Foto: Kelvin MeloAinda se recuperando da queda do muro lateral no fim de junho, a comunidade do Colégio de Aplicação recebeu a equipe da reitoria para um diálogo franco sobre os vários problemas da unidade, no dia 30. Salas precárias de aula, quadra interditada, rede elétrica obsoleta e ausência de um refeitório foram alguns dos principais temas discutidos. Tudo isso em um terreno e um prédio emprestados pela prefeitura do Rio. São 77 anos de história sem sede própria.
A localização, na Avenida Borges de Medeiros, na Lagoa, Zona Sul do Rio, também dificulta a integração com outras unidades da UFRJ e não favorece o deslocamento dos alunos. “A maior parte dos nossos estudantes vem das zonas Oeste e Norte. Eles demoram entre duas e três horas para chegar aqui”, afirmou a vice-diretora, professora Marina Campos.
Sem refeitório e uma cozinha industrial, a alimentação dos alunos é precária. “Para a grande maioria dos nossos estudantes, são oferecidos apenas lanches. Há distribuição de almoço apenas para quem fica integral”, continuou Marina. “Estudante sai de casa às 4h30 para estar aqui às 7h e chegar em casa às 14h. Imaginem tudo isso só com pão com queijo, uma fruta e um suco”, completou.
As instalações em estado precário foram apresentadas em um breve “tour”, antes da conversa com a comunidade. Professores e estudantes apontaram rachaduras no piso e nas paredes da escola e mostraram o apertado e inadequado espaço reservado para o segmento infantil — o local onde as crianças menores ficavam, ao lado do IPPMG, está interditado desde 2023 por problemas estruturais graves.
Como se não bastassem as dificuldades de infraestrutura, ainda há insuficiência de pessoal para atender aos 661 estudantes e 428 licenciandos da unidade. Há 76 docentes substitutos atuando na unidade. “Solicitamos 68 vagas de profissionais técnicos-administrativos, sendo 32 de profissionais de apoio à inclusão e há uma demanda de 78 professores efetivos”, explicou a diretora, professora Cassandra Pontes. A contratação de novos servidores docentes e técnicos depende de negociações da UFRJ com o governo.
MUDANÇA PARA O FUNDÂO
A reitoria informou as ações em andamento para melhoria das condições da escola. Já existe uma empresa escolhida em licitação para instalar o segmento infantil do CAp na sede da antiga BioRio, na Cidade Universitária. A obra deve durar sete meses.
“Temos grande expectativa de, no início de 2026.1, nós termos o nosso CAp segmento infantil com instalações novas já finalizadas”, disse a vice-reitora, professora Cássia Turci. Enquanto isso, a dirigente relatou que negocia um espaço provisório, também no Fundão, para chamar crianças já sorteadas para ocupar vagas do Infantil 2 e 3. As turmas do Infantil 4 e 5 ficariam na sede Lagoa até o fim da obra na BioRio.
O projeto para dar uma sede própria ao Colégio de Aplicação está em andamento. O reitor Roberto Medronho relatou que a alienação do prédio corporativo Ventura Towers, no Centro, em troca de contrapartidas acadêmicas beneficiará o CAp. O colégio será finalmente instalado em solo da UFRJ, ao lado da Faculdade de Letras.
Porém, como este processo vinculado ao Ventura ainda deve demorar alguns anos, a ideia é desengavetar um projeto de 2023 do Escritório Técnico da Universidade (ETU) para construção de um refeitório e da cozinha industrial na atual sede do colégio.
O ETU prestou esclarecimentos sobre rede elétrica, quadra e rachaduras. “Semana retrasada, terminamos o levantamento das condições elétricas do CAp. A partir disso, podemos propor a instalação de novos equipamentos”, disse o diretor do ETU, professor Wagner Ribeiro. Ele anunciou que será retomado neste segundo semestre um projeto para reforma da quadra esportiva do colégio. O docente contou ainda que estuda junto ao CFCH a possibilidade de o reparo da maior parte das rachaduras encontradas ser feito por um contrato de manutenção ligado ao Centro.