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vac abr1602231948Foto: Valter Campanato: Agência BrasilO presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta quinta-feira, dia 16, um reajuste de 40% e 41% na bolsas de mestrado e doutorado, respectivamente. A partir de março, os pós-graduandos vinculados à Capes e ao CNPq já receberão o valor corrigido. As bolsas de mestrado passarão de R$ 1.500 para R$ 2.100 e as de doutorado, de R$ 2.200 para R$ 3.100. Os valores estavam congelados há dez anos. A defasagem era de 75%.
O anúncio aconteceu no Palácio do Planalto. Além do presidente Lula, os ministros da Educação, Camilo Santana, e da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, participaram da cerimônia. Santana estava acompanhado da secretária de Educação Superior e ex-reitora da UFRJ, professora Denise Pires de Carvalho.
Durante a cerimônia, Lula ressaltou a “herança maldita” dos últimos governos. “Há sete anos, não se aumenta a merenda escolar no país. Há dez anos, não há reajuste de bolsas. Um país que foi semidestruído na área de cultura, de educação, de ciência. Além de reconstruir o que foi destruído, precisaremos criar coisas novas”, disse. Ele avisou que começará ainda em 2023 uma viagem por todo o país para recuperar institutos federais sucateados nos últimos anos.
Vinícius Santos Soares, doutorando da UFRJ e presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), fez parte da solenidade. Ele contou que é o primeiro da família a entrar na universidade e será o primeiro a receber o título de doutor. “Esse reajuste vai ajudar que pós-graduandos e pesquisadores criem melhores condições para avançar nas fronteiras do conhecimento e devolver a dignidade aos brasileiros”, afirmou.
Thaís Bernardes, da União Nacional dos Estudantes, também comemorou o reajuste. “Esse é um momento muito emocionante para nós. É fruto da luta dos movimentos sociais e dos estudantes. É uma vitória do povo brasileiro”.
Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos citou a importância da construção do pensamento científico nas universidades. “Repercute positivamente mesmo entre aqueles jovens que não escolhem a carreira científica”, destacou. A ministra informou que, ao longo deste ano, haverá o investimento de R$ 150 milhões em editais de fomento para o CNPq.
O ministro Camilo Santana aproveitou para anunciar a ampliação em 26% das bolsas vinculadas à Capes e à SESu. “Um acréscimo de R$ 2,4 bilhões para essas bolsas”, destacou. Ele antecipou o anúncio de um programa voltado para finalizar obras inacabadas, de creches a universidades em todo o país.

NEGOCIAÇÃO CONTINUA
A ANPG celebra o reajuste, mas garante que as negociações não estão encerradas. “Sem dúvida, esta é uma grande conquista, mas o nosso pleito é acabar com a defasagem inflacionária dos últimos dez anos”, afirmou Natália Trindade, dirigente da ANPG e da APG-UFRJ. “Compreendemos os problemas gerados pelo teto de gastos, mas temos uma contraproposta, que é a criação de um grupo de trabalho para alcançar, ainda neste governo, essa recomposição de 75% mais o ganho real nas bolsas”, aponta Natália, que é doutoranda da Faculdade Nacional de Direito. “Apresentamos os fenômenos da fuga de cérebros e evasão de talentos como consequências da defasagem nas bolsas. Nos preocupa sobretudo essa evasão. São pessoas que têm aptidão para a pesquisa, mas não conseguem finalizar o curso porque precisam sobreviver”, lamentou Natália.

Atuação em Brasília
Desde o ano passado, a AdUFRJ e o Observatório do Conhecimento intensificaram a campanha pelo reajuste das bolsas, ao lado da ANPG e da APG-UFRJ. Foram realizados diversos encontros com parlamentares em Brasília. A última reunião ocorreu em 8 de dezembro.
Já durante o governo de transição, o Observatório e ANPG apresentaram estudos de impacto para o reajuste das bolsas. “Acredito que ter nas mãos essas informações qualificadas contribuíram para que o presidente Lula enxergasse essa pauta como uma das prioridades para os cem primeiros dias de governo”, avaliou Natália Trindade.
Vice-presidente da AdUFRJ e coordenadora do Observatório do Conhecimento, a professora Mayra Goulart destacou a importância do movimento de advocacy em defesa do reajuste das bolsas e de outros temas de interesse dos professores. “É fundamental esse movimento de contato constante, de estreitamento das relações com parlamentares, para sensibilizá-los sobre pautas de interesse dos docentes”, afirma.

Outros reajustes
Além das bolsas de pós-graduação, também foram reajustadas bolsas de pós-doutorado, de iniciação científica para alunos do ensino médio e de auxílio permanência para estudantes de baixa renda.
No caso das bolsas de pós-doc, o aumento é de 25%. Alunos de iniciação científica no ensino médio também vão se beneficiar. O valor da bolsa terá um reajuste de 200%. Já a bolsa de IC para alunos de graduação foi reajustada em 75%.
Outro benefício reajustado é a bolsa voltada à formação de professores da educação básica, entre 40% e 75%.
A Bolsa Permanência, uma das principais políticas de assistência estudantil, terá o primeiro reajuste desde que foi criada, em 2013. O reajuste varia entre 55% e 75%.
Os aumentos contemplam mais de 250 mil estudantes do ensino médio à pós-graduação.

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