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WhatsApp Image 2020 12 12 at 14.49.03No Tamo Junto que encerrou o ciclo 2020, o professor Josué Medeiros, cientista político e diretor da AdUFRJ, puxou a conversa para falar de eleições. Coordenador do Núcleo de Estudos Sobre a Democracia Brasileira, Josué analisou o cenário político nacional, a partir não só do resultado das urnas no último dia 29, mas projetando as eleições de 2022. E não foi bom o cenário desenhado pelo professor. “Eu não queria, mas estou pessimista”, disse Josué no começo da conversa.
Segundo ele, o resultado das eleições municipais não foi uma derrota de Bolsonaro, porque o presidente não entrou efetivamente na disputa. O voto de direita continua forte, embora tenha se dispersado para 2020. Contudo, Bolsonaro, com máquina federal, tem todas as condições de manter a sua base para 2022. As disputas deste ano servem de alerta para a esquerda, que em muitas cidades ficou disputando entre si, enquanto viu candidatos da direita tradicional irem ao segundo turno. Para Josué, a esquerda tem uma base de 40% dos votos, patamar histórico, e não consegue ir além disso atualmente. “As pessoas perderam a crença de que o campo progressista pode governar”, disse.
Dentro desse cenário, é possível até que a esquerda se una em 2022, e chegue ao segundo turno, mas, se não expandir sua base de eleitores, provavelmente vai ser derrotada por Bolsonaro, que agregará os votos da direita moderada. “As eleições confirmaram esse quadro”, resumiu.
E o cenário pode piorar. “O esgarçamento do nosso tecido social continua. A inflação dos alimentos é muito forte na base, e o fim do auxílio emergencial vai piorar a situação do ponto de vista social”, falou. A saída não parece tão simples. Josué usou como exemplo as eleições norte-americanas. “O que venceu Trump não foi só o Biden, mas também um enorme movimento civil, que começou com o Black Lives Matter”, explicou. “Precisamos produzir algo de baixo pra cima se quisermos mesmo derrotar o bolsonarismo.”
Antes de começar a conversa, a simples presença da professora Ligia Bahia foi o suficiente para um papo sobre as possíveis vacinas contra a covid-19. Especialista em saúde pública, Ligia explicou que a vacina é muito importante, mas a erradicação de algumas doenças depende de uma mudança social. “A sociedade tem que mudar. Erradicamos a varíola, mas foi necessário um enorme esforço para isso”, disse a professora. “Doenças como a tuberculose e o sarampo foram combatidas também com combate à pobreza”.

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