facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

WhatsApp Image 2021 03 19 at 17.25.574Alessandra Nascimento
Colégio de Aplicação (CAp)

 

Eu atuo com uma turma de primeira série do Ensino Fundamental, estamos em pleno período letivo, que vai até o dia 9 de abril. São 16 alunos de seis e sete anos que estão aprendendo a ler e a escrever. Gosto muito de trabalhar com essa série, me sinto confortável, tenho experiência de alguns anos com esse segmento de alfabetização. Começamos presencialmente, lá em março do ano passado, construindo nossos laços, conhecendo as crianças, fazendo o diagnóstico de cada aluno para construir nosso projeto. Mas, em três semanas de aula, tudo parou.

Ou melhor, pararam as aulas presenciais, porque nosso trabalho continuou, e de forma intensa. Fizemos várias reuniões e mantivemos um princípio básico do CAp, que é o de não deixar nenhum aluno para trás. Decidimos que não começaríamos nenhuma atividade sem que tivéssemos a certeza de que todos os nossos alunos tivessem acesso ao ensino remoto. Fizemos um mapeamento para saber a situaçao de cada um: se tinha computador, celular, acesso à internet. E nisso o edital de inclusão digital da UFRJ foi fundamental, pois garantiu esse acesso.

Em paralelo, mesmo sem contar como carga horária, fizemos o que chamamos de encontros de acolhimento. Com tantas mortes diárias por covid-19, queríamos saber como estavam os alunos e suas famílias. Foram encontros semanais e virtuais, a partir de julho. Especificamente na minha série, a gente propôs um projeto, em vigor até hoje, de protagonismo infantil. Para que cada aluno pudesse expressar suas emoções diante da pandemia, as perdas na família, as necessidades em casa. A partir de setembro, retomamos o ano letivo de 2020, com encontros síncronos diários de uma hora e vinte minutos, e atividades assíncronas para cumprir em casa. Nesse momento de isolamento, esse tempo em que ficamos com eles ajuda muito para que não se sintam distantes, sozinhos e tristes.  

Muitas são as angústias, muitas são as fragilidades. Mas eu acredito que a gente fez o que deveria ter feito e estamos fazendo o melhor que podemos fazer. Tem dias que eu fico muito triste, choro, me sinto incapaz, impotente. Quando um aluno meu não consegue ler e chora, se eu estou ao lado, consigo lidar com isso, contornar a situação. Mas na distância, não. Mesmo assim, temos feito coisas muito bacanas nas aulas remotas. Construímos com eles uma rotina. Em termos pedagógicos, o maior ganho talvez tenha sido a possibilidade de trabalhar interdisciplinarmente. Eu atuo com as disciplinas de Portugûes, História e Geografia. E passei a dar aulas em conjunto com a professora de Educação Física. Planejamos juntas as abordagens, criando diálogos e contemplando os conteúdos que precisamos cumprir. Isso tem sido muito legal. Mas estou muito ansiosa pelo retorno. A esperança é que seja em breve e com segurança.

Topo