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02aWEB menor1141Há mais de duas décadas, o trabalho de pesquisa da UFRJ em Macaé abria caminhos para a primeira frente de interiorização da universidade. Agora, o campus consolidado pode ser outra vez protagonista, atuando como plataforma para o debate socioambiental relacionado ao novo coronavírus. “Essa pandemia veio para alertar que estamos na direção errada”, afirma Francisco de Assis Esteves, mais conhecido como Chico Esteves, professor Titular e vice-diretor do Instituto de Biodiversidade de Sustentabilidade (Nupem).  “Um contingente enorme da população não tem espaço físico de cômodos nem acesso à água, em casa. E está exposto a muito esgoto não tratado”.
 Chico Esteves foi o convidado do encontro virtual semanal da Adufrj, #Tamojunto. O bate-papo sobre temas atuais aconteceu na sexta-feira 7. Nele, o docente falou sobre a urgência de rever “práticas, hábitos e comportamentos”.  E ele também defendeu uma postura ativa da UFRJ na educação ambiental. “Precisamos pelo menos organizar a nossa casa. Tudo que não pode acontecer é sairmos iguais dessa pandemia, porque tudo indica que haverá próximas ainda mais graves. A mudança climática é uma realidade”, avalia.
Para o pesquisador, a crise de saúde brasileira “escancarou a desigualdade” e o futuro é de enormes desafios. “Estamos no auge da insustentabilidade”, adverte. “A exclusão vai comprometer por completo o desenvolvimento do país”.
A alternativa está em um “enfoque local”, baseado na educação e na mudança de padrão de consumo.  Esteves sustenta que o momento exige mudanças “em quantidade e em qualidade”. “A globalização criou um padrão de consumo de base irracional. Atrás dos produtos estão o gasto absurdo de água e até trabalho escravo”, analisa o fundador do Nupem. “A solução não está sequer em saídas regionais. Mas, no local, como o caso de Macaé”, acrescenta ainda.
O município do Norte Fluminense inspira a reflexão de Chico Esteves. Ele destaca, por exemplo, o impacto socioeconômico frustrante da exploração do petróleo no local. “Não criou a distribuição de renda que se imaginava. Há pesquisas que mostram que a vida em Macaé não melhorou. Grande parte dos macaenses mora em comunidade”, argumenta. Já em relação à universidade, o docente faz um balanço inverso. “Hoje a literatura sobre lagoas e restingas de Macaé é produzida em Macaé”, observa. “Nós acreditamos na pesquisa como instrumento de mudança social. A presença da universidade mudou completamente a dinâmica da cidade”.  

Humanas: uma pendência ainda
Com cursos em Ciências Biológicas, Química, Farmácia, Nutrição, Enfermagem e Obstetrícia, Medicina e Engenharias (Civil, Mecânica e de Produção), a UFRJ de Macaé ainda não avançou para a oferta de vagas nas áreas de ciências humanas, sociais e aplicadas. “É meu sonho”, diz o vice-diretor do Nupem. “A gente está incompleto sem elas”.

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