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capufrjFoto: Ana Maria Coutinho/SGCOM-UFRJCasos graves de racismo no Colégio de Aplicação foram denunciados ao Conselho Universitário na manhã do dia 12. Representante do corpo docente da escola, a professora Maria Coelho leu um documento com a descrição dos ataques de alunos e do responsável de um deles aos servidores da unidade.
“No dia 02/06, os estudantes citados receberam suspensão por conduta desrespeitosa e por se referirem pejorativamente ao cabelo de um professor do setor curricular de Música. Ressaltamos que o professor é negro e que tratar cabelos crespos de maneira jocosa é uma das práticas mais comuns de racismo recreativo.”, diz um trecho. “Após a aplicação da suspensão, os estudantes tentaram intimidar verbalmente o professor citado, servidoras da Direção Adjunta de Ensino, do Registro Acadêmico, da Enfermaria e do Gabinete da Direção, incluindo a Diretora Geral”.
Os responsáveis pelos estudantes foram convocados para uma reunião na escola no dia 6 e a situação piorou. “No atendimento a um desses responsáveis, as diretoras gerais Cassandra Pontes e Marina Campos, além da Diretora Adjunta de Ensino Céli Palácios, foram novamente interpeladas com tentativas de desqualificação do seu trabalho e da sua competência pedagógica”. A polícia foi chamada e o caso foi denunciado na delegacia.
A carta é encerrada com uma demanda por apoio institucional e jurídico da reitoria.
O reitor Roberto Medronho afirmou que a administração central está ciente dos “gravissimos” episódios. Uma nota foi divulgada no site da universidade. “Nós daremos todo o apoio aos profissionais do CAp”, afirmou. “Atos como estes são absolutamente intoleráveis dentro de uma universidade que se propõe a ser antirracista”.
Ao final da sessão, após várias manifestações em solidariedade aos servidores do CAp, o Consuni aprovou uma moção de repúdio às ações racistas.
A diretoria da AdUFRJ também repudia as situações de racismo, se solidariza com os atingidos e vai acompanhar os desdobramentos.
O texto, aberto a assinaturas de apoio em https://forms.gle/ihM5xhWGaKZ2eHno7, pode ser lido abaixo, na íntegra.

 

CARTA DE COMITÊ DO COLÉGIO REPUDIA AGRESSÃO CONTRA DOCENTE NEGRO

O Comitê Permanente da Educação para as Relações Étnico-Raciais (ERER), do Colégio de Aplicação (CAp) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, tomou conhecimento na última sexta-feira (06/06) de casos extremamente graves envolvendo estudantes e o responsável de um desses estudantes na última semana. Tratam-se de situações de racismo, de conduta misógina intimidatória e de desacato a servidores públicos em exercício da profissão, incluindo diretoras da escola, que culminaram em denúncia feita pela diretora geral do Colégio de Aplicação, Cassandra Pontes, na polícia federal. Desde já, nos solidarizamos com o professor de Música, com as servidoras da Direção Adjunta de Ensino, da Enfermaria, do Registro Acadêmico e do Gabinete da Direção intimidadas nessas situações, com a Direção Adjunta de Ensino e com a Direção Geral.
No dia 02/06, os estudantes citados receberam suspensão por conduta desrespeitosa e por se referirem pejorativamente ao cabelo de um professor do setor curricular de Música. Ressaltamos que o professor é negro e que tratar cabelos crespos de maneira jocosa é uma das práticas mais comuns de racismo recreativo. É importante destacar que o tema é de conhecimento dos estudantes, seja pelas diversas ações pedagógicas do ERER e do corpo docente das séries junto às turmas, seja porque já houve atendimentos individuais com estes estudantes sobre racismo ao longo de suas trajetórias escolares. Após a aplicação da suspensão, os estudantes tentaram intimidar verbalmente o professor citado, servidoras da Direção Adjunta de Ensino, do Registro Acadêmico, da Enfermaria e do Gabinete da Direção, incluindo a Diretora Geral. Dada a gravidade da situação, que se soma a um histórico de atos graves cometidos pelos mesmos estudantes, seus responsáveis foram convocados à escola no dia 06/06. No atendimento a um desses responsáveis, as diretoras gerais Cassandra Pontes e Marina Campos, além da Diretora Adjunta de Ensino Céli Palácios, foram novamente interpeladas com tentativas de desqualificação do seu trabalho e da sua competência pedagógica, com gestos de dedo em riste, tom de voz elevado e com ofensas pessoais. Diante da situação flagrante de desacato, as diretoras chamaram a polícia à escola e, posteriormente, prosseguiram com a denúncia contra o responsável em delegacia.
Lamentamos profundamente que a escola seja palco de tamanha violência, direcionada especialmente contra mulheres e pessoas negras. Tal conduta vai na contramão de nossos valores institucionais, do projeto de escola democrática e antirracista que construímos e da dignidade ção, é uma vitória da escola, da universidade e da sociedade que queremos. O combate ao racismo, à misoginia e a outras práticas discriminatórias é nosso compromisso e demanda que sigamos avançando com políticas de valorização das contribuições africanas, afro-brasileiras e indígenas na educação, com a efetividade da reserva de vagas nos concursos para pessoas negras na universidade e com ações de acolhimento a servidoras e servidores em situação de violência de raça, gênero e outras.

Rio de Janeiro,
9 de junho de 2025.

Jorge Marçal
e Monique Riscado
Coordenação do
ERER CAp UFRJ

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