Extensionista com muito orgulho desde 2010, Angela Santi
acredita que a extensão mostra a importância da universidade para fora de seus muros e ajuda a angariar apoio da sociedade.
Algo estratégico no momento em que a instituição é tão atacada pelo governo. “Agora existe uma visibilidade da universidade pela pesquisa, porque vivemos uma situação de emergência. Mas, muitas vezes, a pesquisa fica um pouco fechada em si mesma, naquele grupo. A extensão acontece de fato com a sociedade”, argumenta.
O problema, segundo a professora, é que nem todos valorizam a extensão como se deveria.
A situação começou a mudar, nos últimos anos, com algumas medidas, como a resolução do Conselho Nacional de Educação, de 2018, de que as atividades de extensão devem compor, no mínimo, 10% do total da carga horária curricular estudantil dos cursos de graduação. “Há uma relação mais orgânica da comunidade universitária com os projetos de extensão”, afirma a professora da Faculdade de Educação. Todas as universidades devem adequar seus currículos à decisão do CNE até, no máximo, o fim de 2021.
A professora Mariana Trotta, da Faculdade Nacional de Direito, trabalha com extensão desde 2012. Coordena dois projetos, ao lado de outros colegas: um é o Núcleo de Assessoria Jurídica Popular Luiza Mahin, que assessora movimentos populares de moradia e de reforma agrária, como o MST. Agora, a iniciativa está engajada na campanha ‘Despejo Zero’, de proteção à moradia durante a pandemia. O segundo projeto é um curso de formação de Promotoras Legais Populares, criado na FND em 2016. Em diálogo com os movimentos feministas, o objetivo é fortalecer as mulheres na luta contra a violência.
A docente reforça o papel da extensão, no momento em que a proposta de contrarreforma administrativa ataca as universidades públicas. “A extensão faz esse diálogo com a comunidade. Mostra a importância da universidade na vida das pessoas”.
Mariana avalia que ainda há entraves para o desenvolvimento das atividades de extensão, como o valor e o insuficiente número de bolsas. “Precisaríamos de mais incentivos nas políticas de extensão universitária”.
NÚMEROS
A pró-reitora de Extensão, professora Ivana Bentes, foi a convidada especial de uma das primeiras reuniões virtuais do Conselho de Representantes da AdUFRJ, após o início do isolamento social, em 6 de abril. A dirigente deixou claro que ninguém é obrigado a manter ações de extensão neste período de pandemia, mas que também era necessário dar resposta a novas propostas, muitas criadas em função da própria emergência de saúde pública.
Hoje, a UFRJ conta com 1.871 ações ativas de extensão. O número deve mudar, em função do processo de validação que ocorre até 31 de outubro. A pró-reitoria informa que, de acordo com resoluções do Conselho de Extensão Universitária, só poderão ficar ativas as ações a distância, durante o período de isolamento social. Atividades presenciais só serão autorizadas nos casos de prevenção e enfrentamento da Covid.