facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

WhatsApp Image 2022 10 10 at 08.02.48 2Arthur Lira, atual presidente da Câmara, recebeu em dois anos R$ 492 milhões do orçamento secretoSilvana Sá e Igor Vieira

Dos dez deputados federais que mais receberam recursos do orçamento secreto, nove deles ampliaram sua base eleitoral e foram reeleitos este ano. O campeão Arthur Lira, atual presidente da Câmara, recebeu em dois anos R$ 492 milhões. Levantamento realizado pelo Jornal da AdUFRJ descobriu que o parlamentar participou de mais de 30 eventos de lançamentos de obras de infraestrutura dos grandes e pequenos municípios de seu estado, Alagoas, a partir do ano passado.

De 2020 a 2022, foram distribuídos pela União R$ 52 bilhões via orçamento secreto. Todos os parlamentares analisados pela reportagem (veja quadro ao lado) tiveram apoio estreito sobretudo das prefeituras dos interiores. “O resultado desta eleição mostra a eficácia do orçamento secreto em alavancar essas candidaturas”, avalia o professor Ivo Coser, do Departamento de Ciência Política do IFCS. “As menores prefeituras, em geral, que mais precisam de dinheiro, são as mais sensíveis”.
A manobra, puramente discricionária, segundo o especialista, piora a nossa democracia , pois“foge do controle orçamentário e político”. “É um artifício que não se submete a um controle claro de distribuição e que depende apenas da vontade do presidente da Câmara”.

Para a professora Mayra Goulart, o orçamento secreto favorece o fisiologismo. “O que se observa é a manutenção das grandes elites políticasWhatsApp Image 2022 10 10 at 08.02.47 1 nacionais. São aqueles políticos fisiológicos, que controlam bases territoriais”, diz a cientista política. “E que utilizam o orçamento secreto para alinhavar essas bases territoriais”, avalia.“O orçamento secreto, portanto, confirma o jogo político, que é dominado por essas elites locais”.

A professora Thais Aguiar, também da Ciência Política do IFCS, considera que, apesar do orçamento secreto, a nova legislatura da Câmara tem maior equilíbrio de forças, em comparação com 2018. “Embora o PL tenha a maior bancada na Câmara nos últimos 24 anos, temos outra força, do PT, que cresceu de 56 para 68 parlamentares”, destaca. “Temos grandes blocos que se mantêm em equilíbrio. O Centrão, que é pendular, é que requererá mais negociação”.

Topo