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WhatsApp Image 2023 02 16 at 20.37.41O Congresso do Andes manteve a tradição. Foram cinco dias de maratona política, com longos e variados debates teóricos e poucos encaminhamentos práticos. Realizado no belíssimo campus da Universidade Federal do Acre, o encontro reuniu 648 participantes, custou mais de R$ 790 mil e discutiu 76 textos de resolução. Em matéria de decisões, os dados foram menos robustos. As principais medidas aprovadas foram a ruptura com a central sindical Conlutas, a realização de campanha pela revogação das intervenções nas reitorias, a inscrição de quatro chapas para a sucessão da diretoria do Andes e a reivindicação de 27% de reajuste salarial para a categoria.
O Andes não obtém sucesso em negociações com o governo há mais de nove anos. O Congresso de Rio Branco decidiu que o sindicato nacional participe da Mesa de Negociação Permanente dos fóruns nacionais de servidores federais com o governo Lula, aberta no dia 7. “Esse processo inicial é muito positivo porque passamos um bom tempo sem qualquer diálogo, sem qualquer processo de negociação. É fundamental que as categorias do Serviço Público permaneçam mobilizadas”, afirmou a professora Rivânia Moura, presidente do Andes.
Realizado no coração da Amazônia e acolhido por uma população valente que mistura a força indígena com a coragem de personagens como Chico Mendes, o congresso teve apresentações culturais, manifestações antirracistas, condenou o massacre dos ianomâmis e aprovou ajuda financeira às aldeias castigadas pela fome, pelo garimpo e pelo descaso na gestão Bolsonaro.
“Conseguimos R$ 200 mil do Congresso, com o apoio de todo o plenário. Não é só o dinheiro. É a visibilidade. Precisamos denunciar mais e mais o que está acontecendo na Amazônia”, resumiu Gisele Cardoso Costa, paulista que, há três anos, trocou a Paulicéia pela docência na Universidade Federal do Amazonas.WhatsApp Image 2023 02 16 at 20.30.49 1
Apesar de ocupar pouco espaço na programação do congresso, o contato com a temática indígena encantou os participantes. Caso da professora Nedir do Espirito Santo, diretora da AdUFRJ e docente do Instituto de Matemática da UFRJ. “O que achei mais interessante no congresso foi o contato com a realidade de outras associações de docentes do país, particularmente da luta dos professores da Amazônia em defesa dos ianomâmis”, avaliou Nedir. “Mas, no geral, acho que a metodologia do congresso deixou a desejar”.
O método do congresso se resume a dois tipos de debate. Grupos de discussões nos primeiros dois dias e plenárias nos outros três. São 15 grupos, com uma média de 30 delegados, além de representantes da diretoria do sindicato nacional. As discussões são baseadas em textos de apoio e nos chamados TRs, textos de resolução, apresentados previamente pelos delegados. Os temas são amplos e o sistema de trabalho, bastante polêmico. Segundo o regimento do evento, todos os TRs com mais de 30% de aprovação em pelo menos um grupo são rediscutidos na plenária. O argumento dos organizadores é que isso democratiza a discussão.
A diretoria da AdUFRJ condena enfaticamente o método. “É pouco eficiente e exaustivo. Na primeira manhã, tínhamos que analisar dez TRs e só conseguimos avaliar dois”, lamentou o professor João Torres, presidente da AdUFRJ. “É idiótico, no sentido de uma fuga do debate propriamente público, sobre aquilo que de fato está em jogo”, avaliou Mayra Goulart, vice-presidente da AdUFRJ. “É uma metodologia que, embora se reivindique como democrática, resulta em um afastamento das dinâmicas decisórias”, disse Mayra. “Acho um método bizantino, voltado para o próprio umbigo e pouco focado em melhorar a vida concreta dos docentes”, resumiu Torres. “Meu grupo, por exemplo, discutiu longamente a proposta de estatização de toda a educação brasileira. Isso é irreal, completamente”.
A diretoria do Andes alega que o método é definido pelo próprio congresso e defende que é a melhor forma de respeitar a base. “Nós discordamos. Acho que as discussões são cansativas e descoladas do potencial protagonismo que o Andes já teve no passado e que hoje precisa recuperar”, analisou Eleonora Ziller, ex-presidente da AdUFRJ, uma das últimas a sair da esvaziada plenária final, na madrugada de domingo para segunda, quando menos de 20% dos congressistas resistiam no auditório. “Que os ventos do Ceará, local do próximo Congresso, sejam melhores”, disse a professora.

CONGRESSO DECIDE: ANDES SE DESFILIARÁ DA CSP-CONLUTAS

WhatsApp Image 2023 02 16 at 20.30.49Por 262 a 127 votos, o Andes se desfiliará da CSP-Conlutas. Professoras e professores de todo o país decidiram pela saída da central sindical no quinto e último dia do Congresso do Andes, em Rio Branco, confirmando indicação feita no 14º Conad Extraordinário da entidade.
A diferença foi de 135 votos. Mais do que os votos favoráveis à permanência. Houve, ainda, sete abstenções. A diretoria da AdUFRJ votou pela desfiliação.
O sindicato estava filiado à CSP-Conlutas desde 2007.

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