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O Jornal da Adufrj inaugura, nesta edição, uma seção para homenagear professores que foram grandes referências na universidade. Quem abre o espaço é a professora Samira Mesquita (1926-1994), da Faculdade de Letras, primeira decana do Centro de Letras e Artes.

 

WEBMENORSAMIRAHOMENAGEM: obra entre o CT e a reitoria foi inaugurada em outubro de 2010, na praça também batizada com o nome de Samira - Foto: Kelvin Melo“Samira é e não é. Nenhuma falta ela nos faz, porque está presente desde que se foi. É uma figura no espaço como um quadro que não está na parede”. Assim o ex-diretor da Faculdade de Letras, professor Edwaldo Cafezeiro, descreveu a colega Samira Nahid Mesquita, após seu falecimento. O discurso inspirou a obra a céu aberto localizada na Cidade Universitária para homenagear aquela que foi a primeira decana do Centro de Letras e Artes, entre 1985 e 1989.
Mas Samira foi bem mais que a pioneira na administração de um centro da UFRJ. Professora emérita, especialista em literatura brasileira, Cidadã da Poesia – título outorgado pela Associação de Cordelistas, em 1983 –, a docente reuniu admiradores por onde passou pela firmeza de suas posições, sempre apresentadas com serenidade, e a disposição em escutar o outro.
“Era muito democrática. Tinha um respeito enorme por todos. Se a moça que servia o cafezinho quisesse dar palpite, ela ouvia”, afirma Georgina Martins, que trabalhou com Samira na decania do CLA. Anna Maria de Castro, professora do IFCS, reforça o argumento: “Ela sempre foi uma pessoa de diálogo, de personalidade muito forte, mas fazia isso com toda gentileza”. Samira também foi fonte de inspiração para a presidente da AdUFRJ e professora da Faculdade de Letras, Eleonora Ziller: “Aprendi tanto com o exemplo político de Samira que dediquei meu discurso de posse para ela”.
Georgina observa que Samira publicou um livro (“O Enredo”, em 1986) usado até hoje para estudar narrativa. Mas destaca que ela “era de um tempo em que o professor estava mais interessado em dar aula do que publicar artigos”.
Talvez pela influência dos mestres que teve, como Manuel Bandeira, Alceu Amoroso Lima, Eduardo Portela ou Cleonice Berardinelli, fazia isso tão bem que se tornou paraninfa ou patrona de várias turmas ao longo da carreira (63, 66, 72, 73, 78, 83), informa outra técnica-administrativa que trabalhou com Samira na decania do CLA, Meri Cristina Toledo. “As aulas da Samira eram de fazer qualquer um babar. Ela sabia falar. Parecia que estava lendo. Conhecia o assunto e os autores”, confirma o professor Edwaldo Cafezeiro.
João Batista Vargens, professor do Setor de Estudos Árabes, teve experiência diferente: deu aulas para Samira por alguns períodos. Na condição de ouvinte, a filha de libaneses queria aperfeiçoar o domínio da escrita estrangeira. E João lembra algo que dizia à antiga aluna e colega: “Em árabe, a raiz da palavra ‘adab’ quer dizer pessoa educada e quer dizer também literatura. Ela conjugava bem os dois significados”.WEBSAMIRA TANOSSAMIRA com os docentes Carlos Tannus, Jorge Máximo e Alexandre Cardoso, em 1987 - Foto: acervo pessoal de Cristina Riche
Hoje ouvidora da UFRJ e também de ascendência libanesa, a professora Cristina Riche foi companheira de estudos de Samira nas aulas de árabe. E com ela criou uma intensa amizade. “Eu brincava que Samira era a Sherazade da literatura brasileira”. No clássico das Mil e uma Noites, Sherazade transforma o comportamento de um rei cruel, contando histórias cativantes. Para a ouvidora, Samira era semelhante por abraçar a literatura como instrumento de emancipação. “Ela aceitou participar da administração da universidade por entender que aquele era um espaço fundamental para promover a cultura, a literatura, a área de humanas, a área de letras e artes, interna e externamente à Universidade”, avalia Cristina.
Quando foi eleito vice-reitor de Horácio Macedo (naquela época, as eleições eram separadas) em 1986, o professor Alexandre Cardoso conheceu Samira no Conselho Universitário, onde os decanos são conselheiros. E se impressionou com o empenho da docente em levar a literatura para outros espaços da universidade, como o Centro de Tecnologia.
Cardoso acompanhou a luta de Samira contra o câncer que a vitimou: “Não se entregou. Foi uma batalha. Caía o cabelo, ela botava o lenço na cabeça e ia dar aula”. O docente recorda que, na inauguração do memorial do Fundão, após todos os discursos elogiosos para a homenageada, o filho de Samira, o cantor e ator Evandro Mesquita, tomou a palavra pra agradecer e disse, emocionado: “Imaginem tudo isso que vocês falaram dessa pessoa e eu poder chamá-la de mãe”.
Cristina Riche conclui que todas as homenagens para Samira são merecidas e necessárias: “Festejar Samira é festejar a vida. É festejar a universidade que produz um conhecimento libertador. Ela queria promover a integração dos saberes, e não deixar que ficassem em ‘caixinhas’. Ela sabia que isto envolvia certa utopia e, ao mesmo tempo, uma forma de resistência. Por isso, tinha tanto a dizer”.

WEBSAMIRA CRISTINALEDA DAU, Samira e Cristina Riche - Foto: acervo pessoal de Cristina Riche

WEBMENOROBSERVATORIO1Um “Pequeno Guia de Cotas Sociais e Raciais” foi organizado pelo Observatório do Conhecimento. A publicação explica o que é a lei de cotas, derruba mitos sobre o tema e faz um balanço de seu impacto. Dados da Andifes mostram que a partir de 2014, o percentual de estudantes negros nas universidades federais se aproxima do total de negros no país. Em 2003, apenas 34% dos estudantes eram negros. Em 2014, eles passaram a 47%. O país tem 54% de negros em sua população.

IMG 9713Ciro Gomes em auditório do CT - Foto: Alessandro CostaO ex-governador do Ceará e ex-candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, esteve na UFRJ no dia 1º de novembro. O assunto era a política de óleo e gás implementada pelo governo Bolsonaro. “Estão esquartejando a Petrobras e vendendo este potencial”, afirmou durante palestra na Coppe. E decretou: “Se um dia eu for presidente, o petróleo será brasileiro”. Antes da atividade, o político concedeu entrevista exclusiva para a AdUFRJ. Ele comentou as críticas ao ex-presidente Lula, a escolha pela abstenção no segundo turno das eleições passadas e o desastre no Nordeste. Confira:

O senhor pretende ser candidato à presidência em 2022?
Eu estou entregue obstinadamente a construir um movimento no Brasil. Este movimento procura identificar as causas estratégicas do problema brasileiro e fazer uma crítica dura aos encaminhamentos que estão sendo feitos. Se isso vai ou não se traduzir numa candidatura, a minha experiência diz que o Brasil vai passar por tantas confusões, tantas montanhas-russas, que meu papel é me atirar, sem nenhum tipo de conveniência, ao risco que for necessário para proteger o Brasil. Estou na UFRJ porque acredito que tenhamos que trazer a universidade para dentro da tomada de decisão do país, porque o outro nome de soberania nacional é ciência, tecnologia e inovação.

O senhor tem feito duras críticas ao ex-presidente Lula...
Eu não gostaria de comentar nada sobre o Lula, porque ele não é uma pessoa que eu conheço pela televisão, é alguém com quem tenho relacionamento fraterno há mais de 30 anos. É uma situação que me causa dor, ele não está nada bem. Eu não fiz críticas pessoais a ninguém. A minha questão é política. Eu considero – e posso estar enganado, porque ninguém é dono da verdade – que, sem as imprudências, o egoísmo e a forma meio de enganador profissional que o Lula toma a partir de um certo momento de sua vida, o fenômeno Bolsonaro não teria acontecido.

Mas o senhor não acha que fez diferença para a vitória de Bolsonaro o senhor não ter se posicionado no segundo turno da eleições?
No primeiro turno eu ganhei as eleições no Ceará. O Haddad, em Fortaleza, ficou em terceiro lugar, perdeu para o Bolsonaro. No segundo turno, o Haddad teve 70% dos votos no Ceará, inclusive em Fortaleza. Já em São Paulo, o Haddad, onde tinha sido prefeito, perdeu as eleições por 68% a 32%. O problema sou eu? Se você olhar onde eu fui votado, ele simplesmente galvanizou todos os votos. Só que se somar os votos dele com os meus nesses lugares, ainda faltam dez milhões de votos nessa derrota acachapante para um idiota.
Toda vez que o Bolsonaro entra em dificuldade, ele ameaça a volta do PT. É uma espécie de relação simbiótica, de parasitismo, em que um se afirma na negação do outro. Eu, comovidamente, acho que isto está matando o Brasil. Fundamentalmente, está levando ao descrédito a confiança do povo na política.

Mas no caso, a pergunta é sobre uma autocrítica do senhor...
Será possível que não há nenhuma autocrítica do PT a fazer? Será que não vamos lembrar que foi o Lula quem nomeou a Dilma, com zero experiência anterior na política? Isso tem consequências. Dilma se deixou impedir por um golpe e não teve capacidade de somar um terço dos deputados. O escândalo de corrupção: será que vamos fazer de conta que as escolhas do Lula não têm nada a ver com isso? Dilma assumiu o governo e anunciou uma faxina tirando toda a diretoria da Petrobras, que vinha de oito anos de governo Lula. Eu denunciei pessoalmente que o Lula deu ao Eunício Oliveira – depois presidente do Senado – R$ 1 bilhão em contratos sem licitação, na Petrobras. O nome da empresa é Manchester. O Lula deu ao Renan Calheiros e ao Romero Jucá a nomeação do Sérgio Machado na Transpetro. Vi a dinheirama ser roubada e eu avisei ao Lula. Depois de um certo tempo, se eu não denuncio e não me afasto, eu passo a ser cúmplice. Eu não tenho razão nenhuma para ser cúmplice. Não devo nada ao PT, nada ao Lula.

Como o senhor avalia a ação do governo federal diante do desastre de derramamento de óleo no Nordeste?
É um desgoverno absoluto. É uma tragédia contra a natureza, com biomas absolutamente sensíveis, mas também é econômica, com quebra de até 80% da venda de camarão, peixe, lagosta. Da qual sobrevivem pessoas pobres. Mais de 60 dias se passaram e o presidente não se dignou a ir às áreas atingidas. As providências deveriam ser conter os danos e identificar os responsáveis. Só 60 dias depois, a segunda providência é tomada. O ministro do Meio Ambiente (Ricardo Salles) é um canalha que está ali com a tarefa de ser canalha. Esse é o mandato que ele recebeu do senhor Jair Bolsonaro que tem horror ao meio ambiente, como obscurantista que é.

Qual sua opinião sobre a política de óleo e gás do atual governo?
Isso é uma não política. Entre os quatro principais complexos industriais brasileiros está o de petróleo, gás e biocombustível. Estamos regredindo em agregação de valor. Hoje o Brasil está com um terço de sua capacidade de refino e já chegamos quase a 250 milhões de barris por ano de importação de diesel, gasolina, querosene de avião e gás de cozinha. A política de dolarizar dá lucros exorbitantes para os acionistas privados que são bancos brasileiros e multinacionais. O que está por trás disso claramente é uma visão antinacional e entreguista.

financial 4560047 640Imagem de mohamed Hassan por PixabayMuitos professores estão questionando o desconto maior para a Adufrj no contracheque deste mês. É importante esclarecer que não houve aumento da contribuição sindical. Os filiados são descontados também no 13º salário, como ocorre em todos os anos, provocando a variação. Depois, a contribuição volta ao valor normal.

WEBMENORMALANDROFoto: Elisa MonteiroO aniversário de 75 anos de Chico Buarque inspirou o Coral do Centro de Tecnologia, oficina do programa de extensão “Qualidade de Vida” da decania. O grupo é composto por estudantes e servidores. A apresentação do musical Ópera do Malandro atraiu bom público ao auditório do CT, na sexta-feira (1).
“O tema foi escolha dos alunos. Todo mundo achou que a crítica, apesar de forte, era necessária para o atual momento político”, explica o estudante da Escola de Música e coordenador do coral Alberto Nery. Para ele, “exploração” e “hipocrisia” são os motes que aproximam a obra de 1978 da atualidade. “O uso de pessoas interpretando objetos, nas cenas, é uma crítica à passividade da população”, completa.
Com duas horas e meia de duração, o espetáculo conservou o humor ácido da obra original. Mas trouxe elementos da sociedade contemporânea, como o auxílio de aparelhos celulares no palco. Clássicos como Geni e o Zepelim, Pedaço de Mim e A Volta do Malandro receberam uma roupagem mais moderna também. O cenário e figurino foram compostos em parceria com o curso de Direção Teatral e com a Escola de Belas Artes.

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