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WhatsApp Image 2022 10 14 at 22.07.40Igor Vieira

Mais de 500 cientistas brasileiros assinaram um manifesto a favor da candidatura de Lula, frisando avanços na Ciência promovidos em seus dois governos em contraponto aos sucessivos cortes na área feitos pelo governo Bolsonaro. O documento foi divulgado no dia 10 e é encabeçado pelos reconhecidos cientistas Ennio Candotti (veja perfil abaixo) e Renato Cordeiro, pesquisador emérito da Fiocruz.
O manifesto destaca: “Condenamos o atual governo por fomentar a ignorância contra a razão, devastar os ambientes e o viver juntos em nossa terra; por agredir o bom senso na grave pandemia da saúde; por tratar a covid-19 e suas vítimas com desprezo, estimulando o uso de terapias inócuas como ivermectina e cloroquina”.
De início, o manifesto era voltado para os conselheiros da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e de outras comunidades científicas. Mas as adesões se avolumaram, e foram abertas para membros da comunidade científica em geral, contando com a assinatura de expoentes como o ex-diretor do INPE Ricardo Galvão, a professora da UFRJ Ligia Bahia, diretora regional da SBPC no Rio de Janeiro, e o neurocientista Sidarta Ribeiro.
Professor emérito da UFRJ e ex-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), o físico Luiz Davidovich destaca os cortes na área da Ciência: “O governo prometeu liberar míseros R$ 2,7 bilhões no ano passado para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), porém não foi liberado por furar o teto de gastos. Mas o bolsolão não fura”, critica. Para o cientista, o governo Bolsonaro foi um retrocesso: “Levou o Brasil para trás”.
Em contrapartida, o físico enaltece os feitos dos governos Lula. “Apoiamos Lula pois seu governo fez o oposto do que esse governo fez. Lula aumentou o alcance do ensino superior no país, acabou com o famoso contingenciamento de orçamento para Ciência”.
Sidarta Ribeiro diz que os dois governos Lula foram os melhores para o povo brasileiro: “Embora sejam legítimas as críticas feitas ao governo Lula, ele foi o melhor presidente que já tivemos em CT&I, Educação e Cultura. O manifesto é uma construção de amor e respeito a tudo que foi construído no passado”.
Para a professora Ligia Bahia, “é impossível ser racional, acompanhar o ocorrido na pandemia, e votar em Bolsonaro”. Ela defende o voto em Lula contra o fascismo. “As pessoas não podem se manter nessa posição de neutralidade, não é sempre que temos que ter uma posição ideológica, mas nesse caso é preciso. As ameaças são físicas, de expressão. Não é só em relação aos cortes, às carências, é algo muito maior que isso.”
Já Ricardo Galvão mostra preocupação também com o novo Congresso, e relembra os motivos da sua exoneração do Inpe, em 2019, por Bolsonaro. “Ele chamou toda a comunidade científica de mentirosa, disse que eu estava contra o Brasil. Tive discussões com o ‘desministro’ Salles, e ficou claro que o governo Bolsonaro e seu entorno têm os cientistas como inimigos”.
Para o ex-diretor do Inpe, a academia subestimou a força do bolsonarismo e os cientistas devem ter um papel mais atuante contra o negacionismo. “Não basta assinar o manifesto. Nós temos que atuar junto com os parlamentares que defendem a Ciência, manifestar fortemente nossa voz, pelas redes sociais e mídias”.
Outro manifesto divulgado nesta sexta-feira (14) — Ciência, Tecnologia e Inovação com Lula — foi idealizado para uma participação mais ampla de cientistas, professores, pesquisadores, técnicos, empresários, trabalhadores, servidores, pós-graduandos e gestores da área de CT&I, mas pode ser assinado por qualquer pessoa e está disponível em https://cienciacomlula.observatoriodoconhecimento.org.br/.
O documento fala do legado trágico do governo Bolsonaro e defende a eleição de Lula. “As propostas de Lula para o próximo governo recuperam e ampliam em muito o que seu governo anterior realizou. Pontos essenciais serão a recuperação econômica do país, a melhoria do sistema educacional e da saúde pública, a extinção da fome e a preocupação com o meio ambiente e com uma agricultura sustentável”, diz o texto.
Até o fechamento desta edição já haviam assinado o documento, entre outros, os professores Ildeu Moreira e Luiz Davidovich, da UFRJ, Paulo Artaxo, da USP, e Sergio Rezende, da UFPE.

Candotti é um dos idealizadores da carta dos cientistas

WhatsApp Image 2022 10 14 at 22.02.59O professor Ennio Candotti é um dos idealizadores do manifesto dos cientistas, ao lado de Renato Cordeiro, da Fiocruz. Nascido em Roma em 1942, Candotti veio para o Brasil dez anos depois, estudou na USP e regressou à Itália. A convite do Instituto de Física, voltou para lecionar na UFRJ e teve participação ativa no início da AdUFRJ.
Ex-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) por quatro mandatos (1989-1991, 1991-1993, 2003-2005, 2005-2007), recebeu o título de presidente de honra da entidade. Atualmente, dirige o Museu da Amazônia (MUSA).
“Não é possível fazer ciência em uma sociedade tolhida, amarrada, tradicionalista, fechada. As três palavras: tradição, família e propriedade estão na base do charlatanismo. É preciso reconquistar o espaço histórico da Ciência para reconquistar a democracia plena no país”, disse, durante aula magna no Dia de Mobilização em Defesa da Ciência, em 2021.

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