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A UFRJ se destacou no resultado dos editais Cientista do Nosso Estado (CNE) e Jovem Cientista do Nosso Estado (JCNE), da Faperj, divulgado no último dia 10. Entre as 33 instituições fluminenses de pesquisa contempladas, a maior universidade federal do país ficou em primeiro lugar, com 177 das 499 bolsas concedidas.
Em tempos tão duros para a Ciência, a notícia representa um alento. As propostas selecionadas receberão verbas mensais regulares por até três anos: R$ 3 mil para os pesquisadores com produção científica ou tecnológica de alta qualidade nos últimos dez anos (os agraciados do edital CNE) e R$ 2,4 mil para os jovens cientistas (do edital JCNE).
O desempenho da instituição foi comemorado pela reitora Denise Pires de Carvalho. “São editais muito competitivos e que garantem parte do funcionamento dos laboratórios e a orientação de estudantes. São recursos muito importantes para o dia a dia da pesquisa na universidade”, disse. “Fico muito orgulhosa com nosso corpo docente, que não se abateu pela pandemia e com os cortes orçamentários em Ciência, Tecnologia e Educação”, completou.

CRESCIMENTO
Houve uma diminuição do número total de bolsas concedidas em relação aos editais de 2020 (583). Mas a comparação, explicou o presidente da Faperj, professor Jerson Lima, deve ser feita por cada ciclo de três anos. Neste caso, apontando um crescimento. “As taxas de bancada CNE e JCNE são por três anos. E tem uma edição todo ano. No ano passado, a edição que se encerrava tinha 300 bolsas de CNE e foram concedidas 400”, exemplificou. “Para este ano, a diretoria resolveu aumentar a disponibilidade de bolsas que era, anteriormente, de 191 para CNE. E foram concedidas 292 bolsas. Na realidade, o número de pesquisadores CNE e JCNE tem aumentado, computando cerca de 1.500 pesquisadores totais. O programa, quando criado em 1999, tinha 100 bolsistas”, observou.
Desde 2019, a agência busca aumentar o fomento de bolsas e auxílios. “No ano de 2021, foi possível executar R$ 690 milhões, um recorde. Há tanto por parte do Executivo como do Legislativo do estado uma compreensão da importância estratégica da Faperj”, explicou Jerson, que é professor titular do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ.
WhatsApp Image 2022 03 18 at 22.58.16 2Antonio SoléOs cientistas agradecem. Não só pelos recursos, mas pela flexibilidade permitida na utilização. “A Bolsa Cientista do Nosso Estado foi uma iniciativa fantástica da Faperj. Até meus colegas da USP, que têm a poderosa Fapesp, nos invejam por isso. Mas o que ela tem de especial? É a confiança nas pessoas que fazem pesquisa”, afirmou o professor Antonio Solé, do Instituto de Biologia e ex-diretor da AdUFRJ. “Nos outros tipos de financiamento, frequentemente precisamos realizar os gastos exatamente de acordo com o planejamento original. Todos sabemos, entretanto, que o mundo da pesquisa não é assim tão previsível. Às vezes, temos aquele equipamento caríssimo, que depende de sala refrigerada, e o ar-condicionado quebra. O que fazer? É aí que entra a bolsa CNE! Ela confia que pesquisadoras e pesquisadores saberão como gastar os recursos para seus trabalhos, inclusive com os imprevistos”.
O financiamento da Faperj, entre outras ações, explicou Solé, vai fortalecer uma atividade importante do Centro Nacional para a Identificação Molecular do Pescado (Cenimp), inaugurado neste dia 18: o desenvolvimento e a aplicação de métodos de DNA para o controle das fraudes no comércio do pescado. “No caso deste projeto CNE, iremos buscar a adaptação de uma metodologia usada em diagnóstico de covid-19 para a identificação rápida e no local de algumas espécies mais presentes em fraudes na comercialização, como o panga e os peixes salgados vendidos como se fossem bacalhau”, completou o docente, que recebe a bolsa desde a criação dos programas.
Diretor do Instituto de Química, o professor Claudio Mota também é um “veterano” das bolsas concedidas nesses editais. Ganhou a primeira vezWhatsApp Image 2022 03 18 at 22.58.16 1Claudio Mota como Jovem Cientista, em 2000. E desde 2005 vem sendo contemplado como Cientista do Nosso Estado. “Sem dúvidas, o CNE e o JCNE são o carro-chefe do fomento à pesquisa aqui no estado. É um orgulho para mim, como pesquisador, fazer parte deste grupo, sendo contemplado mais uma vez”.
O atual projeto vincula Química e sustentabilidade. “Dentro do conceito de economia circular, onde o subproduto de um processo da queima de combustíveis — no caso, o dióxido de carbono — vai gerar um insumo para outro produto, até mesmo um combustível, como o metanol”, exemplificou.
Enquanto alguns comemoram a continuidade da bolsa, a professora Juliany Rodrigues, diretora do campus Duque de Caxias da UFRJ, está experimentando a “alegria indescritível” de receber a bolsa CNE pela primeira vez. “Eu já vinha tentando esse edital há três anos. Consegui agora na terceira. Foi uma conquista profissional. Considero esse programa um reconhecimento também. Um prêmio por tantos anos de dedicação à Ciência”, afirmou.
WhatsApp Image 2022 03 18 at 22.58.16Juliany RodriguesO projeto da docente avalia diferentes alternativas terapêuticas para o tratamento das leishmanioses, com estudo de novos compostos e nanomateriais para a entrega de fármacos. “É uma doença negligenciada pela indústria farmacêutica, pois é relacionada à pobreza, predominante no sul global. No Brasil, é um problema grave”, explicou. Juliany estuda o tema desde a iniciação científica. “Acho que só vou me aposentar se eu conseguir colocar um medicamento na prateleira do SUS. Agora, não só um medicamento, mas também nanomateriais”, brincou.
A bolsa também ajuda a abrir outras portas de financiamento, acrescenta a dirigente. Há vários editais da Faperj exigindo que o pesquisador proponente seja bolsista do CNPq e/ou Cientista do Nosso Estado. “Traz um ganho para mim, como pesquisadora, para meu grupo, mas também para a comunidade do campus de Duque de Caxias”, completou Juliany.
Entre as grandes áreas do conhecimento que receberam bolsas CNE e JCNE, estão as Ciências Humanas (80), Ciências Sociais Aplicadas (43) e Linguística, Letras e Artes (12), por exemplo.
O ex-reitor Roberto Leher, professor da Faculdade de Educação, também foi um dos beneficiados do edital CNE. “A Faperj tem inovado de umaWhatsApp Image 2022 03 18 at 22.58.16 4Roberto Leher maneira muito virtuosa a concepção de editais. O programa Cientista do Nosso Estado é uma política de fomento extremamente interessante, pois permite flexibilidade entre recursos de custeio e de capital, facilitando o aporte dos recursos necessários em conformidade com as necessidades da pesquisa”, elogiou.
Para o ex-reitor, as bolsas são bem-vindas. “Entendo que será um suporte decisivo, particularmente num contexto em que estamos diante de um estrangulamento deliberado de recursos das agências de fomento federais. Particularmente, um encolhimento draconiano dos recursos não reembolsáveis da Finep, assim como do CNPq e da Capes”, completou Leher.
O projeto do ex-reitor investiga a mercantilização da educação básica com o avanço de sociedades anônimas, grupos educacionais de capital aberto e com ações na Bolsa de Valores na educação básica. “Os recursos serão para a infraestrutura da pesquisa: coleta de dados com a contribuição de nossos estudantes, tratamento de informações, visitas in loco para que possamos conhecer, nos diversos estados da federação, o andamento dessas políticas”, informou.

JOVEM CIENTISTA
WhatsApp Image 2022 03 18 at 22.58.16 3Mayra GoulartProfessora de Ciência Política e diretora da AdUFRJ, Mayra Goulart celebrou a seleção como bolsista do edital Jovem Cientista do Nosso Estado. “A sensação é de felicidade e de que o esforço que a gente vem realizando lá no Lappcom (Laboratório de Eleições, Partidos e Política Comparada), está dando resultado”, afirmou.
O estudo coordenado pela professora — agora financiado pela Faperj — é sobre política local. “Nosso objetivo é analisar como se relacionam as variáveis personalismo, partidarismo e ideologia na dinâmica da política local, tentando fugir dos chavões que veem na política local apenas clientelismo, apenas personalismo”.
A docente enfatiza a necessidade de comunicar a importância da pesquisa científica para a sociedade em um momento de escassez, com pandemia e guerra. “Mostrar a importância da pesquisa para alimentar os processos de mobilidade social, os processos de construção nacional. Não tem como pensar em desenvolvimento nacional sem pesquisa”, ponderou Mayra.

SOLIDARIEDADE COM PESQUISADORES UCRANIANOS

A Faperj estuda a formulação de um edital para atrair pesquisadores refugiados da Ucrânia. A proposta será apreciada pelo conselho da agência, na próxima semana.  A chamada apoiará projetos de mobilidade de pesquisadores da região em instituições fluminenses. “Deve prever bolsas por um ano, com possibilidade de renovação, além de auxílio-viagem e (seguro) saúde”, adianta o professor Jerson Lima.

A AdUFRJ projetou um vídeo na parede externa da Escola de Música com mensagens sobre a UFRJ, na noite desta terça (15). A iniciativa faz parte da campanha salarial dos servidores públicos e de defesa do ensino público superior. Hoje (16), o conteúdo está sendo apresentado aos cariocas por meio de um veículo com telão de LED, em circulação pela cidade. Daqui a pouco, às 16h, haverá ato unificado dos servidores na Praça XV. E, mais tarde, novas projeções pela cidade. Confira algumas imagens: 

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Estela Magalhães Ribeiro

Estamos por toda parte, mas queremos mais. Mais espaço, mais poder, mais respeito. Precisamos de mulheres na ciência, na política, na arte, na academia, na UFRJ. Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, o Jornal da AdUFRJ entrevistou professoras, estudantes e técnicas das mais diversas áreas.  Todas destacam a importância da representatividade feminina para a inspiração de outras mulheres e meninas, mas que seja principalmente uma representação de ideais. “A universidade é um espaço de reflexão, discussão e constante formação. A mulher precisa ter a oportunidade de trilhar diferentes caminhos, não pode ter a porta fechada se tem competência”, sustenta Nedir do Espirito Santo, diretora da AdUFRJ e professora do Instituto de Matemática. “Que ‘mulher’ seja um termo que não nos limite e abra diferentes horizontes de expectativa para nós”, completa a professora de Ciência Política e vice-presidente da AdUFRJ, Mayra Goulart. A seguir, os depoimentos de inspiradoras cidadãs que trabalham, estudam e pesquisam na universidade.

WhatsApp Image 2022 03 11 at 20.42.53Mayra Goulart
vice-presidente da AdUFRJ
Temos que buscar alternativas que garantam a possibilidade de que as mulheres escolham ao que elas vão se dedicar e, se elas quiserem se dedicar às funções do cuidado, que elas possam e sejam suportadas para que isso não atrapalhe sua vida profissional. Ou aquelas mulheres que desejam se dedicar apenas à vida profissional, que não sejam julgadas por não ter a parte do cuidado dos filhos. Que ‘mulher’ seja um termo que não nos limite e abra diferentes horizontes de expectativa para nós.

 

WhatsApp Image 2022 03 11 at 20.42.53 1Ligia Bahia
vice-presidente regional da SBPC, professora do IESC - UFRJ

As mulheres são especialistas em cuidados, desde os cuidados básicos até o cuidado do transplante, da pesquisa de células-tronco, da Engenharia Genética, do desenvolvimento de medicamentos e vacinas. Nós estamos envolvidas em todas essas áreas, mas somos sempre minoria. Nunca estamos envolvidas devidamente com todo o potencial que o mundo tem para oferecer.

 

WhatsApp Image 2022 03 11 at 20.42.53 2Vivian Miranda
professora de Astrofísica na Stony Brook University

Eu nunca vou esquecer de quando recebi de um comitê de um concurso no Brasil que eu assustei a banca e que, para passar, tinha que ser “menos trans e mais física”. Sendo que a única coisa que pedi no concurso foi que respeitassem meu nome social e eu fui vestida como sempre vou. Então o que seria menos trans e mais física? Seria eu não usar o meu nome social? Eu me vestir de homem?

 

WhatsApp Image 2022 03 11 at 20.42.53 3Heloísa Buarque de Hollanda
professora emérita da UFRJ

A Universidade das Quebradas (UQ) é um programa de troca de saberes entre a academia e a periferia. A gente tenta romper essa barreira, e o primeiro passo é o contato. Com a pandemia, as Mulheres nas Quebradas se juntaram e formaram o coletivo Muque, com o objetivo de transmitir conhecimento e contar suas histórias de um jeito bem língua solta. Confesso que esqueci da UQ totalmente e me apaixonei pelas mulheres. Elas falam baseadas na importância da UFRJ, só a ideia de estar invadindo a universidade e falando ali dentro já faz uma diferença muito grande no reconhecimento do que elas têm a dizer.

WhatsApp Image 2022 03 11 at 20.42.53 4Nedir do Espirito Santo
diretora da AdUFRJ

O Instituto de Matemática tem professores de muitas nacionalidades diferentes, no meu departamento temos uma boa diversidade, mas mesmo assim não temos uma quantidade expressiva de negros. Ao contrário, eu sou a única professora negra e recentemente entrou mais um professor negro. Isso é muito preocupante, especialmente numa sociedade que a gente tem um percentual bem maior de negros. É muito importante que isso esteja sendo conversado e discutido.

 

WhatsApp Image 2022 03 11 at 20.42.53 5Júlia Vilhena
coordenadora do DCE UFRJ
Quando a gente do movimento estudantil recebe alguma crítica, se você é mulher, muitas vezes isso não vai ser no formato da disputa política, mas vem na desvalorização do que você está dizendo, desmerecimento da sua posição naquele espaço político. Este mês representa a intensificação desse debate, mas no fim das contas os principais motivos que afligem as mulheres estão sempre no cotidiano. A representatividade importa além do simbólico, vai para uma prática de compromisso com a construção cotidiana das lutas pelos direitos das mulheres.

WhatsApp Image 2022 03 11 at 20.42.53 6Noemi de Andrade
diretora do Sintufrj
Na direção e no corpo profissional do sindicato as mulheres são maioria, então temos todo um olhar diferenciado para a questão das mulheres, do âmbito do cuidado e da proteção, de você estar bem segura no teu local de trabalho com todas as garantias.

 

 

WhatsApp Image 2022 03 11 at 20.42.53 7Sabrina Baptista Ferreira
professora da UFRJ e embaixadora do Parent in Science

Conciliar a vida acadêmica com a maternidade é estar em uma divisão onde você se sente eternamente culpada, tem que estar 100% nesses lugares. Sou feliz por ter uma rede de apoio, mas é muito mais difícil para quem não tem. Minha carreira teria sido diferente se eu não pudesse contar com essa rede de apoio, não estaria onde estou. A sociedade tem que entender que a responsabilidade sobre uma criança não é única e exclusivamente daquela mulher mãe. A universidade tem que entender que eu posso sim precisar levar uma filha minha um dia para o trabalho, porque eu não tive rede de apoio ou porque a escola naquele dia não funcionou.

WhatsApp Image 2022 03 11 at 20.42.53 8Waldinéa Nascimento
diretora da Attufrj
O trabalho das terceirizadas na UFRJ é uma extensão da sua casa, porque elas saem de casa e lavam e limpam o tempo inteiro. É importante que o terceirizado tenha uma importância significativa para as gestões que estão na reitoria. Atender as necessidades dos terceirizados, investigar denúncias com seriedade, cobrar dignidade da empresa contratada. Respeitam muito os servidores, estudantes, técnicos. Falta respeitar a categoria que mantém a universidade funcionando: os terceirizados.

mask 4898571 640Imagem de Juraj Varga por Pixabay O uso de máscaras deve permanecer obrigatório nos ambientes fechados da universidade. Já em espaços abertos sem aglomeração, o uso pode ser liberado. A recomendação é do Grupo de Trabalho Multidisciplinar de Enfrentamento à Covid-19 da UFRJ (GT-Coronavírus), em nota técnica divulgada no último dia 7. Em documento anterior, datado de 18 de fevereiro, o grupo de trabalho já havia destacado que “a utilização das instalações da UFRJ deve respeitar seus limites de espaço, sem a necessidade de adotar distanciamento físico entre os ocupantes. Em complemento, deve-se promover as boas práticas de limpeza destas instalações e buscar oferecer esquemas de ventilação adequados”.

REITORIA ANUNCIA MEDIDAS
PARA RETORNO PLENO EM ABRIL

A universidade continua trabalhando para o retorno presencial pleno a partir do próximo período letivo, com início marcado para 11 de abril. No último Consuni, realizado dia 10, o pró-reitor de Finanças, professor Eduardo Raupp, anunciou a distribuição de R$ 5,5 milhões para centros e unidades executarem serviços e investimentos, com prazo de empenho até 30 de abril. O campus de Duque de Caxias receberá R$ 350 mil. Já o CCS será contemplado com R$ 1,05 milhão. O pró-reitor de Governança, André Esteves, informou que o restaurante universitário do CT deve reabrir em 14 de março. A distribuição de refeições na Praia Vermelha, Letras, Duque de Caxias e Centro volta em 4 de abril.

WhatsApp Image 2022 03 11 at 20.44.40Foto: Fernando SouzaDiretoria da AdUFRJ

Na próxima sexta-feira (18), teremos assembleia de professores da UFRJ para decidir se aderimos ou não à greve por tempo indeterminado do funcionalismo público federal, marcada para 23 de março. A reivindicação é uma reposição salarial de 19,99%, referente a perdas acumuladas nos três anos de governo Bolsonaro. O Andes já aprovou a proposta de greve feita pelos dois fóruns nacionais de servidores públicos que comandam a campanha — Fonasefe e Fonacate — e agora as seções sindicais vão debater e decidir a questão. A direção da AdUFRJ convoca todos os docentes — sindicalizados ou não — para a assembleia do dia 18, e reafirma que é contra a greve por tempo indeterminado neste momento, posição que vai defender no encontro. E por que contra a greve?
Estamos em pleno período de férias acadêmicas, aguardando o tão esperado retorno às aulas presenciais, suspensas na pandemia de covid-19. O ensino remoto trouxe desgastes físicos, psicológicos e simbólicos que prejudicaram a nossa capacidade de mobilização, assim como o engajamento dos alunos. O sentimento geral da comunidade universitária é de cansaço, desgaste e fragilidade. Qual seria a eficácia de uma greve por tempo indeterminado nesse cenário, com a universidade vazia? Ademais, a possibilidade de trabalhar de casa enquanto outros precisavam se arriscar nos transportes públicos para, com sorte, manterem seus empregos, dificulta nossa relação com os demais setores.
Na própria plenária virtual do Setor das Instituições Federais de Ensino (Ifes) do Andes, em 22 de fevereiro, muitas seções sindicais relataram dificuldades de mobilização de suas bases para a greve em um contexto de férias, e falaram sobre o possível desgaste junto à sociedade em virtude do ensino remoto, apesar do intenso trabalho dos docentes ao longo de toda a pandemia. A direção da AdUFRJ concorda com a pauta salarial, mas entende que há outras formas de mobilização que podem estimular os estudantes e a sociedade em geral a serem a favor do movimento. E não contra ele. A AdUFRJ vai participar da mobilização nacional do dia 16 de Março. Estamos organizando uma série de ações, como projeções em prédios espalhados pela cidade para reforçar a campanha salarial, e vamos convocar os docentes para as atividades propostas pelo Andes.
Para enriquecer esse debate, o Jornal da AdUFRJ abre espaço para que docentes contra e a favor da paralisação por tempo indeterminado sustentem seus pontos de vista. Ex-presidente da AdUFRJ, a professora Eleonora Ziller, da Faculdade de Letras, entende que a pior opção de mobilização será suspender as atividades por tempo indeterminado em plenas férias acadêmicas. Já o professor Jorge Ricardo Gonçalves, da Faculdade de Educação, considera que a greve faz parte de um grande esforço conjunto para pressionar o governo a repor o valor de nossas perdas salariais. Confira os artigos e os detalhes da assembleia do dia 18 nas páginas 6 e 7.
Também nesta edição, trazemos um rico material sobre o Dia Internacional da Mulher, 8 de março, quando redes e ruas ficaram cheias de cores por um mundo melhor, sem machismo e com igualdade entre os gêneros. Foi uma terça-feira intensa para a AdUFRJ. De manhã, organizamos uma roda de conversa virtual sobre os desafios das professoras e alunas nas universidades, com a participação das diretoras do sindicato e das reitoras da UFRJ e da UFSB. No final da tarde, levamos nossa imensa e tradicional bandeira de cetim para o Centro do Rio. Com o atualíssimo lema “A luta pela Paz é Feminina”, foi lindo ver meninas correndo sobre nosso tapete de esperança. As fotos e reportagens estão nas páginas 3, 4 e 5.
Por fim, na página 8, nossa homenagem ao professor Luiz Pinguelli Rosa, falecido no último dia 3. Referência acadêmica e sindical, Pinguelli era professor emérito da UFRJ, um dos maiores nomes da Ciência e da Tecnologia do país, e sempre foi uma voz potente em favor da democracia. Fundador e primeiro presidente da AdUFRJ (1979-1981), Pinguelli foi também fundador do Andes, do qual foi o segundo presidente (1982-1984). A ele, nossa saudade e nossas reverências. Pinguelli, presente!
Boa leitura!

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