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Andes-SN divulga vídeo sobre desenvolvimento da carreira docente

O Andes-SN divulgou, no último dia 13, um vídeo sobre o desenvolvimento da carreira docente nas Instituições Federais de Ensino (IFE). O pequeno filme, primeiro de uma série que está sendo desenvolvida pelo Sindicato Nacional, faz parte dos materiais de divulgação da Agenda Temática do Setor das Ifes, aprovada no 59º Conselho do Sindicato, realizado em Aracaju (SE). No mês de setembro, foi destacada a luta em defesa dos direitos na aposentadoria. Já em outubro, a temática é o Desenvolvimento da Carreira.

A animação problematiza a falta de democracia nas IFE no decorrer da elaboração dos critérios internos, muitas vezes de caráter produtivista, criados para instrumentalizar e regulamentar o desenvolvimento da carreira.

Na UFRJ, as regras gerais foram aprovadas pelo Consuni (e publicadas no Boletim da universidade em 18 de setembro), mas o detalhamento da regulamentação da carreira continua em debate nos Centros e Unidades.

No mês de novembro, o tema da agenda será Autonomia, Democracia e Estatuinte. Para dar base ao debate, as seções sindicais e secretarias regionais devem enviar, até 24 de outubro, informações acerca dos processos estatuintes que estão acontecendo nas instituições. As informações devem ser enviadas para o e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. O Setor das Ifes se reúne novamente nos dias 24 e 25 de outubro na sede do Andes-SN, em Brasília.

Confira o vídeo em: http://youtu.be/gHX5kCBlhUM.

Dia dos professores na luta

Manifestação em 15 de outubro, na Cinelândia, cobrou uma política verdadeiramente pública para a Educação

PNE do governo foi duramente criticado no evento

Filipe Galvão. Estagiário e Redação

Pelo menos 300 educadores e militantes ocuparam a Praça Cinelândia no centro do Rio de Janeiro no Dia dos Professor, exigindo uma política verdadeiramente pública para a educação. O ato marcou o primeiro Dia Nacional de Luta em defesa do setor, evento proposto no Encontro Nacional de Educação (ENE), realizado em agosto deste ano.

14102021O ato marcou o primeiro Dia Nacional de Luta em defesa do setor, evento proposto no Encontro Nacional de Educação (ENE). Foto: Samuel Tosta - 15/10/2014

A origem dos docentes era a mais variada possível. Estavam presentes representantes do ensino fundamental ao superior, das redes municipais às federais, das escolas campesinas às escolas prisionais. “Nossa intenção era não deixar esse dia passar em branco. O Andes-SN, através da sua Regional do Rio e seções sindicais, convidou várias unidades para participar do ato”, afirmou Elza Dely Macedo, 2ª Secretária da Regional Rio de Janeiro do Andes.

O papel do educador é central no fortalecimento das lutas pela educação. A 1ª vice-presidente da Adufrj-SSind, Luciana Boiteux, observou que a atual conjuntura demanda um resgate da função social dos professores. “É importante pensarmos qual o nosso papel neste momento. Nós precisamos não só trazer informações para nossos alunos, mas criar espaços de diálogo e intervir diante do discurso de ódio para que os alunos não o aceitem facilmente e que reajam a ele”, disse.

Dentre os desafios do momento, os professores destacaram o Plano Nacional de Educação. No projeto aprovado pela Câmara Federal em 2014, verbas destinadas ao ensino público poderão ser aplicadas em instituições privadas: “O PNE desvirtua a própria ideia de educação pública”, acrescentou Luciana.

Ataques virão logo no início do próximo governo

Diretora do Sepe-RJ, Dayse Oliveira fez um alerta: “A tarefa dos educadores é se unificar com os demais trabalhadores para poder preparar a luta. O FMI já deu orientação para fazer a reforma trabalhista. Logo, no início do próximo governo, os ataques virão”, completou.

O parlamentar eleito, Flávio Serafini, também esteve na praça. Ele, que é professor, criticou o problema estrutural da educação. “Esse é um país onde boa parte das crianças ainda está fora da escola e a escola pública ainda não tem a qualidade para, de fato, socializar o conhecimento produzido e garantir que os trabalhadores tenham suas vidas transformadas pela educação. Hoje, os profissionais de educação estão entre os que recebem os salários mais baixos, e isso, obviamente, não é por acaso. A luta é necessária”, lembrou Serafini, que assumirá o cargo de deputado estadual em 2015.

 

‘Realizadores de sonhos’

Meu filho de 13 anos chegou em casa outro dia contando um caso. 

14102022Professora Vanessa Berner. Foto: Marco Fernandes - 29/04/2014Ele disse que, na escola, conversavam sobre profissões e sua manifestação foi: “História, gosto de História” E os amigos não entenderam: “História? Como assim?! Tá maluco? Estamos falando de profissão.” E ele: “Então!” Os amigos: “Tipo... ser professor?” Ele: “Por que não? Pesquisar, escrever, dar aula... Não são coisas que pode fazer um historiador?” Segundo ele, os colegas ficaram horrorizados, espantados mesmo com sua proposta um tanto... exótica. E ele concluiu: “Minha sorte é que minha colega Luisa também quer ser professora de Matemática. Então não tive que explicar minha escolha sozinho.”

Pois ficam aqui meus sinceros parabéns a todos os meus colegas que fizeram essa escolha “exótica”! Porque, infelizmente, é preciso coragem para explicar esta opção. O que não deixa de ser estranho, até pelo fato de que, sem professores, nenhuma outra escolha seria possível. Felicitações aos bravos companheiros que todos os dias perseveram em uma profissão tão difícil, a única em que se é avaliado todos os dias, a profissão de que todos necessitam tanto, mas que é tão pouco valorizada... A profissão “primária”, aquela que dá aos outros profissionais a possibilidade de serem o que desejam ser. Porque, ao se escolher ser professor, é disto que se trata: de trabalhar para um mundo em que as realizações sejam viáveis, de lutar todos os dias para transformar a realidade social, de ajudar as pessoas a alcançarem o “bem viver”.

É o que somos, os professores: realizadores de sonhos...

Vanessa Berner - professora da FND

 

Atividade terminou em samba

O Dia Nacional em Defesa da Educação Pública foi engrossado pelos coletivos que organizaram o ato “Nós Não Esqueceremos”, também na Cinelândia. O objetivo era fazer uma referência a 15 de Outubro de 2013: naquela data, manifestantes favoráveis aos professores em greve (das redes estadual e municipal) foram agredidos e arbitrariamente presos. Além disso, um enorme aparato policial foi usado para destruir o movimento “Ocupa Câmara Rio”, montado na Cinelândia, em frente à Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

A história de uma professora do presídio de Gericinó, Mônica Brandão, dialoga com as duas manifestações que ocuparam a praça. Reconhecida pelas forças de repressão, ela foi afastada pela Diretoria Especial de Unidades Escolares Prisionais depois de participar ativamente das lutas em defesa da Aldeia Maracanã e das Jornadas de Junho. “Mas eu não me envergarei. É uma honra incomodar”, afirmou.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) também construiu a atividade junto dos professores: “Os sem terra participam do Fórum Estadual em Defesa da Escola Pública por acreditar que a educação é um dever do Estado e um direito de toda a população. No caso do campesinato brasileiro, nós tivemos mais de 30 mil escolas fechadas no meio rural, milhares de crianças perderam o direito de ir às aulas em sua comunidade. O professorado precisa ser valorizado, tanto na cidade quanto no campo”, defendeu Marina dos Santos, coordenadora nacional do MST.

Depois das falas dos docentes, o carro de som espalhou pela praça o samba da Comuna que Pariu, bloco de carnaval que homenageia a Comuna de Paris (em 1871), espécie de marco inaugural de toda militância de rua. O samba foi uma ode à resistência e às Jornadas de Junho. Antes, com o microfone aberto, dois moradores de rua que participavam do ato pediram palmas aos professores: “Hoje é o dia daquele que educa a gente, daquele que escolheu ganhar mal pra caramba”, brincou, ganhando aplausos. 

14102031Comuna que Pariu. Bloco de carnaval animou ato da Educação. Foto: Samuel Tosta - 15/10/2014

 
Professor do Museu Nacional critica governos
Antropólogo e professor do Museu Nacional da UFRJ, Eduardo Viveiros de Castro, presente à manifestação, chegou a questionar se o projeto clássico de Universidade não estaria chegando ao fim diante das seguidas investidas do capital. “Nós temos um dos piores sistemas educacionais do planeta e isso não é por acaso, não é por acidente. Existe uma falta de vontade de educar a população. Nós estamos todos unidos nessa função que é cada vez mais desprestigiada por um governo que entende a educação como um treinamento de força de trabalho, como domesticação do povo para que ele possa produzir, comprar e fazer a economia rodar bonitinha. Mas a função do educador não é essa, é fazer as pessoas pensarem. E pensar é ter autonomia para escolher, ter autonomia para julgar, ter a autonomia de decidir, ter a autonomia para poder se organizar”, analisou. 
 
 
‘Ele queria mudar o mundo’
Da Redação
Em março deste ano, um câncer ósseo pôs fim à vida de Washington Costa. Ele tinha 57 anos e exercia a presidência da Adcefet-RJ, seção sindical do Andes-SN, em mandato que se estenderia até 2015. Na quarta-feira 15, Dia do Professor, Washington foi homenageado na própria unidade do Cefet, no Maracanã. 

“Washington nos ensinou muito e nos ajudou a construir uma entidade sindical combativa e classista”, disse o professor Alberto Silva, que o sucedeu na direção da Adcefet, um dos organizadores da homenagem. Uma placa, que a partir de agora ficará fixada na sala da diretoria, com o nome do sindicalista, foi descerrada.  

Foi uma reunião para celebrar a vida intensa de Washington Costa. Estavam lá professores do Cefet, alunos, familiares e contemporâneos de luta. O movimento docente foi representado por Luis Acosta (Andes-SN), Sônia Lúcio (Aduff-SSind) e Luciano Coutinho (Adufrj-SSind).
Washington tornou-se professor de Mecânica Automotiva da unidade de Maria da Graça, do Cefet, depois de cursar o mestrado em Engenharia Mecânica na Uerj. O último capítulo de sua trajetória foi vivido nas salas de aula e nas lides do movimento docente. Teve participação atuante na organização da greve de 2012. Levou para o movimento toda a sua experiência, que não era pouca.

Operário eletricista, Washington Costa descobriu o socialismo nas lutas dos trabalhadores em estaleiros no Rio de Janeiro. Foi protagonista da ascensão do movimento sindical na década de 1980. Conquistou a presidência do então poderoso Sindicato dos Metalúrgicos do Rio, tirando a entidade de mãos pelegas. Integrou a executiva nacional e presidiu a CUT-RJ, quando esta central era sinônimo de independência e organização da classe trabalhadora. 

Curiosamente, voltou-se para a carreira acadêmica desencantado com os rumos do PT, que ajudou a criar, e da CUT, da qual também era fundador. 

Ao falar de Washington, Cyro Garcia, dirigente do PSTU, lembrou a época em que ele, Cyro, presidia o Sindicato dos Bancários do Rio, e Washington era líder dos metalúrgicos. Cyro Garcia se emocionou e interrompeu o discurso para conter o choro.

Outros depoimentos marcaram o encontro. Um  dos filhos (ele teve três), o caçula José Luiz, leu uma poesia escrita pelo pai. Ele revelou que uma das preocupações de Washington era que seus filhos não viessem a se orgulhar do que ele fazia. “Pai, eu me orgulho de tudo o que você fez”, disse. Muito emocionada, Naiara, a sobrinha de Washington, resumiu a trajetória do tio: “Ele queria mudar o mundo”.

14102033Homenagem. Imagens de Washington no telão na celebração à sua memória. Foto: Marco Fernandes - 15/10/20104

Enquanto isso, licitação vai buscar novo local para a Unidade

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Esgotou-se em 17 de outubro o prazo para que parte da Escola de Música saia de um prédio de propriedade da empresa Superpesa, na Lapa (conforme noticiado na edição anterior do Jornal da Adufrj). O imóvel, alugado pela universidade há 14 anos, fica próximo do prédio-sede da Unidade, na Rua do Passeio.

“Não houve decisão judicial”, explica Harley de Moura, assessor da Pró-Reitoria de Gestão e Governança (PR-6). Segundo ele, a UFRJ conta com proteção jurídica contra “denúncias vazias”. “Em se tratando de instituição pública como a nossa, de ensino, a legislação protege o patrimônio. Tudo depende, claro, da cabeça do juiz. Mas é muito difícil uma decisão em favor de despejo”, avaliou.

Harley informou, ainda, que a licitação para aluguel de um novo imóvel está sob avaliação da Procuradoria da UFRJ desde a semana do dia 6 de outubro. A previsão é que retorne à PR-6 até sexta-feira, 24. Segundo o assessor, a “chamada pública” para aluguel de um novo imóvel respeita a preocupação do diretor da unidade, André Cardoso, de manter um local nas imediações da Escola de Música. “Foi levado em conta o pedido do professor André para evitar custo extra com transporte para os estudantes”. O destino final (e o deslocamento) da comunidade da Música, contudo, continua indefinido.

A especificação prevê uma área entre 3,5 mil e 4 mil metros quadrados. “Além da estrutura que está alojada no prédio alugado, o novo contrato terá que contemplar a aparelhagem que está no prédio principal (da Rua do Passeio) e que terá de ser retirada para realização das obras na Escola de Música. Terá que abrigar os dois”. O edital fica aberto até que apareçam interessados que atendam às especificações, acrescentou.

Relembre o caso

A Superpesa realizou por mais de uma década (14 anos) uma permuta com a UFRJ. Em troca de uma área no Parque Tecnológico, a empresa alugou um imóvel na Lapa que passou a ser ocupado pela Escola de Música. A partir da decisão do Parque Tecnológico de não manter o aluguel na Cidade Universitária, a empresa resolveu pedir de volta a área no Centro da Cidade. 

De acordo com a Divisão de Patrimônio da PR-6, apesar da notificação do pedido de reintegração de posse movido pela Procuradoria da Universidade, a Superpesa também não se retirou do Parque Tecnológico.

14102041De saída da Lapa. Reitoria vai promover uma chamada pública para aluguel de outro imóvel. Foto: Elisa Monteiro - 07/10/2014

Geraldo Cidade diz que Reuni não deu certo na UFRJ, mas atribui seu afastamento a outros fatores

Ele admite, porém, o “problema acentuado de falta de pessoal”

Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

14102051Para Geraldo Cidade, a administração central nunca deixou de apoiá-lo em suas reivindicações. Foto: Silvana Sá - 06/10/2014O professor Geraldo Cidade, ex-diretor do polo Xerém, anunciou seu afastamento do cargo em uma assembleia comunitária local, realizada em 26 de setembro. Alguns dias depois, em entrevista ao Jornal da Adufrj, Geraldo alegou que os motivos, internos, não guardam relação com o Reuni (programa de reestruturação e expansão das universidades federais): “Eu tive que renunciar não por causa do Reuni, mas por todo um clima que foi criado. Os professores que são coordenadores e de direções adjuntas se sentiram também pressionados por não virem os problemas do polo serem solucionados. Eles então acharam melhor que eu fosse substituído”. 

O docente chegou a dizer que sofreu um “golpe”: “Inclusive, um dos funcionários, durante a assembleia (do dia 26), tomou a palavra e afirmou que houve um golpe. Uma reunião sem ata pede a minha saída... Eu me vi numa situação extremamente delicada. Xerém é um projeto bonito, é um projeto grandioso. Eu fico muito orgulhoso de ter feito parte, durante seis anos, dessa construção. Infelizmente, fui impedido de continuar”, disse.

Geraldo relatou que esse grupo de professores organizou uma reunião fechada, “muito pouco democrática”. “Os funcionários quiseram participar e foram retirados desse ambiente. Uma aluna também foi retirada. Não se criou um clima democrático, conforme a gente costuma operar aqui na universidade”. 

A falta de consulta ao corpo social criou, para o ex-diretor, uma situação irreversível: “Eu não tenho mais como, enquanto dirigente de uma instituição, comandar um grupo que não me ouve, ou mesmo, que não me traga propostas. Depositaram em mim o tempo todo essa missão de conseguir tudo”. 

“Não foi falta de apoio”

Geraldo Cidade observou que a administração central nunca deixou de apoiá-lo em suas reivindicações para melhorias no polo Xerém, mas reconheceu que o excesso de projetos e a falta de pessoal no quadro efetivo da universidade fez com que a UFRJ não desse conta das demandas. “Eu já não conseguia mais o retorno de antes, no atendimento de nossas reivindicações em Xerém. Há um problema acentuado de falta de pessoal. Eu não estou desamparado pela administração central. O que existe é uma quantidade enorme de coisas a serem feitas. Falta corpo técnico, falta gente para tocar os projetos”, destacou o ex-diretor.

Ele destacou que as críticas feitas ao Reuni dizem respeito à postura da UFRJ na época da implantação do programa: “A universidade não tinha como dar conta da quantidade de projetos envolvidos no Reuni. A gente amarga uma série de obras paradas, ainda não concluídas. E em Xerém estamos na ponta desse processo”. 

UFRJ não estava preparada

Geraldo ponderou que, no caso de Xerém, o problema foi acentuado por uma conjuntura desfavorável: “Quando o MEC lançou o Reuni, deveria ter havido uma reunião com todos os reitores para as universidades dizerem se tinham condições ou não de abraçar esse projeto. Na nossa universidade, o Reuni não deu muito certo. Está havendo um atraso muito grande na entrega dessas obras. No caso de Xerém, havia um acordo de que a infraestrutura (do polo) seria da Prefeitura de Duque de Caxias. Era uma época de transição de prefeitos da cidade e amargamos a morosidade dos processos”.

Apesar de ter pedido afastamento, o docente se coloca ainda à disposição para ajudar no projeto de adequação de alguns prédios da Petrobras às margens da rodovia Rio-Petrópolis (conforme noticiado no Jornal da Adufrj em abril deste ano, a UFRJ receberia estas instalações por meio de uma negociação com a prefeitura de Caxias). A mudança possibilitará que o polo se transforme em campus, com a instalação de dois novos cursos (Engenharia Física e Biofármacos). Embora, para o MEC, Xerém já seja considerado campus, mesmo com apenas três cursos (Biotecnologia, Nanotecnologia e Biofísica). “Eu não posso criar novos cursos sem autorização do CEG (Conselho de Ensino de Graduação). E o CEG condicionou os novos cursos à infraestrutura. Nós achamos que eles têm razão. Não é possível que recebamos turmas novas da forma que estamos organizados hoje”.

 

Coordenadora da Biofísica conta sua versão

A denúncia de uma suposta articulação golpista feita pelo ex-diretor Geraldo Cidade não condiz com o relato da professora Leandra Baptista, coordenadora do curso de Biofísica. Segundo ela, o que aconteceu foi uma série de encontros entre professores, sem caráter deliberativo: “Essas reuniões existiam porque nós queríamos conversar sobre os problemas do polo. Desde o ano passado, nós tentamos fazer com que a direção fosse mais presente e se posicionasse quanto aos problemas internos e de estrutura, mas nada era resolvido”, conta. 

Segundo a coordenadora, um mal-estar entre alunos e funcionários surgiu a partir de um convite feito por Geraldo ao Diretor da Divisão Acadêmica da Superintendência de Atividades Fora da Sede (SuperAFS), Paulo Vaccari Cavaco, para participar de uma dessas reuniões. “A partir daí, a reunião ganhou um caráter oficial, mas, na nossa cabeça, era só uma conversa. Nós pedimos que os alunos saíssem porque não estava se decidindo nada ali. Nossas decisões são todas tomadas em conselho deliberativo, o que não era o caso”, diz. A Assembleia que definiu a saída de Geraldo foi organizada pelos representantes da docência e pelos representantes dos alunos, “uma demanda da própria comunidade”, explica Leandra.

Apesar de estar com uma diretora em exercício (a vice, Raquel Moraes Soares, assumiu a função), a gestão atual, segundo Leandra, seria de caráter coletivo. “Os coordenadores dos cursos têm trabalhado junto à direção para atender às demandas do polo”, afirma. 

Os professores de Xerém esperam conversar com a reitoria nos próximos dias para resolver os procedimentos que conduzirão a nova eleição. (Filipe Galvão)

Professores daquela universidade estão com indicativo de greve a partir de 21 de outubro. Reitoria lançou pacote de medidas prejudiciais à categoria, que sofre com baixos salários e concursos em número insuficiente

Movimento busca visibilidade, na véspera do segundo turno das eleições

Samantha Su. Estagiária e Redação

14102072Paulo Alentejano, 2º vice-presidente da Asduerj. Foto: Comunicação Asduerj - 08/10/2014A Associação de Docentes da Uerj (Asduerj) está com indicativo de greve marcado para 21 de outubro, quando será realizada uma nova assembleia para condensar as demandas e determinar a paralisação. Desde 2001, a categoria não recebe reajuste salarial do governo e hoje passa pelo sucateamento do trabalho docente com a abertura de poucos concursos públicos e redução da carga horária de pesquisa e extensão. 

De acordo com o 2º vice-presidente da Asduerj, Paulo Roberto Alentejano, nem mesmo os recentes 150 concursos divulgados pela reitoria da Universidade solucionam o problema: “Temos um grande número de professores contratados aqui na Uerj em situação irregular, pois não estão cobrindo a vaga de afastados ou licenciados; estão cobrindo buracos e déficits da universidade. A Justiça diz que isso é ilegal, mas a reitoria não está abrindo concursos da forma como gostaríamos. Estimamos que o déficit seja de cerca de 400 vagas”.

Para tentar contornar a situação, a reitoria da Uerj lançou medidas internas que redistribuem a carga horária dos professores, diminuindo o tempo de dedicação à pesquisa. Para Assistentes e Auxiliares em regime de 40h, apenas dez horas poderão ser utilizadas para pesquisa. Já para os professores Adjuntos, Associados e Titulares com até 30h, somente oito horas serão permitidas. Na opinião da associação, isso fragiliza o tripé (ensino, pesquisa e extensão) necessário à qualidade das graduações. 

Outra reivindicação da categoria é a suspensão dos Atos Executivos 50 e 52 que regulam ainda mais a carga horária de professores que estão passando pelo período de estágio probatório: “Pedimos a revogação dos AEDAs 50 e 52 que regulamentam de forma ilegal o estágio probatório, obrigando o professor a dar 12 tempos na graduação. Isso é ilegal”, conta o 2º vice-presidente.

Alentejano ainda criticou a inércia da reitoria para cobrar os direitos da instituição: “Hoje, você tem 689 professores contratados (temporários), dando aula no lugar dos que deveriam ser efetivos, recebendo pouco por essas aulas e sem possibilidade de fazer pesquisa ou extensão. A universidade quer substituir esses professores contratados, em grande parte, por professores de 20h que vão ter que dar 12 horas em sala, ou seja, que também não vão poder se dedicar à pesquisa e à extensão. É uma maneira barata e sórdida de fazer o serviço que é de responsabilidade do governo do estado. É isso que a reitoria, aliada ao governo, faz”.

14102071Abertura de concursos teve destaque na assembleia (8) que indicou paralisação com nova reunião para dia 21. Greve está na pauta. Foto: Comunicação Asduerj - 08/10/2014

A dificuldade em suprir a demanda tem também como pano de fundo um orçamento estrangulado das universidades públicas estaduais. Por lei, 6% do orçamento do governo do Estado deveria ser destinado para as IES estaduais públicas. Porém, o dispositivo vem sendo desrespeitado sucessivamente pelos últimos governadores. Quando a Asduerj conseguiu que a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa colocasse na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) a porcentagem para o próximo ano, o atual governador e candidato à reeleição, Luiz Fernando Pezão, vetou. 

As demandas da universidade foram levadas para a campanha eleitoral deste ano, mas as respostas não foram satisfatórias. Por essa razão, o indicativo de greve também saiu antes da decisão nas urnas, como estratégia de pressão política para atendimento das pautas: “Na terça-feira (21), iremos decidir. Se nossas reivindicações não forem ouvidas, haverá paralisação”, finaliza o 2º vice-presidente da Associação.

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