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WhatsApp Image 2024 01 11 at 19.38.15 3VAZAMENTO afetou o funcionamento do data center em meados de dezembro - Fotos: divulgaçãoRenan Fernandes

Há pouco menos de um mês, um vazamento que afetou os no-breaks do data center da UFRJ expôs a fragilidade do sistema de conexão da maior universidade federal do país. Professores, técnicos e alunos ficaram sem internet entre os dias 14 e 16 de dezembro. “A Tecnologia da Informação (TI) da UFRJ foi sucateada. Foi instituída, mas não foi construída”, afirma Ana Maria Ribeiro, superintendente-geral de Tecnologia da Informação e Comunicação (SGTIC).
“Internet é soberania nacional. É uma área essencial, tão importante como água ou luz. Quando para a rede, temos que mandar as pessoas para casa porque não é possível acessar o SEI (Sistema Eletrônico de Informações) ou o SIGA (Sistema de Gerenciamento Acadêmico)”, defende.
As precárias condições de trabalho jogam contra o desempenho do setor. Criada em 2009 para resolver as necessidades de soluções e serviços de tecnologia das atividades de ensino, pesquisa e extensão, a SGTIC não possui sede própria desde o incêndio no antigo prédio da reitoria, em 2016.
A superintendência ocupa de forma improvisada três salas no Instituto Tércio Pacitti de Aplicações e Pesquisas Computacionais (NCE) e contêineres na entrada do edifício Jorge Machado Moreira. Há problemas de infraestrutura nas redes elétrica e hidráulica e os contêineres acumulam mofo e têm parte do piso afundada.
Do corpo funcional de 147 servidores, apenas a área de suporte e de rede trabalham de forma presencial. A inexistência de uma sede mantém a maior parte dos funcionários no trabalho remoto. “Nosso quadro é muito qualificado. São heróis que fazem o impossível. Com as condições de trabalho que têm, não sei como a universidade mantém os sistemas”, diz Ribeiro.
A alta rotatividade entre os funcionários também é um problema. A UFRJ perde analistas de sistemas para outros órgãos públicos e para a iniciativa privada por não oferecer salários competitivos. “As saídas provocam acúmulo de trabalho. O conhecimento da UFRJ, o entendimento da atividade-fim é importante. Essa curva de aprendizado é perdida com a renovação constante de servidores”, explica Tiago Miranda, diretor de Planejamentos e Projetos da SGTIC.
Miranda destaca a necessidade de recursos para o setor. “A UFRJ fez investimentos altos em 2012 e, desde então, não vem conseguindo investir. Precisamos atualizar equipamentos e manter contratos de garantia vigentes para a manutenção”, conclui.

INVESTIMENTOS
Uma parceria recém-assinada pode ajudar a melhorar este cenário. A UFRJ aderiu ao ICT Academy, programa da empresa chinesa Huawei que oferece aos estudantes cursos de qualificação profissional na área de TI. A empresa já possui um acordo de cooperação técnica com o Ministério da Educação firmado em 2022. Por iniciativa da SGTIC, representantes da Huawei vieram ao Rio de Janeiro para uma reunião com o reitor Roberto Medronho e a superintendente Ana Maria Ribeiro.
A universidade busca apoio técnico e recursos financeiros para tirar do papel o projeto de construção de uma arena digital, que funcionaria como sede do data center da universidade e espaço para o desenvolvimento de atividades acadêmicas. Foi apresentado aos chineses o funcionamento da Rede Rio, o canal de acesso à internet exclusivo das instituições de ensino e pesquisa e órgãos públicos fluminenses financiado pela FAPERJ. A UFRJ é responsável por mais de 40% do tráfego da rede. Os recursos da Rede Rio podem ser usados para a aquisição de equipamentos tecnológicos.

GOVERNO DIGITAL
Aprovada em 2021, a lei 14.129 estabeleceu regras e instrumentos para o aumento da eficiência da Administração Pública, por meio da inovação, da transformação digital e da participação dos cidadãos. Os comitês gestores estabeleceram metas até dezembro de 2023 para a adequação às novas normas. “A UFRJ não cumpriu nenhuma das metas. Não tem plano de dados abertos, não tem programa de transformação digital e o plano diretor não é satisfatório”, avalia Ribeiro.
O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos lançou uma consulta pública para definir a nova estratégia de governo digital (2024-2027). A SGTIC participou e defendeu uma política de gestão da TI no Brasil similar ao SUS, com a formação de uma comissão tripartite e distribuição de recursos. “Se tivéssemos nas unidades os recursos para comprar computador, notebook, switch, os nossos orçamentos seriam suficientes. O governo federal mandaria o dinheiro para garantir apenas o que é mais caro”, completa a superintendente.

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