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Por Igor Vieira e Júlia Fernandes

 

 

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O passado, ainda que recente, pode ser facilmente esquecido. Mas as evidências existem para mostrar a realidade. De tão acostumado a mentir, o presidente Jair Bolsonaro ignorou essa regra básica. No debate presidencial da Band, no domingo (16), ao ser perguntado sobre quantas universidades foram criadas em seu governo, Bolsonaro disse que elas ficaram “fechadas na pandemia”. É mentira, presidente. Não só não ficaram fechadas, como também foram fundamentais no combate à covid-19.

“O Brasil é o décimo primeiro país do mundo em produção científica em coronavírus. Quando se olha quais são as instituições que mais produziram, estão as universidades federais, estaduais e a Fiocruz”, afirma a professora Denise Pires de Carvalho, reitora da UFRJ. Ela garante que, durante a pandemia, a universidade fez um trabalho árduo. “Não só não ficamos fechados, como salvamos vidas”, diz Denise.

As universidades públicas brasileiras foram fundamentais nesse momento sombrio. “A pandemia chegou no final de fevereiro (de 2020). No início de março, já estávamos implantando políticas institucionais que se capilarizavam pelos estados e municípios”, explica a reitora. A importância dessas instituições se deu por serem fontes confiáveis de informação, em um período em que a dúvida e o medo eram latentes.

Desde fevereiro de 2020, a UFRJ foi um importante pilar para o enfrentamento da situação. Naquele mesmo mês, foi criado o GT-Coronavírus, grupo que não só monitorava a situação da doença, como também fornecia informações que orientavam a comunidade da UFRJ sob o ponto de vista epidemiológico. Em março, em parceria com o Laboratório de Virologia Molecular, criou-se o Centro de Testagem Diagnóstica (CTD), que ofertava testes de diagnóstico da covid-19 a unidades de saúde.

“Desde o primeiro momento da pandemia, a UFRJ tinha testes moleculares padrão ouro internacional. Por pelo menos três meses, de março a julho, nós fomos os únicos a fazer testes na cidade do Rio de Janeiro, porque hospitais, clínicas e laboratórios não tinham”, informa a reitora. O professor Jackson Menezes, pesquisador do Nupem/UFRJ de Macaé e ex-diretor da AdUFRJ, conta que, no momento de escassez de testes, a demanda se dividiu entre o laboratório estadual Lacen e o Nupem/UFRJ, para fazer amostras de todo o estado, da rede pública e da rede privada.

LINHA DE FRENTE
Carla Araújo, professora da Escola de Enfermagem Anna Nery, foi coordenadora do programa de voluntariado de enfrentamento à situação pandêmica, organizado pela universidade. “Dentro desse programa, tivemos diversas ações que objetivavam enfrentar e minimizar os prejuízos causados pela pandemia. Havia quase 3 mil voluntários, entre estudantes, docentes e técnicos. Eles eram acionados de acordo com a necessidade. No CTD havia voluntários no acolhimento de famílias, no preenchimento das fichas dos pacientes, na realização da coleta do Swab e na coleta de sangue”, explica Carla. A iniciativa também contou com voluntários que auxiliaram na vacinação, na confecção de máscaras e na entrega de chips de internet aos alunos que precisavam desse recurso para ter aulas remotas.

As instituições foram fundamentais, principalmente nos períodos críticos da pandemia. “Em um momento em que faltava álcool na prateleira das farmácias, as áreas de Química das universidades e dos institutos federais se reuniram e produziram álcool 70% para as comunidades. Nós da UFRJ fomos financiados pelo Ministério Público para fazer essa produção”, diz Carla.

Cássia Turci, professora do Instituto de Química, ficou responsável pelo grupo GT Álcool, do CCMN, CCS, Coppe e complexo hospitalar, que supriu a demanda de álcool em gel dos hospitais e empresas do Rio e até de São Paulo. A produção foi feita por professores, estudantes e voluntários de diversos setores da UFRJ, totalizando mil litros de álcool em gel por dia e com a demanda de cinco mil por semana. “Conseguimos a maior parte dos insumos como doação das empresas, da área de petróleo e gás, de empresas que estão localizadas no Parque Tecnológico, que foi um grande parceiro, e até doação de empresas de São Paulo e do exterior”, conta ela.

A atuação das universidades também foi indispensável no momento de elaboração das vacinas. “Acompanhamos uma grande quantidade de indivíduos infectados, o que deu chance para a gente estudar a resposta imunológica à doença”, conta o professor Amilcar Tanuri, chefe do Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ. Apesar da urgência do momento, a Ciência nunca parou. Leda Castilho, pesquisadora da Coppe, está desenvolvendo um soro anti-covid testado em equinos e a UFRJ-VAC, vacina trivalente. Segundo ela, houve escassez de insumos nos laboratórios, e para a vacina, até mesmo os Estados Unidos deram apoio, assim como a Alerj e a Faperj, mas sem nenhum recurso federal. “Desde março de 2020, houve testagem por PCR e anticorpos aos profissionais de saúde dos hospitais públicos do Rio e da Baixada”, afirma Leda, que fez pesquisas antecipadas antes da covid-19 chegar no país: “A UFRJ não parou nem um minuto”.

Para o professor Amilcar, a forma como as instituições superiores atuaram é um aviso que foi dado para a sociedade. “As universidades vêm mostrando a sua importância dentro desse tópico de doenças emergentes e reemergentes. Não foi só a covid-19. Teve a zika, em 2015, e a monkeypox, recentemente. Cada vez mais o mundo vai estar exposto a esse tipo de doenças, e ter uma universidade, cientistas que possam dar uma resposta rápida, é fundamental. Carla Araújo segue o mesmo raciocínio: “A universidade é o grande farol de luz que ilumina e esclarece a população sobre o que se tem de conhecimento verdadeiro na Ciência em prol da saúde e do bem-estar”.

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