Concedidas às universidades há alguns anos, as salas permaneceram sob responsabilidade municipal. “O pleito da prefeitura de ocupar o prédio para ser a sede da sua Secretaria de Educação é justo. Mas a decisão foi tomada com pouca habilidade política, faltou diálogo”, comenta o diretor da AdUFRJ, Jackson Menezes. Professor em Macaé, Jackson esclarece que apenas três salas da UFRJ pertencem ao prédio administrativo. “A UFRJ continua utilizando normalmente os seus outros setores na Cidade Universitária”.
O espaço solicitado pela prefeitura abrange a sala dos professores dos cursos de Engenharia, Enfermagem, Farmácia, Medicina, Nutrição e Química, além de laboratórios de ensino e pesquisa, e locais de guarda de materiais administrativos e didáticos. “Como as aulas presenciais não estão acontecendo, nós temos salas que podem temporariamente alocar essas atividades”, diz a professora Roberta Coutinho, diretora do Campus Macaé. Já a Universidade Federal Fluminense perderá o espaço que abriga o Centro de Assistência Jurídica (CAJUFF) e o Núcleo de Apoio Contábil e Fiscal (NAF), dois serviços que atendem gratuitamente a população de Macaé.
A diretora aponta os gastos com a realocação do mobiliário, adquirido ao longo dos anos pelos próprios professores. No entanto, ela reconhece que após as reivindicações da comunidade acadêmica, a prefeitura adotou uma postura mais aberta ao diálogo. “A gente entende que a forma de fazer não foi a mais adequada, mas aconteceu por uma real necessidade e sem a intenção de romper um acordo preexistente”, afirma Roberta.
A necessidade de mudança da Secretaria de Educação do município já é antiga. “O acesso ao prédio da secretaria estava muito difícil, principalmente para as famílias que precisam de algum atendimento e utilizam o transporte público”, alega Flaviá Picon, secretária adjunta de Ensino Superior da nova gestão municipal. Ela defende que a mudança irá fortalecer o vínculo das universidades com o município. “Quando a gente traz a Secretaria de Educação para a Cidade Universitária, a gente aproxima ainda mais essa relação, o que favorece a interlocução com os projetos de extensão da academia”.
Na reunião realizada com a reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho, no dia 15, a prefeitura firmou a criação de um Grupo de Trabalho temporário para realocar esses espaços. “O que a gente já acertou foi a sala dos professores, que a UFRJ já está deslocando para uma outra área no campus. Acreditamos que até o dia 29 esse espaço já tenha sido desmobilizado”, conta Flaviá. O destino das outras salas começa a ser discutido em reunião do GT nesta quinta-feira (21). Além disso, o prefeito e a reitora trataram de projetos futuros para o município que envolvem a participação das universidades, como a construção do Restaurante Universitário e de quadras poliesportivas.
Segundo Eduardo Neiva, físico da Petrobras, a manutenção dessas parcerias é importante para a ciência brasileira. Ex-aluno da UFRJ, Eduardo participou da concepção do Complexo Universitário de Macaé, quando ocupava a Superintendência Acadêmica da Funemac. “A parceria entre o Complexo Universitário de Macaé e os laboratórios das diversas unidades da UFRJ se constitui em instrumento altamente estratégico para que a região e o país possam gerar as condições de desenvolver novos arranjos produtivos locais, ainda mais com a inevitável transição energética pela qual o planeta irá passar”, destaca.