (PTB) - Crédito: Twitter de Elika TakimotoMenos de uma semana após o assassinato de Marcelo Arruda, tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR), pelo policial penal federal bolsonarista Jorge Guaranho, no domingo retrasado (10), a violência política voltou a ditar o tom da campanha eleitoral. No sábado (16), uma caminhada pacífica do deputado federal Marcelo Freixo, pré-candidato a governador do Rio pelo PSB, junto a aliados e militantes, foi perseguida e encurralada por um grupo liderado pelos irmãos bolsonaristas Rodrigo e Rogério Amorim — respectivamente deputado estadual e vereador pelo PTB — na Praça Saens Peña, na Tijuca, Zona Norte do Rio. Segundo relatos colhidos pelo Jornal da AdUFRJ, os bolsonaristas estavam armados e ameaçaram a comitiva de Freixo.
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) estava na caminhada e tem convicção de que o grupo dos irmãos Amorim queria intimidar. “O que aconteceu foi um comando por parte do deputado bolsonarista Rodrigo Amorim e seu irmão, com quinze homens armados, para nos intimidar. Eles partiram para quebrar e rasgar bandeiras, empurrando as pessoas. Teve agressão moral, verbal, física, com palavras de baixo calão, desqualificando as pessoas”, conta Jandira.
Para a parlamentar, o episódio faz parte de uma escalada de violência que é estimulada principalmente pelo discurso de ódio de Jair Bolsonaro. “Ele é o principal incitador dessa violência. Bolsonaro só fala de incitação ao ódio, em aniquilamento do adversário, em agressão a quem pensa diferente”, avalia. Jandira acha que a resposta deve ser dada nos campos jurídico e político: “Fizemos o boletim de ocorrência na 19ª DP (Tijuca), demos entrada no TSE e no TRE-RJ. Vamos também apresentar uma representação contra o mandato do deputado Rodrigo Amorim, além de acionar o Ministério Público. Ao mesmo tempo, temos que dar a resposta política. E a primeira resposta é não sair das ruas. A rua é da festa cívica que é o processo eleitoral”.
Pré-candidata a deputada federal pelo PSB, a professora Tatiana Roque, do Instituto de Matemática e ex-presidente da AdUFRJ, estava na caminhada e diz que não houve confronto, mas sim uma agressão. “A gente estava fazendo uma manifestação política pacífica na Praça Saens Peña, e eles chegaram armados, truculentos, em bando para nos intimidar. Eles nos cercaram no meio da praça. Não foi um confronto, como alguns veículos de imprensa chegaram a dizer, como se fosse uma briga de rua. Não foi. Foi realmente um movimento de intimidação e de tentar cercear a nossa liberdade de manifestação. Eles fizeram questão de mostrar que estavam armados, vieram pra cima, quebraram bandeiras, foram muito violentos”.
Para Tatiana, cuja pré-candidatura foi lançada oficialmente na quinta-feira (21), a esquerda tem que se preparar para o recrudescimento da violência política. “Acho que a esquerda deve enfrentar isso sem violência, mostrando nossa diferença em relação a eles, mas ao mesmo tempo sem nos deixar intimidar. A gente não deve sair da rua porque o que eles querem é impedir a gente de fazer campanha, de nos manifestarmos politicamente, principalmente agora que eles estão perdendo e estão desesperados”.
DA PAZ AO TUMULTO
O vereador Reimont (PT), pré-candidato a deputado federal, saiu da praça poucos minutos antes da confusão e disse que, até então, o clima era de paz. “Nós temos uma banquinha permanente ali aos sábados no calçadão do Banco do Brasil desde 2009. Era um dia de festa, de caminhar e conversar com as pessoas, prestar contas do que temos feito e apresentar o nosso pré-candidato a governador a quem ainda não o conhecia. Tudo estava em paz”, descreve o vereador.
Para Reimont, o momento é muito difícil e a esquerda tem que estar preparada. “O que ocorreu foi uma mostra da continuidade daquilo que aconteceu com nosso tesoureiro em Foz do Iguaçu, que é o que tem sido proposto pelo atual governo, esse discurso de ódio que sempre termina com morte. Na campanha, temos nos orientado a caminhar sempre em grupos para ter mais segurança. Não permitiremos que nos oprimam, seremos firmes, sem jamais sermos violentos. A truculência virá para as ruas e nós temos que ter sabedoria para enfrentá-la”.
O músico e jornalista Tiago Prata, o Pratinha, pré-candidato a deputado estadual pelo PSB, viu a agressão dos bolsonaristas na Praça Saens Peña como mais um ato contra a democracia. “Foi muito sério, é a democracia em risco. Uma série de capangas de um deputado e de um vereador, que foram lá para isso, para gravar vídeos para as redes sociais deles dizendo que expulsaram Freixo e seus apoiadores da praça, como se o lugar fosse deles. É um fascismo tupiniquim. Marcelo não reagiu às provocações, ficou sereno e sorrindo, para não causar tumulto. Ficaram mostrando as armas na cintura. Foi revoltante”, lembra Pratinha.
O pré-candidato avalia que os bolsonaristas têm duas estratégias muito claras nesta campanha. “Elas se complementam. Uma é amedrontar. Outra, que foi até mais usada nesse episódio da Saens Peña, é fazer vídeos para as redes sociais usando uma narrativa falsa. A gente tem que ter as instituições funcionando, o TRE, o TSE, a Polícia, a Justiça para punir e até cassar candidaturas. Você impedir qualquer pessoa de fazer campanha na rua, provocar briga e morte, é uma tática para amedrontar. Isso não faz parte do jogo democrático. A esquerda tem que agir com sabedoria, ser firme, sem se acovardar”.
COMBUSTÍVEL DA VIOLÊNCIA
Para o cientista político Paulo Baía, professor do IFCS/UFRJ, a tendência é que a violência se acentue. “Essa eleição tem uma característica diferente. O presidente da República é uma pessoa avessa à democracia e faz tudo para diluir os mecanismos democráticos. Essa é uma intenção sempre clara do governo Bolsonaro em suas portarias, seus decretos e suas falas. Nós temos uma campanha que está efetivamente polarizada, e ela será violenta a cada momento porque interessa a Bolsonaro a tensão e a beligerância”, analisa Baía.
O professor crê que a escalada de violência amedronte parte do eleitorado. “Estamos no momento das convenções que vão definir os candidatos. O tom das campanhas para governador, para senador e para deputados federal e estadual será alimentado pelo combustível da violência. A disputas territoriais locais também ganham um tempero forte de violência. Os casos de Foz do Iguaçu e da Praça Saens Peña se inserem nesse contexto político local e nacional. Acredito que de agosto em diante, e sobretudo a partir de 10 de setembro, teremos atos muito contundentes de violência, no intuito de que as pessoas tenham medo de ir votar. Nos grupos qualitativos de pesquisa, já há indícios disso. Tem gente com medo de ir às ruas no dia da eleição”.
Em entrevista ao canal UOL News na segunda-feira (18), o deputado Rodrigo Amorim negou as acusações. “Naquele sábado, havia um encontro do meu partido, o PTB, em São Cristóvão. Eu moro a 300 metros da Praça Saens Peña, marquei na praça com apoiadores para que seguíssemos até São Cristóvão. Quando lá cheguei, havia um grupo de apoiadores do pré-candidato Marcelo Freixo e, assim que saí do carro, esse grupo começou a proferir xingamentos contra a minha pessoa, a minha família e contra o presidente Bolsonaro, de quem sou apoiador. As pessoas que estavam comigo também responderam a esses xingamentos, mas verbalmente. Não houve nenhuma agressão física”.
Mais conhecido pela quebra da placa de Marielle Franco, na campanha de 2018, do que por sua atuação parlamentar, Amorim também negou que ele e seus apoiadores estivessem armados. Ele registrou queixa na 19ª DP por injúria e difamação.
Na terça-feira (19), no lançamento da pré-candidatura de Pratinha, Marcelo Freixo falou sobre a agressão. “Não vai ser fácil governar esse país depois do bolsonarismo. Não podemos deixar o Rio de Janeiro ser um lugar de resistência do bolsonarismo. O Rio tem que ser o lugar da derrota do bolsonarismo. O que aconteceu na Saens Peña foi muito grave. Mas nós saímos da praça por uma razão: a gente não divide palco com a estupidez”, disse ele, sob aplausos.
Freixo reafirmou que a violência política será também derrotada nessa campanha. “A gente sabe que se vence o medo com o riso. O riso é um instrumento potente para vencer o medo. Quanto riso, quanta alegria. É com arte, com música, com união, com diálogo, com alegria que a gente vai fazer política e derrotar o ódio, o medo, o atraso. O Rio de Janeiro vai ser um dos lugares mais importantes para o governo Lula”, garantiu.
Reginaldo Lopes - Foto: Elaine Menke/Câmara dos DeputadosO processo de escolha dos reitores das universidades federais pela comunidade acadêmica voltará a ser respeitado, caso ex-presidente Lula seja eleito. A garantia é do deputado federal Reginaldo Lopes, líder do PT na Câmara, em entrevista à CBN. No dia 11, a rádio iniciou uma série de programas para ouvir representantes dos principais candidatos ao Palácio do Planalto sobre educação. “Reitor eleito será reitor empossado. Sempre foi assim no governo do presidente Lula”, afirmou Lopes.
O deputado defendeu a reserva de um percentual da arrecadação do Estado para financiamento das universidades e centros de pesquisa. O índice seria definido após debate entre as associações de reitores das universidades e institutos federais (Andifes e Conif, respectivamente) e o MEC. “Teremos que fazer a regulamentação da autonomia universitária tendo foco na autonomia financeira, o que é fundamental para preservar este patrimônio do povo brasileiro. A nação não se desenvolve sem ciência e tecnologia”.
Um eventual governo Lula também voltará a ter como referência as metas estabelecidas no Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024. “As 20 macrometas do PNE foram abandonadas pelo governo Bolsonaro”, disse. “Teremos apenas dois anos (para alcançar as metas)”. Para ter sucesso na área, Reginaldo espera articular um pacto entre União, estados e municípios em torno de um sistema nacional de educação.
Questionado sobre as escolas cívico-militares implantadas pelo governo Bolsonaro, o representante do PT respondeu que a gestão do processo educacional cabe apenas à comunidade escolar. “Os militares não têm que fazer gestão do projeto pedagógico”, concluiu.
Apenas a candidatura do atual presidente não aceitou o convite da rádio para apresentar as propostas para a educação. Todas as entrevistas, com duração de 20 minutos, poderão ser acessadas no site, no Youtube e no Facebook da CBN.
João Torres: "Ciência vive um cenário de pós-guerra de país vencido”“Nossa ciência está vivendo um cenário de pós-guerra de um país vencido”. A afirmação do presidente da AdUFRJ, professor João Torres, resume uma audiência na Assembleia Legislativa sobre o orçamento das universidades e institutos federais sediados no Rio, dia 11.
O professor citou o “orçamento do conhecimento”, estudo conduzido pelo Observatório do Conhecimento. De acordo com o levantamento, o sistema federal de universidades e de ciência e tecnologia do país perdeu quase R$ 100 bilhões, desde 2014. “A falta de financiamento tem um impacto direto sobre as condições de trabalho dos docentes”, explicou João aos parlamentares presentes. “Um exemplo claro é que, depois da pandemia, os prédios que ficaram mais de um ano praticamente sem uso se degradaram. E, sem verbas para manutenção, eles propiciam condições sanitárias inadequadas para os professores, alunos e técnicos”.
Estava todo mundo lá: UFRJ, UFF, UniRio, Rural, Instituto Federal Fluminense, IFRJ, Cefet e Pedro II. Diante dos sucessivos cortes nas receitas, gestores de todas as instituições compareceram à Alerj para apresentar um pedido de socorro coletivo. Em comum, existe a preocupação de assegurar o funcionamento até o final de ano, com garantia de assistência aos alunos mais vulneráveis e preservação dos empregos de funcionários terceirizados.
A situação é reflexo de uma queda brusca do financiamento das universidades. O orçamento discricionário — ou seja, a parte que exclui as despesas com pessoal — despencou à metade em apenas sete anos. “Desde 2016, o orçamento das universidades federais vem sofrendo expressivas perdas. Até 2019, eram perdas inflacionárias. A partir de 2020, além das perdas inflacionárias, o orçamento discricionário vem caindo, ano a ano, em valores nominais. Isso fez com que em 2022 o orçamento discricionário seja da ordem de 50% do que era em 2015”, disse o presidente da associação de reitores (Andifes), professor Marcus David, que participou do evento por videoconferência. O dirigente enfatizou que a perda repercute de forma significativa na economia de um estado como o Rio, que possui muitas instituições federais de ensino.
Entre elas, a maior e mais antiga universidade do país sofre uma crise do seu tamanho. “O nosso orçamento cai em termos reais e nominais e nossas despesas têm crescimento alto, que independem de nós”, disse o pró-reitor de Planejamento e Finanças da UFRJ, professor Eduardo Raupp. “É possível que tenhamos de tomar medidas drásticas de interromper semestre, decretar férias coletivas. É o único mecanismo pelo qual eu poderei reduzir abruptamente os contratos”.
Além dos prejuízos ao ensino, pesquisa e extensão, a decisão teria um efeito imediato na vida de milhares de pessoas: “Temos uma força de trabalho de quase três mil servidores terceirizados. São os primeiros a pagar esta conta, quando somos obrigados a suspender ou finalizar contratos. São os primeiros a perder seus empregos”. Os nove hospitais da UFRJ, embora contem com outras fontes de receita, também depende do orçamento da universidade.
O problema não se limita a 2022. O projeto de lei orçamentária para 2023 do governo Bolsonaro aponta um corte nas verbas das universidades. “Basicamente, nos deixa com o mesmo orçamento de quando estávamos com atividades remotas. Mas nosso custo de energia elétrica, que estava em R$ 2 milhões/mês, agora está em R$ 5 milhões/mês”, exemplificou.
Um a um, os demais gestores apresentaram a situação de cada instituiçao. Jefferson Manhães, reitor do Instituto Federal Fluminense (IFF), disse que seu orçamento caiu 31% desde 2015 (R$ 62,1 milhões para R$ 43,2 milhões) —sem considerar a inflação do período. No total, a rede de institutos federais sofreu ainda um cancelamento de R$ 183 milhões em 2022.
A falta de dinheiro também impede o cumprimento do Plano Nacional de Educação (PNE), previsto para encerrar em 2024, Natália Trindade, da APG UFRJ e da Associação Nacional dos Pós-graduandos, citou que a meta 14 do PNE — titular 60 mil mestres e 25 mil doutores por ano — não poderá ser mais alcançada em tão pouco tempo. “As pessoas estão desistindo da vida acadêmica. Defender o pós-graduando no orçamento é defender a ciência e tecnologia. O Brasil que a gente quer precisa alcançar estas metas”, disse.
AVALIAÇÃO DA ADUFRJ
Vice-presidente da AdUFRJ, a professora Mayra Goulart saudou a iniciativa da Alerj de reunir representantes de todas as instituições federais de educação do estado. A professora acredita que o evento — e sua possível reprodução nas demais assembleias legislativas e câmaras municipais do Brasil — cria uma pressão sobre deputados federais e senadores e pode ajudar a melhorar os números da Educação e da Ciência junto ao Congresso Nacional. “Quanto mais participação da sociedade civil, melhor”, disse.
GOVERNO “MASCARA” CORTE NA UFRJ PARA 2023
O governo modificou a previsão orçamentária da UFRJ para 2023: em vez do corte de 12,6%, anunciado na edição anterior do Jornal da AdUFRJ, o índice será de 2,53% (ou R$ 8,3 milhões). “Cai de R$ 329,2 milhões para 320,9 milhões. Mas esta queda está ‘mascarada’ por alguns movimentos feitos na proposta orçamentária do governo”, informou o pró-reitor de Finanças, professor Eduardo Raupp, durante o Consuni do dia 14.
A principal manobra do governo consistiu em cortar nas rubricas financiadas pelo Tesouro e, paralelamente, elevar o orçamento da receita própria da UFRJ — resultante basicamente de aluguéis de terrenos —, sem consultar a reitoria. “Ou seja, para que o impacto final fosse menor no global do orçamento, o governo está trocando fonte que vem dele por fonte que nós arrecadamos. Nós tínhamos uma previsão de aumento da arrecadação no ano que vem, mas o governo a colocou para cima, sem que houvesse qualquer tipo de ajuste conosco”,explicou Raupp. A perda na rubrica de funcionamento da universidade ficou em 14% (R$ 18,5 milhões). Já o aumento da receita própria chegou a 31% (R$ 14 milhões). Se as receitas próprias fossem excluídas da conta, o corte geral seria de 8%. Em uma avaliação preliminar, esta manobra já foi detectada em outras universidades, segundo o pró-reitor.
Nem o Museu Nacional foi poupado da tesourada. A rubrica de reconstrução da unidade cai para menos da metade (R$ 3,4 milhões para R$ 1,5 milhão). A proposta do governo preserva a verba de assistência estudantil, porém, sem reajuste. “É uma situação muito delicada, pois temos os riscos de carregar para o ano que vem os problemas de 2022”. O pró-reitor lembrou que a já insuficiente dotação orçamentária deste ano, de R$ 329 milhões, sofreu cortes. “Está em R$ 309 milhões, a mesma do ano passado, quando estávamos remotos”.
CONGRESSO NACIONAL REJEITA BLOQUEIO DO FNDCT
Em um único dia, duas vitórias para a ciência brasileira. Na terça-feira (12), o Congresso retirou de um projeto de lei o trecho que permitiria ao governo bloquear — e transferir para outras áreas — os recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Além disso, os parlamentares aprovaram na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2023 um aumento da parte do FNDCT para os chamados recursos não reembolsáveis, destinados a projetos de universidades e institutos de pesquisa.
Com o projeto de lei, o governo tentava formalizar o bloqueio de R$ 2,5 bilhões aplicado ao FNDCT em junho. Uma medida que já contrariava legislação aprovada pelo próprio Congresso no ano passado, a Lei Complementar 177, de acabar com a reserva de contingência e de impedir qualquer tipo de corte do fundo. Seguindo um destaque apresentado pela bancada do PT, os deputados rejeitaram o dispositivo (197 votos contra 187), que nem precisou ser votado no Senado. A decisão, segundo a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), não reverte automaticamente, mas torna ainda mais frágil o bloqueio operado pelo governo.
Em seguida, em uma sessão conjunta, os parlamentares aprovaram uma mudança na LDO que reduz de 50% para 15% o percentual de recursos do FNDCT que pode ser emprestado para empresas investirem em pesquisa. O dinheiro não é usado e acaba retornando, ao final do exercício fiscal, para os cofres do governo. Pela nova regra, 85% do fundo irão para os recursos não reembolsáveis. “Isso pode significar um aporte para o ano que vem da ordem de R$ 3 bilhões. Não é pouco. Pode fazer a diferença para muitas ações”, afirma o presidente de honra da SBPC e professor do Instituto de Física da UFRJ, Ildeu Moreira.
A nova divisão do FNDCT ainda pode ser vetada pelo presidente Jair Bolsonaro, que terá um prazo de 15 dias úteis a partir do recebimento do texto para a sanção. “Foi uma vitória importante da comunidade científica. Não está consolidada. Na LDO, o presidente pode vetar e vamos brigar no Congresso para manter”, disse Ildeu.
Estela MagalhãesBoas novas para os professores filiados à AdUFRJ. Os sindicalizados agora têm direito a um desconto de 5% em compras nas papelarias Kalunga e 15% nos serviços de hospedagem e daycare de cães e gatos, dentre outros animais, no Club Pet no Leblon. Esses convênios passam a compor uma lista de 20 parcerias oferecidas pelo sindicato. “Isso é um benefício para o filiado, estimula os professores a se filiarem e fortalece o sindicato”, diz Karine da Silva Verdoorn, diretora da AdUFRJ. Ela conta que o sindicato pretende ampliar a rede de parcerias. “Estamos finalizando as negociações para uma parceria com a drogaria Raia e em breve vamos divulgar os detalhes deste convênio”, completa a professora.
O acesso aos serviços pode ser feito na área dos filiados no site da AdUFRJ, na nova aba exclusiva para convênios. Basta entrar em contato diretamente com a empresa e solicitar o desconto. No caso da parceria com a Kalunga, é preciso ir até a AdUFRJ pegar o cupom. A professora Analy Leite, do campus Macaé, é sindicalizada e faz uso da parceria com a Escola Alfa. “O desconto de 10% que a escola oferece é maior do que o valor da mensalidade da AdUFRJ. Eu me sindicalizei justamente pensando neste convênio. Além do amparo legal do sindicato, ainda tem essa questão do desconto com a Escola Alfa.”, conta.
Estão disponíveis 20 convênios concentrados no Rio, em Macaé e em São Paulo e distribuídos em diferentes setores: academia, educação, produtos orgânicos, bem estar e estética, pet shop e serviços, educação, saúde, energia solar, corretoras de seguros e planos de saúde, cuidadores e papelaria e artigos de escritório. “Os serviços mais procurados são os de plano de saúde”, conta Meriane dos Santos Paula, funcionária que realiza os contatos para formar parcerias. Ela também convida os professores a dar seus depoimentos sobre o uso dos serviços e sugestões para possíveis convênios.
Para mais informações, basta entrar em contato com a Meriane, no telefone (21) 99358-2477 ou pelo e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
Além do acesso aos convênios, os sindicalizados têm direito a atendimento jurídico virtual em plantões semanais nas terças de manhã e quintas de tarde. Para agendar um horário, basta enviar um e-mail para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. com cópia para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
Filie-sePara filiar-se ao sindicato, o professor deve acessar a aba “filie-se” do site adufrj.org.br e preencher o formulário. Ao fim do cadastro, será necessário aceitar o Termo de Adesão e Consentimento para Tratamento de Dados Pessoais, que permite à AdUFRJ o uso dos dados para a realização de convênios para prestação de serviços aos sindicalizados. Esses dados estão protegidos de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que garante a segurança das informações de pessoas físicas no meio digital e no material. “Nesse último ano foi importante termos nos adequado à LGPD, o que nos possibilita fechar acordo com empresas maiores e buscar convênios mais atrativos e que atendam à maioria dos nossos filiados”, diz Karine, diretora da AdUFRJ.
Em seguida, é preciso autorizar o desconto da contribuição sindical na folha de pagamento, procedimento que pode ser realizado pelo aplicativo SouGov.br. Por fim, o professor será incluído no sistema da AdUFRJ e receberá uma mensagem confirmando a filiação.
Diretoria da AdUFRJEm pouco mais de uma semana, e a menos de três meses das eleições, uma tensa escalada de ataques colocou a violência política no centro da campanha eleitoral. O ápice dessa onda de ódio foi o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR), no último domingo (10). Ele foi morto a tiros pelo policial penal bolsonarista Jorge Guaranho, que invadiu a festa de 50 anos de Arruda — cujo tema era o PT e o ex-presidente Lula — aos gritos de “Aqui é Bolsonaro!”. Nesta sexta-feira (15), a Polícia Civil do Paraná indiciou o bolsonarista por homicídio, mas descartou motivação política para o crime.
O Jornal da AdUFRJ ouviu especialistas para avaliar o impacto do assassinato na campanha eleitoral e seus desdobramentos para o período posterior ao pleito, e mesmo após a posse do futuro presidente. “Acho que a violência vai ser a tônica dessa campanha”, acredita a professora Mayra Goulart, cientista política e vice-presidente da AdUFRJ. Para ela, essa será uma herança nefasta: “Essa violência será um legado do governo Bolsonaro, ela vai se manter no horizonte político por algum tempo”.
Os historiadores Paulo Fontes e Michel Gherman, ambos professores da UFRJ, têm visões semelhantes à de Mayra. “Essa cultura da violência se estruturou politicamente de tal forma que não será superada em quatro anos, é um processo de mais longo prazo”, prevê Fontes. “Esse discurso pode acionar o que há de pior outra vez, e vamos conviver com isso pelos próximos anos. Lula e a esquerda vão ter que saber lidar com isso e construir uma repactuação civilizatória”, acentua Gherman. As avaliações dos especialistas sobre essa escalada de violência política — incluindo uma suposta “polarização” amplificada, sobretudo, pela mídia tradicional — estão AQUI.
Violência rima com destruição, outra especialidade do governo Bolsonaro. Em seu projeto de desestruturar as áreas de Educação, Ciência e Tecnologia, o Planalto fez modificações na previsão orçamentária da UFRJ para 2023. Desta vez, a facada veio em forma de manobra: cortar rubricas financiadas para o Tesouro e elevar o orçamento da receita própria da universidade. Isso sem qualquer consulta à UFRJ. Nem o combalido Museu Nacional escapou. A verba para a reconstrução do museu caiu de R$ 3,4 milhões para R$ 1,5 milhão — menos da metade.
Mas a mobilização contra os cortes vem ganhando força. Por conta dela, esta semana o Congresso impediu o bloqueio de verbas do FNDCT. E a Assembleia Legislativa foi palco de uma audiência pública que reuniu universidades e instituições federais sediadas no Rio contra as tesouradas no orçamento. “A falta de financiamento tem um impacto direto sobre as condições de trabalho dos docentes. Um exemplo claro é que, depois da pandemia, os prédios que ficaram mais de um ano praticamente sem uso se degradaram. E, sem verbas para manutenção, eles propiciam condições sanitárias inadequadas para os professores, alunos e técnicos”, descreveu aos parlamentares o professor João Torres, presidente da AdUFRJ. “Nossa Ciência está vivendo um cenário de pós-guerra de um país vencido”, pontuou. Confira o mais recente panorama dos cortes e das mobilizações em defesa da Ciência AQUI.
A ampliação do leque de convênios da AdUFRJ para seus associados é o tema de nossa matéria 8. Completam a edição uma reportagem, na página 6, sobre os recentes ataques de cães nas imediações do Centro de Tecnologia (CT) — foram 13 em três meses — e a cobertura do 65º Conad do Andes, AQUI.
Boa leitura!