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Alegria, sororidade, colo materno, resiliência e luta foram alguns dos ingredientes da marcha de mulheres no dia 8 de Março. A Candelária foi o local da concentração do ato, que seguiu em passeata para a Cinelândia. A AdUFRJ estava presente com o já tradicional bandeirão de 10 metros de comprimento. A felicidade de ver tantas reunidas, contrastava com a dureza das pautas levantadas.

Pelo direito de ir e vir sem ser morta. Esse era o pedido de socorro que vinha de um grupo de mulheres imigrantes. A professora Joana Pardo, da Faculdade de Letras, estava entre elas. Colombiana, a jovem docente trazia um cartaz em homenagem a Julieta Hernández, artista venezuelana assassinada em dezembro passado, enquanto fazia uma viagem de bicicleta pelo Brasil. No Amazonas, sua rota para chegar até a Venezuela, Julieta foi roubada, estuprada e teve o corpo queimado antes de ser morta no interior do estado. “As migrantes sofrem uma extrema violência social e isto não é uma coisa exclusiva do Brasil. Precisamos de segurança”, disse.

Catalina Revollo Pado, professora visitante do Instituto de Psicologia, é liderança da Associação de Refugiadas, Imigrantes e Apátridas no Rio de Janeiro. “A insegurança é uma questão infelizmente comum a todas as mulheres que deixam seus países para viver em outros lugares”, lamentou. Contratada este ano pela universidade, ela estava emocionada. “Há dez anos, estava fazendo performance de dança latino-americana neste mesmo local. Agora volto como professora da UFRJ”.

Esse ano, a ala das mães com suas crianças estava ainda mais cheia e colorida. “Assim como outras mulheres lutaram para a gente estar aqui, eu hoje estou lutando para que a minha filha tenha mais direitos. Para que viva num país com menos violência e num mundo melhor”, disse Luciana Sousa, mãe da pequena Yara, de sete meses.

Do Colégio de Aplicação, a professora Maria Coelho faria em poucos instantes uma apresentação cultural com o grupo de maracatu Baque Mulher. “É urgente a gente voltar a ocupar as ruas. A luta das mulheres envolve o nosso corpo, envolve o direito à existência”, afirmou. “O fundamentalismo religioso prega a política de morte. Estamos aqui para reafirmar a vida”.

O direito ao aborto seguro também era pauta central do ato. “Somos um grupo feminista de cinco décadas de luta”, contou a professora Lena Lavinas, do Instituto de Economia. Ela carregava uma faixa com a inscrição: “Vovós pelo direito ao aborto”. “Estamos sempre na rua e sempre tentando desinterditar o debate sobre o aborto. Seja um governo de direita ou de esquerda, esse tema sempre é interditado. Não pode prevalecer uma visão conservadora sobre um direito das mulheres que é fundamental”, criticou.

A vereadora Marielle Franco, assassinada há seis anos, também foi lembrada em faixas e cartazes. Outras tantas inscrições lembravam o horror da guerra e pediam “Palestina Livre”. Mais de 25 mil mulheres e crianças morreram desde o início do confronto entre Israel e o Hamas. Elas são as principais vítimas do genocídio e correspondem a 70% dos mortos em Gaza.

Fotos de Fernando Souza

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