Por Renan Fernandes
Em 1832, depois de atracar o HMS Beagle no Porto do Rio de Janeiro, o naturalista britânico Charles Darwin conheceu um irlandês dono de terras em Conceição de Macabu, na época um distrito da Vila de São João de Macaé. O convite do fazendeiro possibilitou o primeiro contato do naturalista com a biodiversidade da Mata Atlântica.
Quase dois séculos depois, Darwin retornou à Macaé. A Sociedade Brasileira de Genética e a Sociedade Brasileira de Biologia Evolutiva promoveram o Darwin Day entre os dias 24 e 26 de março no Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade da UFRJ (Nupem). Foram três dias de atividades para promover a disseminação de conhecimentos sobre a evolução da vida no planeta Terra.
O evento começou com a inauguração do Biomuseu do Nupem, o primeiro museu de História Natural do Norte Fluminense. “É um espaço dedicado à divulgação científica, à educação ambiental e ao encantamento com a natureza”, disse o professor Rodrigo Nunes da Fonseca, diretor da AdUFRJ e um dos responsáveis pela organização. “Reunir comunidade, estudantes, professores e visitantes em torno desses temas fortalece nosso compromisso com a Ciência e com a construção de um futuro mais consciente e sustentável”, completou.
A professora Cíntia Monteiro de Barros, diretora do Nupem, exaltou o museu como um espaço de inspiração e aprendizado para os estudantes e pesquisadores. “Nosso compromisso é fortalecer a educação científica e estimular o interesse pela biodiversidade e sua preservação”.
EVOLUÇÃO
A professora Christine Ruta, coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura, órgão que gere as políticas de difusão cultural e divulgação científica, esteve presente na abertura do evento. “Foi um prazer encontrar crianças e jovens no lançamento. O museu vai aproximar essa juventude da Biologia”, comentou.
A seção dos animais taxidermizados fez sucesso entre o público infantil. O professor Pablo Rodrigues Gonçalves explicou que o Nupem recebe animais da região atropelados na rodovia BR-101. “As crianças ficam encantadas. São memórias que ficam para o resto da vida”, afirmou.
Além da exposição sobre a história da evolução e os ecossistemas atuais, o instituto abrirá as coleções científicas ao público. “É como uma biblioteca da fauna e da flora. As turmas de ensino básico vão poder ver como estudamos esses animais”.
Gonçalves participou de uma mesa de debate sobre o ensino de evolução na graduação e no Ensino Médio. Professores de colégios públicos compareceram e compartilharam as dificuldades do dia a dia.
“Além da falta de material para aulas práticas, o negacionismo provocado pelo fanatismo religioso foi citado por muitos professores da rede pública”, afirmou o docente. “Houve relatos de pais que foram à escola reclamar, esbravejando que o filho não veio do macaco. O professor precisa contemporizar, dizer que é apenas uma visão que não compete com a religiosa”, ponderou.