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IMG 1395Foto: Alessandro CostaSilvana Sá e Igor Vieira

Passado o primeiro turno das eleições, é hora de analisar o que as urnas nos dizem. Em âmbito nacional, um dos dados que chama atenção é o aumento de votantes no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e no PT. Desde 1989, o partido e o candidato vêm numa crescente conquista do eleitorado. Houve oscilação para baixo apenas em 2014 e 2018.
“Essa votação é importante porque nos mostra que não devemos aderir a discursos derrotistas, nem a nada que venha tornar essa campanha reativa”, analisa a professora Mayra Goulart, vice-presidente da AdUFRJ e docente do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais. “Essa é uma campanha proativa. Estamos apresentando e defendendo uma visão de sociedade”, argumenta.
Para a cientista política, o desempenho de Lula no primeiro turno tem dois qualificadores. Um deles é o fato de seu oponente ser o atual presidente da República. “É uma vitória sobre um presidente incumbente”, diz. “Além disso, Bolsonaro faz algo inédito: ele injeta um grande volume de recursos de forma descoordenada, com propósito eleitoral mais imediato possível”, analisa Mayra. “Ele usa a máquina pública contra seu adversário, não só em relação ao dinheiro, mas no uso político de ministérios, por exemplo, para criticar as pesquisas eleitorais”.
O outro fator é que o PT aumentou sua votação sem sinalizações à direita. “Esse ano não teve ‘carta aos brasileiros’, não houve apresentação de um Ministério da Economia prévio já comprometido com determinadas pautas, como o teto de gastos”, observa a professora. “O PT está se apresentando como um partido de esquerda. Defendendo seu legado de inclusão social e distribuição de renda”, afirma.
Ao mesmo tempo, Bolsonaro perdeu pequeno percentual de seu eleitorado. A docente acredita que essa queda seja resultado da má condução da pandemia, mas a maior tendência é de fidelização de seus eleitores. “Quem vota em Bolsonaro está satisfeito porque ele entregou o que prometeu, algo muito abstrato que é a ‘manutenção da ordem’, da família tradicional”.
Também professora do IFCS, a cientista política Thais Aguiar analisa o quadro legislativo. Na Câmara, a docente acredita que se manteve um equilíbrio entre forças que já disputavam a casa. A novidade mesmo é o Senado. “Já houve uma ofensiva do PL, se entendendo como partido majoritário, de galgar à presidência do Senado”, diz. “Isso coloca em risco projetos de leis progressistas e acaba com as questões dos freios e contrapesos dos Poderes”, acredita a professora. “A própria Damares (Alves, ex-ministra de Bolsonaro) falava, quatro meses antes das eleições, que disputaria a presidência do Senado”, lembra. “Rodrigo Pacheco (atual presidente do Senado) estava servindo até agora como uma barreira de contenção a esses propósitos”.

COMPARATIVO DE OUTRAS ELEIÇÕES

1989
1º turno
eleitorado:
82.074.718
comparecimento:
72.290.216 (88,08%)
Abstenção:
9.784.502 (11.92%)
votos válidos:
68 milhões (93,5%)
brancos e nulos:
5 milhões (6,5%)

Collor - PRN:
20.611.030 votos (30,48%)

Lula - PT:
11.622.321 votos (17,19%)

1994
1º turno
eleitorado:
94.732.410
comparecimento:
77.898.464 (82,23%)
abstenção:
16.833.946 (17,77%)
votos válidos:
63.262.331 (81,21%)
brancos e nulos:
14.636.133 (18,79%)

Fernando Henrique PSDB:
34.350.217 votos (54,24%) ELEITO

Lula - PT:
17.112.255 votos (27,07%)

1998
1º turno
eleitorado:
106.100.596
comparecimento:
83.297.773 (78,50%)
abstenções:
22.802.823 (21,49%)
votos válidos:
67.722.303 (81,30%)
brancos e nulos:
15.575.470 (18,7%)

Fernando Henrique PSDB:
35.936.382 votos (53,06%)ELEITO

Lula - PT:
21.475.211 votos (31,71%)

2002
1º turno
eleitorado:
115.253.816
comparecimento:
94.805.583 (82,25%)
abstenção:
20.448.233 (17,74%)
votos válidos:
84.952.512 (89,60%)
brancos e nulos:
9.850.438 (17,75%)

Lula - PT:
39.455.233 votos
(46,44%) - 2º turno

José Serra - PSDB:
19.705.445 votos
(23,19%) - 2º turno

2006
1º turno
eleitorado:
125.912.935
comparecimento:
104.820.459 (83,25%)
abstenção:
21.092.675 (16,75%)
votos válidos:
95.996.733 (91,58%)
brancos e nulos:
8.823.726 (8,42%)

Lula- PT:
46.662.365 votos
(48,60%) - 2º turno

Geraldo Alckmin - PSDB: 39.968.369 votos
(41,63%) - 2º turno

2010
1º turno
eleitorado:
135.804.433
comparecimento:
111.193.747 (81,88%)
abstenção:
24.610.296 (18,12%)
votos válidos:
101.590.153 (91,36%)
brancos e nulos:
9.603.594 (8,64%)

Dilma Rousseff- PT:
47.651.434 votos
(46,91%) -2º turno

José Serra - PSDB:
33.132.283 votos
(32,61%) - 2º turno

2014
1º turno
eleitorado:
142.822.046
comparecimento:
115.122.611 (80,61%)
abstenção:
27.699.435 (19,39%)
votos válidos:
104.023.543 (90,36%)
brancos e nulos:
11.099.068 (9,64%)

Dilma Rousseff- PT:
43.267.668 votos
(41,59%) - 2º turno

Aécio Neves - PSDB:
34.897.211 votos
(33,55%) - 2º turno

2018
1º turno
eleitorado:
147.306.295
comparecimento:
117.364.654 (79,67%)
abstenções:
29.941.171 (20,33%)
votos válidos:
107.050.749 (91,21%)
brancos e nulos:
10.313.159 (8,79%)

Jair Bolsonaro-PSL:
49.276.990 votos
(46,03%) - 2º turno

Fernando Haddad - PT: 31.342.051 votos
(29,28%) - 2º turno

2022
1º turno
eleitorado:
147.918.483
comparecimento:
123.682.372 (79,05%)
abstenções:
32.770.982 (20,95%)
votos válidos:
118.229.719 (95,59%)
brancos e nulos:
5.452.653 (4,41%)

Lula - PT:
57.259.504 votos
(48,43%) - 2º turno

Jair Bolsonaro - PL:
51.072.345 votos
(43,20%) - 2º turno

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