WhatsApp Image 2024 12 16 at 16.30.43 6Fotos: Renan FernandesRenan Fernandes

A entrada do edifício Jorge Machado Moreira virou uma enorme galeria de arte entre 3 e 5 de dezembro. Arte à moda antiga, com obras feitas pelos alunos no velho e bom papel em aquarelas, guaches, têmperas, colagens, desenhos e sketchbooks. Todos expostos na 1ª Semana de Arte Sobre o Papel da Escola de Belas Artes.
As amigas Marina Aguinaga e Nayara Rufino, alunas do terceiro período do curso de Pintura da UFRJ, viveram a experiência de expor suas obras pela primeira vez. “Estou muito feliz de expor meu trabalho para que gente de todo lugar possa ver. Já tínhamos conversado sobre nossa vontade de expor nossas obras e, quando a professora falou sobre essa oportunidade, a gente aproveitou”, disse Marina, que expôs uma tela em óleo sobre papel que teve a colega como inspiração. “Vi um vídeo dela no TikTok e achei que estava linda. Printei a tela e pensei que aquela imagem combinava com a estética que gosto de fazer”.
O projeto é a primeira edição de uma ação de extensão coordenada pelas professoras Lourdes Barreto, Luana Manhães e Martha Werneck. Entre os 80 artistas selecionados, a maior parte é de alunos e ex-alunos dos cursos da EBA, mas também participaram estudantes vinculados a outras universidades e a cursos livres de artes.
A professora Luana Manhães, do Departamento de Análise e Representação da Forma da EBA, trabalha com disciplinas de desenho e na formação básica de todos os cursos da escola. “Nossa ideia é resgatar uma atividade importante que tínhamos aqui na EBA que era a Semana da Aquarela, expandindo também para outras técnicas que tenham o papel como matriz”.
Manhães destacou a relevância da feira para que os estudantes compreendam a importância do processo de criação do desenho. “Da Vinci falava que o mais importante do desenho era o seu processo. Sempre digo para os estudantes que eles não precisam ficar preocupados nem com o início nem com o final, mas em como chegar ao resultado final”.WhatsApp Image 2024 12 16 at 16.30.44
A ação estimulou estudantes a praticar suas técnicas artísticas. “Muitas vezes, a gente olha uma tela em branco e é engolida por aquele vazio. Não adianta estudar o desenho apenas na teoria. É a prática do desenho que nos leva à compreensão de conhecimentos expressivos e poéticos. Então, só entendemos a questão formalista da imagem, fazendo”, explica a professora Luana.
Em um mundo cada vez mais digital, a docente considera que a valorização de técnicas mais tradicionais é uma validação de todas as possibilidades de arte. “As técnicas podem ser complementares. Podemos usar a arte criada por uma inteligência artificial como uma ferramenta para desenvolver outros trabalhos com nossa autoria. Tudo é parte da expressão visual”, explicou.
As amigas Marina e Nayara estão acostumadas a difundir seus trabalhos nas redes sociais. “Na internet é diferente. A pessoa vê sua arte, dá um like e esquece para sempre”, comentou Rufino. A mostra trouxe uma nova experiência no contato entre artista e público. “Faz toda diferença o público conseguir ver a técnica usada, o relevo. Fora a possibilidade de ter um contato pessoal com o artista para elogiar, perguntar e tirar dúvidas. A exposição é uma experiência artística mais completa”, explicou Marina.

ILUSTRADOR E INFOGRAFISTA
Além da exposição, a feira contou com palestras e oficinas. Alessandro Alvim, editor executivo visual do jornal O Globo, participou do primeiro dia de evento. Ex-aluno do curso de Gravura, Alvim falou do desenho como instrumento de mudança de destinos a partir de sua experiência pessoal.
O designer lembrou com carinho de professores da UFRJ que foram importantes durante sua formação. “Lembro bem do Marcos Varela, Wladimir Machado, Ricardo Newton, já falecidos. Do Roberto Cruz, Adir Botelho, Kazuo Iha, aposentados. E da professora Lourdes Barreto ainda ativa”, recordou. “Quando eu tinha 15 anos, um professor da escola montou um cursinho de arte e tinha alguns alunos da EBA. Descobrir que existia a possibilidade de estudar arte foi importante para mim. E depois, entrar na universidade e aprender desenho foi fundamental para me diferenciar como ilustrador e infografista”, concluiu o profissional.

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