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Há 14 dias fora do ar, a Plataforma Lattes só teve a busca por currículos de pesquisadores restabelecida no dia 3. O restante do sistema permanece indisponível. O CNPq WhatsApp Image 2021 08 06 at 21.47.41 informou que ainda está em andamento a migração dos sistemas para o novo equipamento, já adquirido pela agência, mas não indicou em quanto tempo os trabalhos estarão concluídos. Diante da situação, o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, minimizou o problema em transmissão via Instagram na semana passada. Comparou a pane a um pneu furado e disse que “o pessoal não vai morrer por causa disso”.

O apagão do Lattes é uma tragédia anunciada, na opinião da pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa, professora Denise Freire. “Quando você não investe em um servidor, não tem manutenção e diminui a verba de um órgão a níveis inimagináveis, você vê cortes de manutenção de sistemas essenciais”, afirma. “É um desmoronamento orquestrado de todo um sistema, é apagão, é redução da cota. Isso nunca aconteceu. Estou fazendo pesquisa desde 1982 e nunca vi o sistema Lattes, desde que foi criado, entrar em colapso como agora”, avalia a docente. “Todos os pesquisadores ficaram assustados, perdi minha vida científica por uns dias. É um risco desnecessário, inimaginável”.

O Lattes é usado para obter informações adicionais e selecionar alunos, professores, pesquisadores. “Todos os pesquisadores do país colocam sua trajetória inteira no Lattes. Trata-se de uma memória da ciência brasileira, com inúmeros dados”.

Os problemas nos sistemas do CNPq, ressalta a pró-reitora, são a evidência mais recente de uma asfixia que põe em xeque toda pesquisa do Brasil. “Sou do conselho administrativo do CNPq em Biotecnologia. Uma área fundamental e prioritária em certos países. Recebemos cerca de cem projetos de pós-doutorado, de excelência, mas apenas 5% foram aprovados”, conta a pró-reitora. “O que acontece com os 95%? Vão fazer qualquer coisa. É uma insanidade. Todos receberam a carta dizendo que o projeto é excelente, mas não houve verba para contemplar”, lamenta a pró-reitora.

“Vamos precisar nos reconstruir, e não sem perdas. A destruição já está sendo implementada e a reconstrução vai requerer muita energia. Perdemos a matéria-prima de processos. O futuro está muito ameaçado”, conclui. (Liz Mota Almeida)

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