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WhatsApp Image 2024 07 01 at 17.28.25 6Fotos: Divulgação/NUPEMRenan Fernandes

Dez mil quilômetros separam Macaé de Stavanger, na Noruega. As realidades tão distintas entre o tropical norte fluminense e o gélido sudoeste norueguês convergem em um ponto: a indústria petrolífera. As duas cidades possuem um tratado de cidade-irmã devido à influência do setor de petróleo e gás na economia local. Foi esse ponto de interesse em comum que chamou atenção da professora Daniela Maria Pampanin, do Departamento de Química, Biociência e Engenharia Ambiental da Universidade de Stavanger.
“Macaé e Stavanger têm uma relação forte. As duas cidades compartilham desafios em comum quanto ao desenvolvimento sustentável e à conservação ambiental, o que impulsionou esforços colaborativos e a troca de conhecimentos”, disse a professora.
Com financiamento do governo da Noruega, a docente italiana criou em 2017 o projeto NorBra (Noruega - Brasil), em parceria com a UFRJ, o Instituto Oswaldo Cruz e outras instituições norueguesas e norte-americanas.
O quarto encontro presencial do projeto reuniu em Macaé, entre os dias 24 e 29 de julho, no Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (Nupem), pesquisadores de diferentes nacionalidades para o curso internacional “One health perspective: a key for a sustainable future” (A perspectiva de uma saúde única: a chave para um futuro sustentável, em tradução livre).
A atividade teve como objetivo principal preparar uma nova geração de estudantes com ferramentas e conhecimentos interdisciplinares para enfrentar os desafios da promoção da saúde humana integrada ao meio ambiente. “Esta parceria não apenas constrói pontes para reduzir distâncias geográficas, mas também une objetivos compartilhados, potencializando o crescimento mútuo e a inovação”, celebrou Pampanin.
O conceito de “One health, one world” fundamenta o projeto a partir da ideia de uma saúde única entre os seres humanos, os animais e o meio ambiente. A proposta de integrar diferentes áreas do conhecimento une noções dos campos de Biologia, Ciências Humanas, Ecologia, Economia, Educação, Engenharia Ambiental, Fisiologia e Saúde Pública.
“Saúde, meio ambiente e, particularmente, as doenças, tudo é interconectado, não dá para estudá-los de forma separada. O conhecimento multidisciplinar é fundamental para a compreensão de problemas complexos”, destacou o professor Rodrigo Nunes da Fonseca, ex-diretor do Nupem e um dos coordenadores do projeto.
A proposta integrativa de uma saúde única foi muito bem recebida no Nupem. Segundo Rodrigo, o instituto sempre desenvolveu pesquisas que dialogam com diferentes campos do saber. “Educação, meio ambiente e saúde são três focos da nossa unidade. A pesquisa em Biologia, Ecologia e, sobretudo, a ideia de sustentabilidade, são naturalmente multidisciplinares”, afirmou.
O projeto NorBra prevê apoio financeiro para que professores e alunos possam realizar parte de suas pesquisas nas instituições parceiras. A meta é criar uma comunidade internacional de pesquisa e criar pontes entre as infraestruturas das universidades e a biodiversidade de cada país.
Para a professora Ana Cristina Petry, coordenadora do programa de pós-graduação em Ciências Ambientais e Conservação do Nupem, o valor do intercâmbio de conhecimento é inestimável para as pesquisas. “Vai muito além do acesso aos equipamentos de ponta que existem em Stavanger ou do contato com um patrimônio biodiverso tão grande quanto o nosso”, ponderou.
A docente ressalta que a vivência das diferenças e similaridades entre os dois países é tão importante quanto o conhecimento técnico. “Muitas vezes, uma cidade pode passar no futuro o que a outra já viveu no passado e nós podemos aprender com isso”, explicou.WhatsApp Image 2024 07 01 at 17.28.25 7

DESENVOLVIMENTO
Se a presença da indústria de exploração do petróleo traz impactos ambientais para as duas cidades, há também benefícios no desenvolvimento socioeconômico local que são considerados pelo projeto. A demanda por profissionais capacitados em lidar com a gestão ambiental de grandes empresas alimenta linhas de pesquisa nas universidades.
“Essas cidades têm a atenção do mundo sobre elas e acabam se tornando polos do saber. Formar pessoas nesse contexto é ótimo, porque já existe um mercado pronto para receber essas pessoas”, concluiu Petry.
A rede de contatos proporcionada pelos cursos do projeto NorBra é apontada como destaque pelos participantes. Gésily Aguiar, mestranda em Fisiologia pelo Nupem, encontrou no curso a possibilidade de novos caminhos profissionais. “Esse curso foi muito importante para mim, pude fazer laços com pessoas do outro lado do mundo, compartilhar experiências, treinar meu inglês e principalmente visualizar milhões de possibilidades”.
A estudante revelou que o ritmo das aulas ministradas durante a semana foi pesado. “Não vou mentir, foi puxado. A cabeça fervilha e o corpo também cansa, mas não me arrependo nenhum segundo de ter me inscrito”, declarou.
Já Nelly Narges Karimi participou na edição de 2019 como estudante de mestrado em Energia, Meio Ambiente e Sociedade na Universidade de Stavanger. Hoje, a líder do programa de desenvolvimento de inovação da universidade norueguesa recordou com carinho as aulas em Macaé.
“As palestras, as visitas de campo e a estrutura geral do programa foram muito bem planejadas. O curso promove várias oportunidades de contatos e aprendizagem entre pesquisadores e estudantes de diferentes países”, lembrou.
O projeto NorBra funciona em ciclos de quatro anos. O atual se encerra em 2025. A professora Daniela Maria Pampanin espera aprofundar a cooperação entre a UFRJ e a Universidade de Stavanger. “Desde o início do projeto, existe um interesse crescente em participar de programas educacionais e de intercâmbio. A minha esperança é que esta parceria se expanda, criando uma relação duradoura de excelência acadêmica, beneficiando tanto as instituições como as suas comunidades”, desejou a docente.

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