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Somos Rosas em nossos quereres. Simones em nossas circunstâncias. E professoras brasileiras em nossos ofícios. Chegamos ao 8 de março de 2023 com esperança de um mundo menos desigual, mas ainda massacradas pela realidade. Sob qualquer ótica, não há dados confortáveis sobre temas de gênero neste perverso Brasil. Comecemos pela política, seara engravatada em que homens ainda prevalecem de forma esmagadora. Veja alguns dados coletados pela equipe de reportagem do Jornal da AdUFRJ e reunidos nas páginas 4 e 5 desta edição. Nas eleições de 2022, apenas 302 mulheres conseguiram se eleger nas esferas federal, estadual e distrital, enquanto 1.394 homens foram eleitos. Aqui cabe um parêntese alvissareiro. Na AdUFRJ, das últimas quatro gestões, três foram lideradas por mulheres – evoé Tatiana Roque, Maria Lúcia Werneck e Eleonora Ziller. A atual gestão é a exceção que confirma regra, mas vale a ressalva que, de sete diretores, cinco são mulheres.

Na economia, os números também são cruéis. Do total da força de trabalho no Brasil, 44% são compostos por mulheres. Elas, no entanto, são maioria entre os desempregados — 55,5%. Mulheres ganham em média 21% a menos do que os homens. No serviço doméstico, representam 91% e recebem 20% a menos que os 9% dos empregados homens nesse setor. Na Educação, o cenário é melhor, porém ainda sofrível: as mulheres representam 75% da força de trabalho, com salários em média 32% menores.

Mas o pior retrato é o que está manchado de sangue. Os dados de crimes contra a mulher são assombrosos. Apenas no primeiro semestre de 2022, uma mulher foi assassinada a cada seis horas no Brasil. No total, nesse período, 699 mulheres foram mortas em situação de violência doméstica.

Acreditamos que o conhecimento é uma das armas essenciais para combater essas tragédias nada particulares que resvalam da política ao quarto de dormir. A UFRJ é um bom exemplo de que a Educação muda o mundo. Hoje, graças à luta e à lida de professoras feministas que se desdobram para combater as várias formas de machismo, temos dados animadores. Aqui somos 1.919 professoras de um total de 4.046 docentes, ou 47,4% do total. Dos 132 programas de pós-graduação, 60 são coordenados por mulheres. O percentual é de 45%. As mulheres ocupam 43,1% dos cargos de direção na universidade. Ainda é pouco, mas já podemos dizer que Rosas e Simones estão florescendo em nossos campi.

No final da tarde do dia 7 de março, a Secretaria de Gestão de Pessoas e Relação de Trabalho enviou às entidades que representam os servidores públicos federais a data da próxima reunião de negociação salarial. Será na sexta-feira, dia 10, a partir das 14h30. Os servidores esperam que o governo apresente a nova contraproposta de reajuste salarial, acima dos 7,8% sugeridos em 16 de fevereiro. Os fóruns que representam os servidores federais sustentam outras duas propostas: 26,94%, que correspondem às perdas da inflação na gestão Bolsonaro, e 13,5%, defendidos pelos servidores das carreiras típicas de Estado em resposta aos 7,8%.

“Imaginamos que deva ser algo entre esses dois índices, mas sabemos que não teremos tanto espaço para esta negociação emergencial”, avalia o representante do Fonasefe – fórum que reúne o Andes e outros sindicatos da Educação e da Saúde –, David Lobão. “Nosso foco principal deve ser a campanha salarial de 2024, que vamos começar logo após encerradas as negociações atuais”.

Para tirar dúvidas sobre os novos planos de saúde oferecidos pela UFRJ em parceria com a Qualicorp, a AdUFRJ realiza plantões de atendimento todas as terças, das 13h30 às 17h30. O corretor Luiz Alberto explica valores, cobertura, possibilidade de adesão de dependentes, portabilidade e carência dos planos. Professores da universidade de todas as idades podem aderir. Agende o atendimento pelo WhatsApp: (21) 99358-2477

Professores assistentes e adjuntos (da carreira do magistério superior) e DI, DII e DIII (da carreira do ensino básico, técnico e tecnológico) que se filiarem à AdUFRJ terão isenção nas mensalidades pelos próximos dois anos. A medida busca minimizar o impacto nos salários dos jovens professores que são os que mais sofrem com a defasagem provocada pela inflação. Já são 41 docentes sindicalizados nesta condição especial. Escola de Química, Instituto de Bioquímica e Instituto de Ciências Biomédicas são as unidades com mais associados. Além da isenção, os professores terão acesso à assessoria jurídica e à rede de estabelecimentos conveniados à AdUFRJ. Os interessados podem entrar em contato pelo telefone (21) 99644-5471.

"Em 2019 o Observatório do Conhecimento esteve aqui no MEC e não pôde nem entrar”. A frase da vice-presidente da AdUFRJ Mayra Goulart, coordenadora do Observatório, mostra como mudou a política com o fim do governo Bolsonaro. Com a mudança na administração federal, representantes do Observatório foram recebidos pela secretária de Educação Superior do MEC, Denise Pires de Carvalho, dando sinais de que, com um governo aberto ao diálogo, a rede terá mais oportunidades de colaborar com políticas que fortaleçam a educação superior e a Ciência. O encontro aconteceu na quarta-feira (1º) e fez parte da agenda de atividades da rede junto ao Executivo e ao Legislativo na semana passada.

Na reunião, a secretária e os representantes do Observatório trataram dos desafios e das perspectivas para o ensino superior. As bolsas de permanência para os estudantes foi um dos temas discutidos no encontro. Denise sugeriu que o Observatório faça um estudo para que seja possível pensar um sistema universal de bolsas de assistência e permanência para todas as universidades federais, mas com critérios que considerem as discrepâncias em termos de custo de vida em cada uma das localidades. Para Mayra, é positivo que o assunto tenha aparecido na discussão. “Para nós do Observatório é importante que essas bolsas de permanência considerem as interseccionalidades das desigualdades entre raça e gênero, mas também as questões relativas ao cuidado e à maternidade”, acrescentou.

Também entrou na conversa a necessidade da volta do investimento. Segundo Denise, há no MEC o projeto de retomar as obras paradas em instituições de ensino superior. Outro assunto tratado foi a escolha para reitor. De acordo com Denise, o governo estuda uma mudança na lei atual que dê autonomia para que cada universidade decida como vai ser o seu processo de escolha, e que o presidente nomeie quem a universidade escolheu, preservando assim a autonomia da instituição.

“Foi uma reunião muito profícua. A secretária abraçou o Observatório, ouviu nossas reivindicações e a gente se disponibilizou a atuar junto com ela para reconstruir o país a partir da educação”, avaliou Mayra. Para a professora, a ida do Observatório a Brasília foi positiva, sobretudo na nova conjuntura, na qual a rede quer aumentar o diálogo com o Legislativo, e construir uma relação com o Executivo, de maneira a construir políticas públicas melhores para a Educação e a Ciência. “O Observatório tem a legitimidade de quem atua na área da educação superior e Pesquisa para fazer essa ponte. E também é um ator capaz de produzir pesquisas que respaldem ou que respondam perguntas que os operadores políticos do Executivo e do Legislativo precisam”, explicou.

Na véspera, o Observatório foi recebido pelo presidente do CNPq, Ricardo Galvão, que começou a conversa contando ter tido acesso ao material produzido pela rede durante a transição de governo. Galvão explicou também que um dos principais trabalhos da equipe de transição foi fazer um diagnóstico da situação e planejar as ações dos cem primeiros dias de conversa.

A professora Monica Stival, da Universidade Federal de São Carlos, representante da ADUFSCar no Observatório, avaliou como bastante positiva a reunião. “Achei muito importante ele já ter tido contato com material produzido pelo Observatório, mostra que estamos em um lugar de destaque nessa interlocução pela reconstrução da Pesquisa e da educação superior”, disse. “Conversamos por aproximadamente duas horas, e debatemos os desafios da Ciência e Tecnologia, falamos da importância da recomposição do Orçamento do Conhecimento e de programas que vão reconstruir a Ciência, a Tecnologia e a educação superior no país”, contou Monica.

Galvão também ouviu a proposta de estudo que o Observatório está desenvolvendo sobre as pesquisas que não puderam ser realizadas ou tiveram que ser interrompidas por causa dos cortes orçamentários nos últimos anos. “Ele achou muito interessante a pesquisa e disse que quer ver os resultados”, contou a professora Monica. Galvão também disse que vai colocar os dados do CNPq à disposição para a pesquisa.

Os representantes do Observatório também foram recebidos pela deputada federal Ana Pimentel (PT-MG). A conversa foi sobre pontos importantes para as universidades públicas, como a retomada de obras nos campi e políticas de assistência estudantil que garantam a permanência dos estudantes nas universidades, especialmente os cotistas. A deputada também informou que vai atuar na Frente Parlamentar Mista da Educação, que ela considera um ponto estratégico na luta pela universidade pública.

“Fico muito feliz de firmar a continuidade dessa parceria com o Observatório do Conhecimento, porque sei da importância das ações e atividades desenvolvidas pela rede e que servem como ferramenta de mobilização para a construção da universidade que queremos”, comentou a deputada Ana Pimentel. “A sociedade também ganha quando um grupo de tamanha qualidade técnica se une ao Parlamento para nos fornecer informações que podem ampliar a nossa luta e a elaboração das políticas educacionais que serão prioridade nesse novo país que estamos construindo, no qual as universidades, a Ciência e a Tecnologia precisam ter papel estratégico e definidor de horizontes”, avaliou a parlamentar.

No Congresso, o Observatório também foi recebido por parlamentares como Carlos Veras (PT-PE), Chico Alencar (PSOL-RJ), Tábata Amaral (PSB-SP) e Célia Xakriabá (PSOL-MG), signatários do Pacto pelo Conhecimento. Os deputados ouviram com interesse a pauta do Observatório, e Célia Xakriabá sugeriu que a rede faça um levantamento detalhado da situação dos estudantes indígenas. A parlamentar propôs ao MEC a criação de uma universidade indígena, e defende outras pautas, como a criação de mecanismos de combate à discriminação aos indígenas no meio acadêmico e valorização do saber indígena na academia.

Pela manhã, representantes do Observatório participaram de um café da manhã com os parlamentares que apoiam o Fórum Nacional Popular de Educação (FNPE). Na manhã de quinta-feira (2), o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), fez uma fala de conjuntura na reunião do Observatório.

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