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unnamedO Conselho Universitário (Consun) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) aprovou, na sexta-feira (30), uma nota de apoio ao impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Fundamentada principalmente na má gestão do Planalto no combate à pandemia, a nota afirma que os mais de 500 mil mortos pela covid-19 são também vítimas “do negacionismo do governo federal, que tem tido como política agir de forma contrária às medidas apontadas pela Ciência para combater a pandemia”. O texto também cita a lentidão do governo na aquisição das vacinas e as denúncias surgidas na CPI da Pandemia.

A nota foi apresentada pela conselheira Tamyres Filgueira, coordenadora do Sindicato dos Servidores Técnico-Administrativos da UFRGS (Assufrgs). “Desde o início, Bolsonaro vem tratando a pandemia com descaso e negacionismo, e isso trouxe consequências trágicas”, sustentou Tamyres ao defender a proposição. “Bolsonaro não pode continuar na Presidência porque isso significa aumentar as mortes e os ataques às universidades públicas, um conjunto de ataques ao Serviço Público”, complementou. A nota foi aprovada com 52 votos favoráveis, quatro contrários e dez abstenções.

A UFRGS está sob intervenção — o reitor Carlos Bulhões teve apenas três dos 77 votos possíveis no colégio eleitoral, mas mesmo assim foi nomeado por Bolsonaro em setembro do ano passado — e, na mesma sessão do dia 30, os conselheiros aprovaram parecer com um indicativo de destituição do reitor. A votação do indicativo ocorrerá em sessão especial no próximo dia 13.

O documento, que foi aprovado com 55 votos favoráveis, seis contrários e uma abstenção, sustenta que Bulhões vem promovendo alterações na estrutura da universidade sem o aval do Consun. Entre elas estão a fusão das pró-reitorias de Graduação e de Pós-Graduação, além da criação da pró-reitoria de Inovação. O parecer também propõe acionar o Ministério Púbico Federal (MPF) por “indícios de violação dos princípios da legalidade e publicidade, que podem caracterizar inclusive prejuízo ao patrimônio público”.

Por meio de nota, a reitoria da UFRGS disse que “não teme as reclamações, pois todas as medidas administrativas tomadas ocorreram dentro da legalidade”, e alega que a posição dos conselheiros é motivada por “questões ideológicas”. Caso o indicativo seja aprovado pelo Consun, a proposta seguirá para o MEC, a quem cabe a última palavra.

GESTO SIMBÓLICO
Na avaliação da professora Márcia Barbosa, integrante do Consun, a aprovação da nota de apoio ao impeachment de Bolsonaro e o parecer com o indicativo de destituição do reitor se complementam. “Bulhões começa a destruir a estrutura da universidade assim que assume, e sem consultar o Conselho Universitário. Com um comportamento muito parecido com o do governo, achando que entende tudo e que não precisa consultar ninguém”, contou a professora. “Olhamos para o governo federal e o culpamos pela situação em que está a nossa universidade. Por isso votamos a favor da nota, porque o impeachment resolveria o problema nacional e o nosso problema local”, explicou a professora.

A decisão do Consun da UFRGS foi um grande gesto simbólico, mas para ter efeitos práticos são necessárias mais movimentações no tabuleiro da política nacional. Esta é a avaliação do cientista político e diretor da AdUFRJ Josué Medeiros. “Se todas as universidades do Brasil tomassem essa decisão, seria importante, não só do ponto de vista simbólico, mas também do ponto de vista de mobilização. Mas continua muito aquém do que é necessário para um processo de impeachment”, avaliou Josué.

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