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WhatsApp Image 2023 06 22 at 20.25.49 3Fotos: Francisco ProcópioPor Francisco Procópio

A confeiteira angolana Anica Martins fugiu de sua terra natal para o Brasil com medo de que a guerra civil, que há décadas assola o país africano, voltasse a se aproximar das cercanias da capital Luanda, onde morava. No Rio de Janeiro, cidade onde se abrigou, Anica conseguiu reconstruir sua vida. Na terça-feira (20), a confeiteira angolana era uma das mais animadas na Feira da União, evento que celebrou o Dia Mundial do Refugiado, no campus da Praia Vermelha. “Eu quero fazer uma faculdade de Gastronomia, para poder fechar o círculo que começou com a formação no Ensino Médio, graças ao programa Educação Para Jovens e Adultos (EJA). Vossa pátria me acolheu com muito carinho e me deu oportunidades”, disse Anica (foto abaixo), emocionada.
O campus da Praia Vermelha ganhou cores e sotaques do mundo inteiro na Feira da União. Refugiados de vários países, sobretudo da América do Sul e da África, expuseram sua cultura em 20 barraquinhas montadas em frente ao Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE). Além de comidas típicas e apresentações artísticas de canto, dança e circenses, os expositores puderam mostrar criações de moda e artesanato de seus países: Angola, Argentina, Colômbia, Congo, Equador, Senegal, Síria, Uruguai e Venezuela. A feira foi organizada pelo Centro de Atendimento aos Refugiados, em parceria com a Minerva Consultoria, empresa júnior da UFRJ.
Alguns refugiados relataram dificuldades. Mili Yanez, que veio para o Brasil em decorrência da crise econômica na Venezuela, produz peças de artesanato para sobreviver e mora em uma ocupação no Centro do Rio. “No início sofri xenofobia, racismo. Mas agora estou bem. Ainda há pessoas que não gostam da gente, mas não se pode agradar todo mundo”, relatou Mili. As peças da venezuelana encantaram a estudante Beatriz Amat, aluna do curso de Jornalismo. “Foi muito legal ver pessoas de outros países expondo um pouco da sua cultura. É muito interessante ter contato com os refugiados que chegam ao Brasil. Espero que tenha uma próxima”, contou Beatriz.WhatsApp Image 2023 06 22 at 20.27.14 4
Assistente social no Centro de Acolhimento São Vicente de Paulo, projeto que conta com mais de 1.500 famílias refugiadas registradas, Samara Franco elogiou a iniciativa. “É a oportunidade de ter uma vitrine para uma reflexão sobre o tema dos refugiados e para gerar esse intercâmbio cultural”, destacou Samara, que trabalha com estudantes voluntários no atendimento aos refugiados. Um desses voluntários é Gabriel De Lannoy, presidente da Minerva Consultoria: “A realização dessa feira foi muito positiva para a universidade, porque demonstra que seus alunos são capazes de realizar eventos muito importantes, jogando luz sobre questões sociais muito importantes como o tratamento dos refugiados”, avaliou Gabriel.
De acordo com o relatório “Tendências Globais sobre Deslocamento Forçado 2022”, da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), o número de pessoas deslocadas por guerra, perseguição, violência e violação de direitos humanos chegou a 108,4 milhões — 19,1 milhões a mais em relação ao ano anterior. Segundo a agência, a trajetória de deslocamentos se acentuou em 2023, sobretudo com a eclosão de um novo conflito no Sudão, elevando o total global para 110 milhões de pessoas até maio.

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