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WhatsApp Image 2022 09 30 at 20.22.54 2Fotos: Fernando SouzaHá muitas maneiras de fazer política e de confraternizar, e juntar as duas opções pode ser uma boa ideia. Na sexta-feira passada (23), a diretoria da AdUFRJ recebeu professores e professoras para conversar sobre a conjuntura política às vésperas da eleição, em clima de descontração. O “Sextou” reuniu os docentes no Fórum de Ciência e Cultura, em noite fria e chuvosa, com um debate animado e cheio de boas ideias.

Os professores de Ciência Política Mayra Goulart, vice-presidente da AdUFRJ, e Josué Medeiros foram os facilitadores da conversa, respondendo perguntas ou comentários dos presentes. A eleição, é claro, foi o tema principal do debate. “Essa eleição não é uma eleição normal. Porque ela não é uma eleição entre dois candidatos, mas entre continuar a ter democracia ou mergulhar no autoritarismo”, resumiu Josué.

O professor do IFCS/UFRJ se apoiou no trabalho sobre a crise da democracia e o monitoramento eleitoral feito pelo Núcleo de Estudos sobre a Democracia Brasileira (Nudeb), laboratório que coordena, para apontar dinâmicas peculiares do atual processo eleitoral. “Existem dinâmicas nessa eleição que apontam para mais autoritarismo, como, por exemplo, a bancada da bala. Ter muitos candidatos que defendem armamento é um sinal de que, mesmo que o Lula ganhe, vamos ter dinâmicas que defendem o autoritarismo ainda vivas”, explicou o professor. Por outro lado, ele apontou aspectos positivos, como candidaturas antirracistas ou a bancada do cocar, que ganharam bastante destaque na cena política da esquerda.

Mayra Goulart citou as mudanças na lei eleitoral feitas para aumentar a participação de mulheres e pessoas negras na política. Pelas novas regras, votos em candidatos destes grupos têm peso maior na divisão do fundo eleitoral. “Quando você atrela esse voto ao recebimento desses fundos, você faz com que esses partidos tenham viabilidade eleitoral”, explicou. Ela acredita que, no futuro, teremos um Congresso diferente, mas fez uma ressalva. “Não adianta querermos que sejam mulheres e pessoas negras com as quais a gente concorda. Não adianta fazermos cara de enojados se forem mulheres conservadoras”, defendeu.WhatsApp Image 2022 09 30 at 20.24.24

Mayra foi além para explicar as motivações das mulheres conservadoras e o papel do campo progressista nessa disputa: “As mulheres conservadoras são a grande variável dessa eleição. A esquerda só teve penetração popular quando foi conservadora nos costumes. Pensamento progressista é pensamento de elite”, avaliou.

A conversa não poderia deixar de falar de atuação sindical, e foi Mayra quem respondeu uma pergunta sobre o que esperar dos movimentos sociais e sindicais em um eventual governo Lula. “Temos que fazer uma atuação muito consistente dentro do Andes, porque a política da atual diretoria do sindicato nacional é de ‘fora todos’, da condenação da política enquanto espaço de negociação e convivência de diferenças. No ambiente político, nós temos que conversar com pessoas que são divergentes, e a atual diretoria do Andes não é capaz de fazer isso”, ponderou. Para ela, com um governo que estará aberto a negociações, é preciso negociar. “Para isso é preciso superar um certo infantilismo, que às vezes permeia o movimento sindical”, defendeu.

WhatsApp Image 2022 09 30 at 20.24.44Para o professor João Torres, presidente da AdUFRJ, o balanço do encontro foi positivo. “No início, fui reticente quanto à realização do Sextou. Mas, mesmo antes de a conversa começar, eu me dei conta que o movimento sindical não pode ser feito apenas no espaço do sindicato, durante reuniões e assembleias, mas também em outros espaços de convivência”, ressaltou. João lembrou que o momento é propício para confraternizações e encontros fora do espaço acadêmico. “Foram dois anos de isolamento. Nosso reencontro não pode acontecer só no sindicato ou nos corredores da UFRJ. Vamos repetir, talvez com outros formatos”, acrescentou.

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