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Leia aqui um resumo das oito perguntas e respostas que movimentaram o debate entre as chapas. As questões foram feitas pela plateia sorteada pela Comissão Eleitoral

 

Qual vai ser a relação da AdUFRJ com a reitoria, em especial em razão das nossas progressões docentes, já que um integrante da AdUFRJ votou contra os nossos direitos no Consuni? (Mariana Trotta)

Chapa 1: Isso é uma fakenews. A AdUFRJ não tem assento no Consuni. Essa decisão não ocorreu na atuação de um de nossos diretores enquanto representante da AdUFRJ. Ele o faz como representante dos professores eméritos.
Nessa altura, a AdUFRJ tinha solicitado ao jurídico um parecer que corroborava nossa posição, que é: a lei determina apenas duas condições para a progressão; o cumprimento dos requisitos e a passagem do interstício de dois anos.
Assim que houve a decisão do Consuni, entramos com uma ação coletiva e, mesmo antes, já estávamos pavimentando uma série de ações individuais. Nossa relação com a reitoria foi demonstrada na semana que passou, em que entregamos dois requerimentos, um para o reitor e outro para a PR-4, demandando essa revisão do Consuni. Nossa relação com a reitoria vai ser a de diálogo e assertividade em defesa dos direitos dos docentes.

Chapa 2: A questão das progressões tem impactado muito os debates da categoria, porque envolve nosso tempo de trabalho, nossa vida com nossa família, nossa produção docente, nosso compromisso com a sociedade e com os estudantes.
É muito preocupante que um diretor da AdUFRJ tenha cumprido esse papel no Consuni, de defender uma perspectiva rebaixada em relação aos nossos direitos à progressão.
A AdUFRJ precisa ter uma posição muito firme e essa firmeza demanda uma relação de independência tanto com reitoria, quanto na relação com governos e partidos.
Também é necessário agir com democracia, com consulta aos docentes para pensar coletivamente formas de enfrentamento a questões que envolvem a precarização do nosso trabalho. Isso não é um velho sindicalismo. É a mobilização da categoria para a luta.

 

Como aproximar jovens professores e docentes aposentados no dia a dia do sindicato? (Cristina Miranda)

Chapa 2: Estão bem caracterizadas as diferentes concepções sobre o que deve ser o movimento sindical. A gente tem o entendimento que a AdUFRJ precisa mudar, mas precisa mudar pela base. O nosso sindicalismo precisa criar mecanismos métricos de decisão coletiva, que seja capaz de tomar as melhores decisões – aproveitando a inteligência dos docentes, em diálogo presencial em todos os campi da universidade.
Estamos assistindo uma concepção sindical que afasta o sindicato como instrumento de luta do cotidiano do corpo docente e da comunidade universitária. A gente quer um sindicato de luta, por uma concepção de universidade com princípios e com articulação com o Andes.
A gente quer um sindicato que seja um instrumento de mobilização aqui na UFRJ, envolvendo assembleias multicampi, presenciais e híbridas, para garantir o máximo de participação possível. A diretoria não cria esses espaços de debate. Isso precisa ser parte do cotidiano, o método de condução do nosso sindicato.

Chapa 1: Esse tema da participação é muito importante. A gente ampliou a participação. O professor que representamos é um professor ocupado, que não é um sindicalista profissional. A possibilidade de participar remotamente amplia essa presença. Uma coisa que nos caracteriza é o entendimento não dicotômico da dimensão da luta e da assistência. Um dos objetivos do sindicato é criar essa dimensão de grupo, essa sensação de que você está sendo acolhido. Nós criamos a rota cultural, fizemos café da manhã para os aposentados. Aliás, ao mudar o jurídico, descobrimos que os aposentados tinham direitos que eles não estavam gozando, como o direito aos 3,17% e outros, como as licenças-prêmio não gozadas.
Outra iniciativa foi a criação de um sistema de carência de mensalidades para os professores jovens. Nos primeiros dois anos eles são isentos das mensalidades e nos dois anos seguintes o professor paga a metade.
A gente acredita que vertebrar a sociedade civil é a forma de combater a extrema-direita. E o sindicato é uma entidade de vertebração da sociedade civil. Daí a importância de fortalecer e atrair novos filiados e permitir que essa participação se dê também em novas formas de participação e de luta.

 

O que as duas chapas pensam em relação à greve e organização da greve? (Rodrigo Fonseca)

Chapa 1: Bolsonaro teve 49,3% de votos na sociedade. No Rio de Janeiro, ele teve 53%. A questão da extrema-direita não é do passado. O campo progressista não tem hegemonia na sociedade. O que derrotou eleitoralmente a extrema-direita foi uma frente ampla, e que, por ter esse caráter amplo, foi capaz de derrotar eleitoralmente a extrema-direita. Esse equilíbrio é frágil e precisa do nosso esforço.
É necessário que a gente tenha responsabilidade e que a gente não repita os erros do passado, quando a esquerda criou um palco para a extrema-direita dançar. Foi isso que aconteceu em 2015 e em 2016 com o “fora todos”, do qual o Andes fez parte, e que, de maneira irresponsável, criou manifestações que fragilizaram o governo da primeira mulher eleita.
Uma bandeira de greve abre espaço para essa extrema-direita voltar ao poder. A gente precisa de responsabilidade histórica.

Chapa 2: Contribuímos para a organização dos docentes na campanha que a gente achou fundamental, de oposição ao governo de Jair Bolsonaro.
A gente entende que as estratégias de mobilização da categoria docente devem ser construídas nos espaços democráticos, que são as assembleias gerais.
A gente não é contra o formato remoto, mas a gente entende que é interessante ter assembleias híbridas que convidem os professores a partipar e que sejam espaços de agregação, debate político fraterno e comprometido com os avanços e a luta da categoria.
A gente acha que as estratégias de luta devem ser dialogadas, como a greve, que é uma estratégia legítima, porém está muito longe de ser um caminho fácil. Nunca é o desejável, o prioritário, mas pode ser uma estratégia utilizada, caso a categoria entenda dessa forma. O princípio da democracia sindical é fundamental para esse debate.
A gente acha que existem muitas pressões, por exemplo, no campo do arcabouço fiscal, para o desmantelamento e desfinanciamento das políticas públicas e da universidade. Um por cento para a categoria não diz respeito somente à nossa recomposição salarial. Diz respeito ao nosso trabalho, à nossa pesquisa, à nossa relação com o estudante. Eu não sei da onde a atual diretoria tira essas estratégias para levar para os espaços nacionais, porque a categoria não discute, por exemplo, o Observatório do Conhecimento e qual linha política vai ser debatida pelo Observatório nesses espaços.

 

O Observatório do Conhecimento foi criado com grande participação da AdUFRJ. Vocês vão dar continuidade ao Observatório? (Carlos Frederico Rocha)

Chapa 2: A direção deve trazer a categoria para discutir o Observatório do Conhecimeto, pensar a questão de transparência em relação às políticas que são defendidas, ao emprego de recursos alocados, e às demais instâncias da vida sindical.
É preciso explicitar a falta de transparência para a categoria sobre o papel do Observatório. Qual a intencionalidade do Observatório?
Fica difícil a gente se posicionar com mais assertividade, porque não chegam para nós informações que embasam esse protagonismo que o Observatório tem na formulação da política da AdUFRJ.

Chapa 1: O Observatório estava no nosso programa, enquanto chapa, em 2021. Portanto, nós fomos sufragados para exercer esse papel. Durante a nossa gestão, a gente conseguiu posicionar o Observatório como uma entidade de referência no campo educacional.
O Observatório esteve presente em cinco das seis audiências públicas sobre educação superior. E ele consegue alguns resultados que o Andes não consegue, mesmo tendo apenas 7% do custo total que a AdUFRJ desembolsa para o Andes. E exatamente porque a gente faz uma coisa que é conversar com parlamentares de diferentes posições ideológicas.
A gente entende que educação é uma pauta que permite interlocução com segmentos de diferentes lugares do espectro ideológico.
Atuando no Observatório do Conhecimento, a AdUFRJ tem mais uma frente e nela a gente consegue estar para além da dicotomia sindical entre Andes e Proifes. O Observatório é um espaço que tem pessoas do Andes, do Proifes.
O sindicalismo do Andes é um sindicalismo ultrapassado, que se utiliza do assembleísmo para afastar o professor normal. O professor que não é treinado no sindicalismo não consegue aguentar uma reunião que vai das 9h à meia-noite. O assembleísmo exagerado afasta o professor e isso não é participação. É sectarismo.

 

Caso vocês ganhem a próxima eleição, como vão se comportar face a propostas de greve puxadas nesse governo progressista? (Ricardo Medronho)

Chapa 1: Política não se faz com voluntarismo. Se faz com responsabilidade e diálogo. Participei de todas as reuniões do Andes no ano que antecedeu a eleição mais importante da nossa história, que foi a eleição de 2022. E a eleição foi um tema completamente marginal. Na reunião que antecedeu a eleição, ficamos três dias discutindo a expulsão de um sindicalizado. Isso para mim foi uma lição.
Uma lição de um tipo de sindicalismo que a gente não quer fazer, completamente alienado das questões que afetam a nossa categoria, fazendo discussões completamente anódinas, alienadas da conjuntura e da vida diária da universidade. Esse é o sindicalismo que a gente não quer e é por isso que nós somos oposição à diretoria do Andes.
Nos últimos dois finais de semana no Andes, em Brasília, não discutimos índice de reajuste. Perguntei o tempo inteiro sobre o índice. O que estávamos discutindo era um levantamento das perdas, que é importante, mas não é a discussão de qual índice a gente deveria apresentar. Era para a gente ter dado o primeiro lance. Um índice factível diante de cálculos que deveriam ter sido repassados para nós que fazemos um repasse milionário ao Andes.

Chapa 2: É importante ter uma decisão se é sectário ou se é assembleísta. Considero um desrespeito ao conjunto dos docentes que durante décadas construíram um movimento docente nessa universidade, que se colocaram no debate em relação à previdência. Nós, novos docentes, estamos sendo prejudicados, lançados às incertezas do Funpresp. É um desrespeito também com os movimentos que emergiram na década de 80, no pós-ditadura militar. As oposições sindicais se colocaram contra o sindicalismo pelego da ditadura militar. Essas são as velhas formas. A oposição sindical foi construída pelo presidente Lula, pelo Movimento Sem Terra. Foram as lutas que criticaram o sindicalismo pelego.
Na verdade, esssas novas formas não têm nada de novo. É o velho e carcomido sindicalismo pelego. Pela primeira vez participei do Congresso do Andes no Acre. Atravessei o Brasil com meu bebê de dois anos. Achei incrível o espaço de construção democrática, mas dá trabalho. A construção coletiva é cansativa. dá trabalho. É óbvio que a gente gosta de final de semana com piscina. A gente gosta de ter tranquilidade, mas a gente acredita na organização coletiva.

 

Qual vai ser a relação da AdUFRJ com a base? Em qual assembleia nós tomamos a posição de disputar o arcabouço fiscal? (Marinalva Oliveira)

Chapa 2: Está sendo criada uma imagem de sindicalista profissional, que precisa ser performático para participar de um espaço tão caro para a categoria, que são as assembleias. Estou aqui com meu filho para mostrar que essa imagem não existe.
Não basta a gente chamar de assembleísmo para esvaziar um espaço político tão importante e que nos ajuda a ter inteligência coletiva para encontrar os melhores caminhos. A gente sabe que os professores muitas vezes vão encontrar dificuldades, mas o papel da direção sindical é mobilizar a base. É fazer um Conselho de Representantes que tenha vida de fato, que seja construtor das táticas de luta.
Nossa relação com a base vai ser de diálogo. Mas não vai ser uma relação de informe das conversas de gabinete. É óbvio que a gente precisa dialogar com a instituição, mas fazer esse diálogo com a base mobilizada, porque é isso que nos dá respaldo para convencer nossos interlocutores.
Existem instrumentos democráticos para decidir o que é importante ser pautado. A gente tem um programa, mas não acredita que a eleição é suficiente para legitimar tudo. Não é porque o Observatório está no programa que a gente não precisa discutir como, com que dinheiro, qual a prioridade, qual o papel. Gastar recurso digital, sim, para as redes, mas construir com a base, e não apenas em seu nome.

Chapa 1: Eu vou devolver com uma pergunta. Que base é essa que está sendo tão mobilizada? Os congressos do Andes deixam de lado a imensa maioria dos docentes que acham que aquilo ali é abjeto, porque é alienado daquilo que faz parte da vida do professor. Não fala de política, não fala das questões importantes. Fica ensimesmado no seu próprio passado, nas suas próprias questões. A questão é que aquilo não é só inócuo. É sectário. Tem um propósito que é deixar de lado o professor que não comunga desse entendimento. O assembleísmo é uma forma de sectarismo.
Sobre o arcabouço, ele é melhor que o teto de gastos porque é passível de revisão e de pressão popular para essas revisões anuais. As metas são flexíveis e podem ser revistas. E nós somos críticos, sim, ao arcabouço e a qualquer medida de austeridade, tanto que entregamos em Brasília um documento exigindo a revogação do instituto que previa o congelamento de salários.
Em relação às progressões, o que fizemos foi apresentar à reitoria a legislação e o novo entendimento da AGU para subsidiar a universidade nesse tema.

 

A gente tem sentido uma dicotomia dentro do Andes, um presidente que não foi eleito por sua base, porque a UFMG foi retirada do processo eleitoral e profissionais demitidos do sindicato. Como construir e cobrar a atuação de um sindicato em crise? (Eleonora Ziller)

Chapa 1: A nossa proposta, em relação a essa postura atávica da atual diretoria do Andes, que se demonstra no presidente que não foi sufragado por sua própria universidade, é se organizar e atuar no principal movimento de oposição à direção do Andes. Eu tenho orgulho de ter integrado a chapa encabeçada pela professora Eleonora, de oposição à atual diretoria do Andes e que quer renovar – daí o nome – essas dinâmicas.
Eu pergunto novamente: que base é essa? De um total de 70 mil professores da categoria, estão ligados ao Andes menos de 10% dela. Participam dos congressos menos de 10% desses 10%. Então, esse assembleísmo é uma fraude, não é democrático. Ele não se aproxima do professor que não compartilha da mesma visão de mundo. Ele não disputa a sociedade civil porque é necessário sair da torre de mármore da superioridade moral e conversar com o professor que é de centro, com o professor que não tem opinião política formada. A gente acredita que precisa disputar a sociedade civil para recuperar o prestígio que a nossa categoria perdeu nesses anos de governo Bolsonaro.

Chapa 2: Se a AdUFRJ estivesse fazendo mais assembleias, consultando mais a categoria, criando espaços de solidariedade através da seção sindical, convocando o Conselho de Representantes, talvez, se a diretoria estivesse nesses espaços, conheceria os professores. A base está aí no dia a dia, sofrendo com a precarização, com a intensificação do trabalho, com jornadas extensas, com trabalho remoto, com ataque às progressões. Muitas vezes não consegue sair desse rolo compressor para estar nas dinâmicas do movimento sindical. Muitas vezes os professores não compreendem a relação da AdUFRJ com o sindicato nacional.
A AdUFRJ é uma seção sindical do Andes. Quem senta nas mesas de negociação é o Andes. Não é a AdUFRJ que, isoladamente, senta nessas mesas de negociação. A gente está em meio a uma campanha salarial. As seções sindicais no país inteiro já fizeram quatro rodadas de assembleia para discutir índice de reajuste, arcabouço fiscal. Há questões muito delicadas que precisam ser debatidas coletivamente. A AdUFRJ se coloca nacionalmente sem chamar assembleia.

 

O que vocês consideram como espaços de participação além das assembleias? Pretendem continuar com os convênios? (Ana Lúcia
Fernandes)

Chapa 2: Temos a perspectiva de retomar a nossa seção sindical como um espaço de reconhecimento dos professores, de agregação, de solidariedade. A gente acha super importantes os espaços de socialização. Gostaríamos, por exemplo, que os passeios pudessem ter mais vagas. Que a gente tivesse espaços que agregassem, como os convênios. A organização coletiva proporciona esses diálogos. Mas não é só isso. Por exemplo, é importante a construção de grupos de trabalho articulados com os grupos de trabalho do Andes, para discutir política racial, equidade de gênero, formas de mobilização, previdência.
Os professores mais recentes, que são a maior parte da nossa chapa, estão jogados à incerteza do Funsprev, não temos um debate coletivo sobre isso. É importante que a AdUFRJ fortaleça o Conselho de Representantes das unidades.

Chapa 1: Nossa oposição, respeitosamente, elogia e pede mais vagas em nossos passeios. Essa talvez seja a primeira promessa dessa nova gestão, que se apresenta como continuidade dessa diretoria, a de expandir o número de vagas nessas rodas culturais, uma iniciativa da professora Ana (Lúcia Fernandes) que está nos aproximando de professores que não teriam normalmente uma presença no movimento sindical. Mas que estiveram também, por exemplo, no café da manhã para os aposentados, nos encontros à noite com os filiados, espaços onde os professores conversam, congregam, constroem sinergias entre os docentes.
Criar esse tecido comum de acolhimento é função do sindicato. Sobre as novas formas de luta, a gente acredita que elas têm que passar pela comunicação, daí a importância do nosso jornalismo, mas também por mobilização. E essa mobilização tem que ocorrer de várias formas, inclusive pelas redes sociais, com pesquisas, levantamentos. Essa é uma das funções do Observatório do Conhecimento. Além disso, essa diretoria tem em curso uma campanha de valorização que vai mostrar como os professores atuam para além das oito horas de trabalho.
Por meio dessas novas formas de luta e comunicação a gente quer recuperar o prestígio para fora da sociedade mas também para dentro da universidade, atraindo aquele professor que está desgastado com o sindicalismo tradicional.

 

 

 

 

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