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WhatsApp Image 2023 02 16 at 20.37.42 3Divulgação/Imperatriz LeopoldinenseIgor Vieira

A UFRJ estará muito bem representada na Marquês de Sapucaí. Maria Mariá, aluna da Escola de Comunicação, é a rainha de bateria da Imperatriz Leopoldinense. Entre um ensaio e outro, a jovem falou ao Jornal da AdUFRJ sobre a rotina que concilia o curso na universidade com o carnaval. Moradora do Complexo do Alemão e cotista, a estudante elogiou as políticas afirmativas. “Vale a pena estar na UFRJ, e vale a pena ocupar esse espaço pelos nossos”, diz. Mariá, de 20 anos, teve dificuldades para assistir às aulas na pandemia, mas hoje transita entre a escola de samba e a Escola de Comunicação com o desembaraço e a simpatia de uma rainha. Confira a seguir.

Jornal da AdUFRJ: Quando você ingressou na UFRJ?
Maria Mariá:
Entrei em 2021.1 para Serviço Social. Depois fui para Comunicação Social, em 2021.2, e coloquei como primeira opção Rádio e TV e, em segundo lugar, Publicidade e Propaganda. Estou com uma expectativa a mil, esperando para ver como vai ser, porque estou no quarto semestre, exatamente na hora de escolher uma habilitação.

Como foi enfrentar o ensino remoto?
Muito difícil. Eu estava entrando na faculdade. Havia vários obstáculos, incertezas. Além disso, existia uma doença que ninguém sabia como funcionava. As pessoas estavam falecendo aos montes. Eu pensava: “Estou aqui estudando, realizando meus sonhos, mas por que estou estudando? São milhares de pessoas morrendo”. Minha cabeça ficou uma loucura.
Fora os contratempos. Minha internet caía frequentemente, no meio da aula, eu tinha medo de que os professores não acreditassem que caía tanto. Eu também não tinha um computador bom. Assisti a muitas aulas pelo celular. Por isso, tive muita dificuldade para fazer os trabalhos.

Agora o curso está em recesso, mas como foi conciliar os compromissos como rainha e os estudos, ano passado?WhatsApp Image 2023 02 16 at 20.35.06Arquivo pessoal
O recesso nesse momento está sendo incrível. Quanto mais perto do carnaval, mais ensaios, onde temos que dar nosso melhor. Tudo se intensifica. Eu moro em Ramos, longe da Urca. São muitas coisas para fazer ao mesmo tempo. Tenho que conciliar ensaios com as aulas e meu estágio, tudo isso pegando transporte público.

Para você, ser estudante da UFRJ mostra a transformação do perfil do alunado da universidade nos últimos anos? Qual sua opinião sobre as cotas?
Considero a Lei de Cotas muito importante. Fiz um trabalho de antropologia e linguagem visual sobre isso, falando que nós não nos sentimos pertencentes à UFRJ. Quando o cotista está ali, ele recebe muitos olhares tortos, é descredibilizado, e não consegue entender bem por que só tem ele e mais seis pessoas pretas na turma, que tentam ao máximo se enquadrar. Eu saio de Ramos para chegar à Praia Vermelha, na Urca, e já é muito demorado, imagina quem vem da Baixada? É um sacrifício para chegar. A logística não funciona, pegamos trânsito, transporte lotado, assaltos.
Mas também acredito que a Lei de Cotas foi uma luta e conquista gigantesca, então temos que ocupar o espaço: pessoas pretas, indígenas, quilombolas. Até agora eu só tive dois professores pretos. Acredito que não temos apenas que ocupar o espaço, mas também modificá-lo para que também seja bom para nós, até porque quem não quer estar ali? É uma escola de renome.

Fale um pouco da sua fantasia e sobre o desfile da Imperatriz.
A minha fantasia está belíssima, leve e confortável. O desfile será incrível. Será ótimo falar sobre Lampião, sobre o Nordeste alegre e diverso, plural em cultura, extensão e diversidade. O enredo é potente ao falar dessa região depois de um tempo tão difícil que passamos agora, após as eleições, com muita gente xenófoba querendo tirar a grandiosidade do Nordeste.

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