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“Com tiranos não combinam/ Brasileiros, brasileiros corações”. Os versos do Hino 2 de julho, que marca a independência baiana, deu o tom ao ato “Educação contra a Barbárie”, organizado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) na terça-feira (18). Dividida em seis blocos temáticos, a manifestação virtual foi assistida ao vivo por mais de cinco mil pessoas e, até o fechamento desta edição, obteve 62 mil acessos no canal da TV UFBA no Youtube. O orçamento da universidade foi trazido a público, mostrando as dificuldades para continuar o ano letivo de 2021, e a impossibilidade de produzir Ciência nessas condições.
“Tivemos o orçamento reduzido, cortado. Recuamos para 2010, quando tínhamos 15 mil estudantes a menos. A situação é aterradora, muito grave, e agora com um agravante ainda mais delicado. Vivemos essa situação em plena pandemia, são centenas de milhares de mortos”, afirmou o reitor da universidade, João Carlos Salles. A autonomia universitária, a assistência estudantil e a situação das universidades públicas brasileiras também foram temas do debate.
WhatsApp Image 2021 05 22 at 10.33.08Para a professora Eleonora Ziller, presidente da AdUFRJ, o ato teve uma característica muito forte por ter sido conduzido pela instituição universitária, com o apoio de entidades como a APUB, o Andes e a Proifes. “O que estamos vivendo hoje com o atual governo é o ataque à universidade como instituição. Eles desmoralizam e ridicularizam a universidade pública, tentam colocar a população contra a Ciência”, opinou. A produção do ato também foi elogiada pela professora. “As danças e músicas, a arte no tapume. Estamos num momento de luto, de dor, mas também de enfrentamento a esse governo que nega a Ciência. Dentro desse cenário, a UFBA entra com um elemento fundamental de cultura e arte, que também faz parte da vida universitária”, comentou.
Artista plástico e professor da Escola de Belas Artes da UFBA, Roddolfo Carvalho protagonizou a única ação não virtual proposta pela reitoria. Na segunda-feira (17), ele e o colega de profissão, Cristiano Piton, fizeram uma intervenção artística sobre o tapume que cerca a reitoria da UFBA após o convite da diretora da Escola de Belas Artes, Nanci Novais. “Uma das coisas que discutimos foi a segurança dos artistas, porque foi uma atividade na rua. Como já tomei a vacina, me ofereci para fazer, e chamamos o professor Cristiano para construir o projeto”, contou Roddolfo.
A ideia principal da intervenção foi a da afetividade. “Vivemos tempos tenebrosos, difíceis, em que temos a banalização da morte. Esquecemos, dessa maneira, que são pessoas, cada um é o amor de alguém. Praticamente 450 mil pessoas se foram, precisamos restaurar o amor na sociedade”, explicou. “Tínhamos a oportunidade de homenagear as pessoas que estão lutando contra a covid-19. Tem um ponto de ônibus em frente à reitoria, e nada melhor do que passar uma mensagem de positividade para essas pessoas que estão na correria para conseguir o ganha-pão”, afirmou o artista. A frase escolhida foi: A UFBA homenageia quem luta pela vida contra a covid.
O ato do dia 18 priorizou os ambientes digitais na sua execução. Numa pandemia que já levou tanta gente, aglomerações vão totalmente de encontro com o que a Ciência e a razão recomendam. Para Ivana Bentes, pró-reitora de Extensão e pesquisadora da cultura digital, os ambientes virtuais se tornaram vitais para o grupo que respeita as recomendações sanitárias. “Esse ativismo virtual dá a possibilidade de uma troca mais qualificada, já que não temos mais os espaços de sala de aula e troca. Temos que aprender a usar isso, pois, na relação da democracia com as redes, não podemos reduzir as experiências a nossas ações. É a virtualização da vida tanto para o melhor quanto para o pior”, opinou. Ivana acredita não haver oposição nem exclusão entre as redes e as ruas. “Esses ambientes híbridos vieram para ficar, até pela possibilidade da participação de pessoas do Brasil ou do mundo inteiro numa iniciativa”, disse. “As redes constroem novas ruas, novas formas de impactar o território e a cidade, a política, o ativismo. É claro que não substitui a rua. A gente evolui com essas experiências, até para saber se há mais interação ou menos”, completou.
Medir o engajamento é uma das maneiras de entender a participação virtual. “As pessoas que participaram do chat, as trocas que foram feitas após, a repercussão nas mídias, e os views são maneiras de medir o quanto aquele conteúdo não morreu na hora que foi feito”, explicou a pró-reitora. “A gente precisa qualificar a interação virtual, ela pode se desdobrar e não acabar ali. Não pode ser desqualificado como ativismo de sofá, porque temos níveis de envolvimento com aquela participação virtual, assim como temos na sala de aula”, afirmou.

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