“Ontem (quarta-feira, 18) eu teria uma aula na sala 406, mas, por conta da infiltração, parte da sala estava alagando, a parede e o teto estavam muito úmidos, então trocamos de sala. Além disso, o ar-condicionado está cedendo, com risco de cair. Esse ar-condicionado fica em cima de três cadeiras, ele não é ligado, mas fica pingando por causa da infiltração. Mudamos para a sala 402, que só tem ventiladores de teto, e tivemos de desligar um deles no meio da aula porque estava balançando muito, ficamos com medo de ele cair também”, relatou Pedro Augusto Terra de Albertim, aluno do 2° período de Ciências Sociais e representante do Centro Acadêmico do curso (CACS).
Os estudantes convocaram para a próxima quarta-feira (25) uma assembleia comunitária em que vão debater com docentes, técnicos e terceirizados o indicativo de paralisação para o dia 8 de novembro. “Nessa assembleia, esperamos oficializar esse indicativo. Não são problemas pontuais, estão para acontecer mais acidentes. E isso afeta a nossa condição de estudo. Até quando vamos ter aula, até quando os técnicos e terceirizados vão continuar trabalhando? Até acontecer um acidente fatal? Até acontecer um incêndio? Como vamos evacuar o prédio? Não temos sinalização, as escadas não têm faixa antiderrapante, a escada de emergência não tem corrimão”, sustentou Pedro Albertim.
SITUAÇÃO PRECÁRIA
As más condições de estrutura do IFCS-IH ganharam repercussão com uma carta conjunta apresentada na reunião da Congregação do IFCS no último dia 4 e enviada à direção da unidade pelos departamentos de Antropologia Cultural, Ciência Política e Sociologia e pelo CACS. Professores e alunos se uniram para fazer um levantamento sala a sala dos problemas e formaram um dossiê que sustenta a denúncia. “Consideramos que as atuais condições do prédio se encontram inadequadas, perigosas e arriscadas para a continuidade das atividades de ensino”, alerta a carta, informando ainda que, caso as demandas não sejam atendidas, “o corpo docente de Ciências Sociais se verá compelido a realizar uma paralisação das atividades”.
Na quinta-feira (19), estudantes do IFCS-IH protestaram com gritos e faixas na sessão do Conselho Universitário. Eles também divulgaram uma carta em que denunciam os problemas do prédio e o atraso frequente nos salários dos terceirizados. O reitor Roberto Medronho prometeu para a próxima terça-feira (24) uma vistoria no prédio do IFCS-IH, a partir de 9h.
“Toda a reitoria visitará o IFCS na terça-feira, com a prefeitura, com o ETU, com nossos pró-reitores para verificar toda a situação e as justas reivindicações de alunos, docentes e técnicos. Nossa proposta é que a gente faça tudo para resolver pelo menos os mais graves problemas que temos lá, dos quais temos ciência e estamos aqui para enfrentá-los. Depois da visita, queremos uma reunião com o corpo social, queremos estabelecer essa interação, esse diálogo e também colocarmos algumas questões sobre por que algumas dessas justas reivindicações ainda não foram atendidas. Mas não apenas com justificativas, mas com propostas concretas de solução. A reitoria está empática, acolhe as justas reivindicações”, disse o reitor.
Na mesma sessão do Consuni, o pró-reitor de Finanças, professor Helios Malebranche, lembrou que há recursos disponíveis do orçamento participativo. “No caso do IFCS são R$ 35 mil. E o limite de empenho desses recursos é até esta sexta-feira (20)”, destacou o pró-reitor. O diretor do IFCS, Fernando Santoro, disse que solicitou 100% do orçamento participativo, mas a unidade gestora que os empenha é o CFCH. Disse ainda que, em 2022, o IFCS foi a única unidade do CFCH a empenhar e usar 100% do orçamento participativo. “Pretendemos repetir o desempenho. As travas às reformas estruturais não estão no orçamento participativo, mas na demora da execução dos projetos e obras já licitados”, acrescentou o professor.
Tombado pelo Iphan e pelo Inepac (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural), o prédio do IFCS tem suas origens no século XVIII. Datam de 1749 os primeiros registros de construção de uma nova Sé para o Rio de Janeiro no local. Após várias interrupções por falta de recursos, o terreno foi destinado a sediar a Real Academia Militar, em 1812. Transformada, em 1874, em Escola Politécnica, seria integrada à Universidade do Brasil em 1937. Desde 1960, o prédio sedia o IFCS.