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A Capes aprovou, na última semana, os nomes indicados pela comunidade científica para recompor a coordenação de cinco áreas da Avaliação Quadrienal 2017-2020. Entre novembro e dezembro do ano passado, 138 cientistas haviam renunciado às funções de avaliadores em protesto contra a política da agência de fomento.
Assumiram os postos os docentes Carlos Henrique Monken (Astrofísica/Física), da UFMG; Gherhardt Ribatski (Engenharias III), da USP; Lucia Albuquerque (Zootecnia e Recursos Pesqueiros), da Federal do Sudoeste da Bahia; Nancy Garcia (Matemática/Probabilidade e Estatística), da Unicamp; e Thiago Paixão (Química), da USP. Integrantes da comunidade científica concordam que os pesquisadores nomeados são autoridades em suas áreas, mas ainda há muitas dúvidas quanto aos rumos da Quadrienal.
“O clima ainda é de insegurança, incerteza e imprevisibilidade”, afirma a professora Denise Freire, pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da UFRJ. “A chamada dessas pessoas que a comunidade científica aprovou é um bálsamo no meio dessa confusão, mas ainda estamos no meio da tempestade”, completa.
“Foram escolhidas pessoas de nível altíssimo, histórico de trabalho e história com a Ciência, que realmente têm perfil para o cargo. Então, foi um avanço”, reconhece Denise. “O maior problema é a gente não saber como vai ser o final da ‘novela’. Ainda não se resolveu o problema jurídico e até agora estamos em stand by. Vai ter avaliação, mas a gente não sabe como vai aplicar, por exemplo”, justifica a pró-reitora, em referência à decisão da Justiça Federal que liberou os procedimentos de análise dos programas de pós-graduação, mas ainda proíbe a divulgação dos resultados.
O professor Rodrigo Capaz, do Instituto de Física e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Física, concorda com a avaliação da pró-reitora. “As críticas feitas pelos coordenadores demissionários ainda não foram adequadamente atendidas. Os problemas não foram encaminhados a uma solução pela Capes”, opina.
Capaz conta que a comunidade científica se organizou fortemente para tentar diminuir os impasses. “Houve uma série de movimentações, por exemplo, do Fórum de Coordenadores de Programas de Pós-Graduação. Em particular, os coordenadores de Física e Astronomia encaminharam um nome de consenso da comunidade. Essa indicação foi acatada pela presidência da Capes. Ainda não é uma situação satisfatória, mas eu diria que houve um avanço”, analisa o pesquisador.

MOMENTO DE RECONSTRUÇÃO
Para o professor Reinaldo de Carvalho, do GT de Pós-Graduação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), os pesquisadores brasileiros têm a tarefa de discutir um novo modelo para o sistema de pesquisa e pós-graduação brasileiro. “É hora de pensar uma política para a área, que seja implantada – a gente espera – por um outro governo, a partir do ano que vem. Precisamos discutir questões conceituais, refazer tudo o que foi destruído nos últimos três anos”, argumenta.
Defender mais recursos para a área é um dos pilares da mudança de postura. Mas é preciso também repensar a divisão dos recursos, acredita Reinaldo de Carvalho. “Nos últimos 20 anos foi feito um gigantesco progresso na Ciência brasileira, mas não é suficiente. O país investe 1,2% do PIB enquanto os BRICS (bloco de grandes países emergentes) investem no mínimo 2,5% do PIB. Investimento em Ciência não é só bolsa. É preciso um olhar que mais orgânico sobre a divisão dos recursos. Norte, Nordeste e Centro-Oeste recebem muito menos recursos. Mudamos de século e não mudamos de percepção sobre como o Brasil deve crescer”.

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