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WhatsApp Image 2023 12 01 at 21.29.34 6Foto: Fernando SouzaRenan Fernandes

Tornar os currículos mais inclusivos, buscar fontes afrocentradas e retirar intelectuais negros da obscuridade. Estas foram as propostas do evento “Memória e (re)construção dos direitos humanos: o ensino de história afro-brasileira e indígena no Brasil”, organizado pelo Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFRJ. O encontro ocorreu nos dias 29 e 30 de novembro e reuniu professores, pesquisadores e militantes da temática racial no Auditório Professor Manoel Maurício de Albuquerque, no Campus da Praia Vermelha.
Acabar com a atual hierarquia de conhecimentos dentro da academia foi o caminho apontado para alcançar uma educação antirracista. “É preciso transformar o currículo de ensino para incluir novas pautas, construir outras possibilidades que nunca foram contempladas”, disse Mariana Gino, professora do departamento de Ciência Política e secretária executiva adjunta do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas.
A docente, que também representou o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) no evento, comemorou os 20 anos de implementação da Lei 10.639/2003, que tornou obrigatória na rede educacional o ensino da temática “história e cultura afro-brasileira”.
Mas há um longo caminho a ser percorrido para a plena efetivação da lei. “Ainda nos baseamos em Kant e Hegel, pensadores que contribuíram com o processo de desumanização de corpos não-brancos”, afirmou. “Precisamos renovar as fontes de pesquisa. Encontrar e dar voz a acadêmicos negros e indígenas que estão desenvolvendo pesquisa nas universidades”, completou a professora.
A política antirracista já ganhou espaço em algumas unidades. “Temos uma nova linha de pesquisa na pós-graduação em gênero, raça e colonialidade para possibilitar o reconhecimento e a inclusão de saberes historicamente desprezados pela academia”, destacou o diretor do IFCS, Fernando Santoro.
O estudo de questões de gênero e raça invisibilizadas pela ação colonizadora europeia é parte fundamental da atualização dos currículos de ensino e da formação de novos professores. “Como vamos ensinar os conteúdos relacionados às culturas afro-brasileira e indígenas no ensino básico se não ensinarmos aos professores na formação? É tarefa da universidade oferecer esses conteúdos na licenciatura”, completou Santoro.

DIREITOS HUMANOS
O encontro também abordou a questão dos direitos humanos sob a ótica da imigração, do trabalho e do ensino da África. O decano do CFCH, professor Vantuil Pereira, discutiu o papel do centro nas discussões acerca das questões étnico-raciais formadoras do país. “Temos o compromisso de pensar criticamente os direitos humanos, os processos de ensino e de problematizar os contextos históricos. Trouxemos estudiosos de várias áreas para abrir a fronteira dos estudos”, afirmou Pereira. “Precisamos apostar no atravessamento interdisciplinar. Trocar, produzir diversidade de pensamentos e epistemologias”, completou.
Diretora do Núcleo de Estudos em Políticas Públicas e Direitos Humanos (NEPP-DH), a professora Maria Celeste Marques destacou a desigualdade do país em sua explanação. “Completamos 75 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que humanizou alguns e deixou outros de fora. É preciso debater os direitos humanos transversalmente, a fim de acolher a diversidade”.
O viés extensionista do evento foi elogiado pelos participantes. A vice-presidenta da AdUFRJ, professora Nedir do Espirito Santo, falou sobre o diálogo entre universidade e sociedade, por meio da pesquisa e da extensão. “Penso no quanto o nosso corpo docente é ignorante em tantos temas e penso também no que podemos levar para fora”, refletiu.

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