Dezesseis dias sem aulas em 2024. Essa é a conta feita pelos estudantes dos institutos de História e de Filosofia e Ciências Sociais. O prejuízo nos dias letivos foi provocado por uma sequência de problemas relacionados à água. Primeiro, a contaminação das caixas d’água gerou duas semanas de interrupção nas aulas e obrigou obras emergenciais na rede hidráulica do edifício. Depois, recorrentes faltas d’água causaram desabastecimentos em toda a cidade e impediram as aulas no IFCS/IH – já que o prédio não tem cisterna.

Os alunos foram reclamar sobre os cancelamentos no Conselho de Ensino de Graduação, dia 27. “No primeiro semestre tivemos a interrupção de duas semanas de aulas pela contaminação da caixa d’água do prédio”, lembrou Nata Mesquita de Souza, representante do DCE Mário Prata no colegiado. “Na última semana, nas vésperas do final do período e com diversas avaliações marcadas, nos deparamos novamente com a falta d’água e com a orientação das direções de suspender as atividades acadêmicas”, afirmou.

Outro problema apontado pela aluna foi a falta de limpeza do prédio, provocada pelo atraso no pagamento dos terceirizados. “Frente a todo esse cenário, precisamos de medidas da universidade. Os estudantes querem ter possibilidade de acessar uma educação pública de qualidade e não perder suas aulas por situações que deixaram de ser excepcionais para se tornarem regra”, reclamou.

A pró-reitora de Graduação, professora Maria Fernanda Quintela, se mostrou surpresa com a reclamação dos estudantes e criticou publicamente as direções dos institutos. Afirmou que não sabia dos cancelamentos de aulas e prometeu se reunir com os diretores. “Eu lamento muito que determinadas unidades que estão tendo problemas estruturais e suspendem aulas não tenham informado formalmente à pró-reitora”, reclamou. “Não é novidade que temos um orçamento reduzido, mas fazemos um esforço para informar tudo o que está acontecendo na nossa universidade”, defendeu-se a dirigente.

Maria Fernanda reconheceu que as unidades são autônomas para tomar decisões, mas afirmou que a responsabilidade sobre a graduação é dela. “Há uma autonomia para cada um dos locais, mas suspender aulas depende, no mínimo, de uma informação à pró-reitora de Graduação”.

A docente subiu ainda mais o tom da crítica. “Os nossos estudantes estão sem aula? Por que eu não sei? Obrigada aos estudantes que foram os únicos que tiveram consideração de vir me procurar oficialmente para discutir o problema”.

Ao Jornal da AdUFRJ, a pró-reitora reforçou que realizará nesta semana uma reunião com as direções e estudantes “para ter a dimensão da situação”.

SEM PREJUÍZOS
Diretor do IFCS, o professor Fernando Santoro explicou que a reitoria foi oficialmente informada sobre o primeiro problema da água e que os reparos na rede hidráulica só foram possíveis pela coorperação entre as partes. “Além disso, as direções também informaram à sociedade, por manifesto”, lembrou.

Santoro alegou, ainda, que a direção do instituto consultou as coordenações de cursos sobre a possibilidade de ampliação do calendário para reposição de aulas. “As coordenações não viram nenhuma necessidade de alterar o calendário. Portanto, não há, até o momento, razão para acionar a PR-1 ou o CEG”, pontuou Santoro.

Sobre a última semana de suspensão de aulas, Santoro informou que o calendário já previa a possibilidade de liberação das turmas para a Semana de Integração Acadêmica e que não houve prejuízos aos estudantes. “Mantivemos o bandejão aberto, as atividades inadiáveis foram realizadas e o prédio seguiu em funcionamento com o uso de carros-pipa”.

O IFCS terá nova reunião da Congregação na próxima quarta-feira. “Levaremos à PR-1 o que for decidido”.

Diretora do Instituto de História, a professora Marta Mega de Andrade afirmou que se surpreendeu com as críticas públicas da pró-reitora. “Não vimos a necessidade de entrar em contato com a PR-1 se não havia alteração de calendário”, justificou. “Essa semana, no entanto, um professor pediu a extensão do período para o lançamento de notas. Então, aguardamos uma reunião com a pró-reitora para discutir essa possibilidade. Até quarta passada não era esse o caso”, explicou.

A docente não vê necessidade de repor aulas, mas reconhece que o prazo está apertado. “Se nenhum outro imprevisto acontecer, todos os professores conseguirão fechar o semestre. O mais difícil mesmo é lançar todas as notas a tempo”.

Topo