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WhatsApp Image 2024 08 01 at 20.37.20 7Fotos: Alexandre MedeirosPara alguns, um sucesso histórico. Para outros, um fracasso retumbante. Os debates do 67º Conselho do Andes (Conad), realizado no Cefet-MG, em Belo Horizonte, de 26 a 28 de julho, deixaram claras as divergências de avaliação da greve federal docente que alcançou, em seu momento de pico, 65 instituições de ensino entre 15 de abril e 3 de julho.
A diretoria do Andes e parte do Renova, coletivo de oposição, classificaram a greve como vitoriosa e atribuíram a ela as conquistas obtidas junto ao governo. Já grupos ligados ao PSTU, por exemplo, qualificaram as conquistas como “migalhas” e denunciaram o que chamaram de “servilismo” da direção do Andes e do Renova ao governo Lula.
Os grupos críticos em relação à condução da greve argumentam também que o fim do movimento foi “imposto” pela direção do sindicato nacional, sem consulta às bases. Esse argumento foi contestado pela diretoria do Andes.
Apesar das fraturas expostas, o presidente da entidade, Gustavo Seferian, vislumbrou uma convergência fundamental no 67º Conad. “Foram expressos os diferentes posicionamentos sobre a greve no seio de nossa base, com avaliações distintas acerca do desfecho da mobilização grevista. Mas é notável a opinião inconteste quanto à importância da greve e da sua força, o reconhecimento da greve como ferramenta indispensável para o conjunto de nossa categoria”, avaliou o professor da UFMG.
Na visão da presidenta da AdUFRJ, professora Mayra Goulart, a postura da direção do Andes ao longo do 67º Conad reafirmou um desapreço do grupo pela pluralidade. “Há uma reação da direção do Andes de conter as divergências sobre os momentos de entrada e saída da greve, sobre o que significou a greve. A AdUFRJ se viu novamente atacada por representar a pluralidade dentro do Andes”, disse.
“A despeito de inúmeras concordâncias que temos com a direção do sindicato nacional em relação à importância de defender a educação pública e gratuita, à necessidade de aumentar o orçamento das universidade e à valorização do professor, esse grupo enfatiza os ataques à AdUFRJ em virtude da nossa divergência em relação à estratégia de luta, como a greve, em contraponto a outras formas de mobilização”, analisou Mayra, que foi a delegada da AdUFRJ ao encontro.WhatsApp Image 2024 08 01 at 20.37.20 8PRESENTE! A delegação da AdUFRJ, composta pela delegada Mayra Goulart (agachada) e oito observadores, participou dos debates

O INIMIGO PROIFES
Se houve divergências de avaliação no quesito greve, as diversas correntes representadas no 67º Conad foram unânimes em eleger o inimigo número 1 a ser derrotado pelo Andes: o Proifes. A federação que assinou o acordo salarial com o governo em 27 de maio — antes da assinatura do Andes e do Sinasefe, que só ocorreu em 27 de junho — foi alvo de artilharia pesada do início do fim do encontro em BH.
A unanimidade em torno da necessidade de enfraquecer a entidade rival foi destacada pelo presidente do Andes. “É fundamental ressaltar o importante salto proporcionado, no âmbito da greve das federais, na ebulição das bases hoje estranguladas e constrangidas da Proifes, a federação burocrática”, afirmou.
“Esse salto suscitou uma movimentação histórica em universidades que há mais de duas décadas não construíam greve. Isso se deu no âmbito da Federal da Bahia, da Federal do Oeste da Bahia, no campus dos Malês da Unilab, nas federais de Goiás, de Santa Catarina e do Rio Grande do Norte”, comemorou Gustavo Seferian.
A artilharia não ficou só nos discursos. Após intensa discussão, com suporte da assessoria jurídica do Andes, a plenária aprovou a criação do Grupo de Trabalho de Organização Sindical das Oposições (GTO), com o objetivo de organizar a mobilização docente nas IFES nas quais a organização sindical local tenha rompido com o Andes ou tenha se constituído inicialmente sem vínculo com o sindicato nacional.
O alvo preferencial dessa iniciativa são as IFES que estão na base do Proifes, como a UFG, a UFSC e a UFRN.
O GTO apresentará, ao 43º Congresso do Andes — a ser realizado no início de 2025 em Vitória — uma proposta de resolução normatizando as relações do Andes com as oposições organizadas que “reivindicam o sindicato nacional”.
A diretoria fica autorizada a dar apoio político, jurídico e financeiro ao GTO para organizar os grupos de oposição. Até a realização do 43º Congresso, a participação em reuniões e outras atividades do GTO incluirá a participação subsidiada de até dois representantes de cada oposição organizada que reivindique o Andes como seu sindicato.
A professora Mayra Goulart vê com preocupação essa iniciativa. “A intervenção na liberdade e na autonomia de cada organização sindical nas universidades pode reduzir os espaços de ADs com posicionamentos diferentes daqueles da direção do Andes. E é preocupante também o financimento de grupos de oposição. Quem analisa o cenário político sabe bem o papel dos recursos de campanha numa eleição”.
O 67º Conad reuniu 70 delegados e 181 observadores, com a participação de 82 seções sindicais. O 68º Conad será realizado em Manaus, em 2025.

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