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WhatsApp Image 2022 12 02 at 18.57.40 6Foto: Júlia FernandesJúlia Fernandes

“Antes de se internacionalizar, é preciso que o ensino superior se nacionalize”. O professor Naomar Almeida, do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, defendeu a ideia em conferência realizada no Fórum de Ciência e Cultura, no dia 29. “É um desafio, porque, além de resgatar vínculos e laços com a sociedade real do Brasil, ela ainda precisa se reconstruir para conseguir sobreviver”. Uma clara referência ao projeto destruidor do governo Bolsonaro.
No debate do Fórum, a proposta era pensar um projeto progressista para a educação em contraponto ao que ocorreu nos últimos quatro anos. E, neste aspecto, o docente da USP não aliviou em relação ao papel das universidades. Para Naomar, as instituições devem ser mais ágeis no diálogo com a população. “A universidade precisa se movimentar, se abrir”, afirma. Naomar cobra propostas que superem os muros das instituições. “Erradicar o analfabetismo com os recursos que temos deveria ser o projeto de extensão número um de todas as universidades”, diz.
A necessidade de as instituições superiores de educação se movimentarem também foi enfatizada por Maria Fernanda Elbert, professora de Matemática da UFRJ. Mas não só para fora. Para atacar altas taxas de evasão, a docente defende que a universidade precisa entender melhor seu próprio aluno, que deve se sentir acolhido e integrado. “O quanto esse estudante se sente confortável no espaço estudantil está diretamente ligado ao tempo de permanência dele na universidade”, diz Maria Fernanda, titular da Cátedra Universidade do Futuro do Colégio Brasileiro de Altos Estudos (CBAE).
Mas nada disso, claro, pode acontecer sem o professor. Que precisa ser valorizado, segundo Carmen Teresa Gabriel, coordenadora do comitê permanente do Complexo de Professores da UFRJ. “É preciso reconhecer o protagonismo do professor neste processo. Principalmente o de educação básica. Ele tem voz, mas precisa ter mais força”, diz.
Em paralelo, é necessário integrar todas as esferas de ensino. “É nas incompletudes entre escola e ensino superior que vamos conseguir resolver os problemas, e não na articulação deles enquanto agentes separados”, conta Teresa, que é titular da Cátedra de Formação de Professores, do CBAE.

ESPERANÇA
Hoje, ao menos, a universidade experimenta mais diversidade, e enriquece o ensino, a pesquisa e a extensão com essa mudança de perfil do alunado. Só que é preciso avançar. “Temos uma universidade mais diversa se comparar com o passado, mas ainda não está bom. O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo”, afirma a reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho, que coordenou a mesa.
De olho no próximo governo, a reitora aguarda mudanças que podem aperfeiçoar o sistema de educação. Denise enfatiza a urgência de recomposição do orçamento. As verbas da UFRJ correspondem à metade do que já foram em 2015. “E nós temos 30 mil alunos a mais do que há sete anos”, conta.
Outra proposta é acabar com a lista tríplice para reitor das universidades. “É ruim a interferência direta do governo nas instituições de Estado. As universidades não são ideológicas e, sim, espaços da pluralidade de ideias e da diversidade de pensamentos”, afirma.

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