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WhatsApp Image 2022 09 05 at 15.54.43A pandemia e as mudanças climáticas acenderam um alerta sobre a relação da humanidade com o planeta, que parece chegar perto do seu limite. Parte considerável da sociedade olha para o futuro para buscar soluções, o que inclui planos megalômanos de bilionários do Vale do Silício de colonizar o espaço. Ailton Krenak propõe algo diferente, a busca por uma resposta na história. Não na história da colonização, aquela ensinada nas escolas, mas com os povos originários das Américas e suas lições sobre a relação com a natureza.
Filósofo, ambientalista, poeta e escritor, Krenak reúne habilidades que eram comuns em filósofos da antiguidade europeia ou renascentistas, mas uma perspectiva completamente diferente. Líder indígena da etnia Krenak, ele conjuga sua inteligência com a maneira indígena de ver o mundo e as coisas e de pertencer à terra. Krenak participou do Festival do Conhecimento, em conversa mediada pela professora Ivana Bentes, e falou sobre como essa perspectiva pode salvar a humanidade.
“Já há algumas décadas estamos tentando estabelecer essa espécie de comunicação entre mundos, essa tradução do pensamento de povos originários aqui no continente”, disse Krenak logo em sua abertura, citando ainda Eduardo Galeano, que sempre defendeu que o pensamento dos povos originários do continente ressoasse além das fronteiras da América Latina.
“A ocupação colonial foi tão vasta que substituiu muitos modos de viver por outras organizações, outros modos de assentamento”. Krenak conta que, apesar da colonização brutal, as cosmovisões de muitos povos originários andinos persistem e continuam sendo passadas adiante dentro das suas comunidades, mesmo estando fora de bibliotecas. “Isso é resultado de uma corajosa persistência e de uma persistente maneira de transmitir de geração em geração saberes que não estão nos livros ou nas bibliotecas”, ressaltou.
Krenak conta que esses povos hoje falam sobre um tempo anterior à chegada dos europeus, quando o mundo era outro. “Houve, do Panamá à Terra do Fogo, uma experiência vigorosa de povos vivendo e compartilhando vários ecossistemas. Toda essa região compartilhada por ideia de estar no mundo que era expresso como o amplo território do Tahuantinsuyo, um período de uma experiência social, política e cultural de uma importância rara”, explicou. “Havia uma ecologia e um cuidado com tudo que constituía o entorno dos assentamentos humanos. Toda aldeia estava ecologicamente encaixada onde a cultura e o modo de produzir guardavam uma coerência reverente e sagrada com cada território”, acrescentou.
Na cosmovisão desses povos, com a qual Krenak concorda, tudo é natureza, inclusive os seres humanos. A ideia remete à Pachamama, a maneira como os povos andinos viam o mundo. A Pachamama é a natureza em sua capacidade de criar e destruir, e os seres humanos fazem parte dela. “Se não somos natureza, não temos como experimentar a nossa relação com os outros seres, estaríamos deixando de ser essa experiência sensível da vida e estancando essa experiência de milhares de anos. Vamos nos tornando uma espécie de ciborgue”, explicou. “Estamos falando da nossa vinculação profunda com a vida no planeta Terra, no organismo de Gaia, na Pachamama”, acrescentou.
E é exatamente esse equilíbrio entre os povos originários e a natureza que apresenta uma saída para a humanidade. O que Krenak defende é um resgate desse modo de ver o mundo, entendendo o ser humano como parte da natureza, e não como o seu senhor. “Acredito que precisamos despertar uma consciência entre o divórcio que estamos produzindo e entre a experiência dos humanos e todos os outros seres que constituem o organismo da Terra. Se formos nos transformando em ciborgues, poderemos habitar qualquer outro lugar. Não vamos precisar desse maravilhoso organismo da Terra”, defendeu. “O pensamento antropocêntrico surgido na Modernidade nos faz acreditar que podemos dominar a vida no planeta, quando na verdade estamos perdendo a qualidade da experiência de estar vivo e a nossa comunhão com bilhões de outros seres que dançam a experiência da vida aqui na Terra e no cosmos”, disse.

Como desmonetizar discursos de ódio

WhatsApp Image 2022 09 05 at 15.54.43 1O combate à desinformação e ao discurso de ódio nos meios digitais ganhou destaque na mesa sobre o Sleeping Giants Brasil, movimento que desmonetiza as fontes desses conteúdos. “Com a distribuição automática de anúncios por grandes plataformas como Facebook e Google, empresas e marcas podem acabar patrocinando conteúdo nocivo”, explicou Mayara Stelle. “Nosso trabalho é alertar essas empresas e cortar o financiamento da desinformação”.

Professores dão aula sobre varíola dos macacos

Contexto da epidemia, sintomas da doença e como é feito o diagnóstico. Pesquisadores da UFRJ deram um panorama completo sobre a varíola dos macacos. A resposta rápida da UFRJ à epidemia foi destacada. “Estruturamos nosso núcleo da covid para a monkeypox, para triagem, diagnóstico e orientação aos pacientes”, disse a professora Terezinha Castiñeiras. Participaram ainda os professores Amilcar Tanuri, Clarissa Damaso e Rafael Galliez.

Conhecimento, diversão e muita música

Apresentações musicais presenciais fizeram parte da programação de cada dia do festival. A Escola de Música da UFRJ, que comemora 174 anos estaWhatsApp Image 2022 09 05 at 15.54.43 2 semana, realizou a maioria delas. Logo no primeiro dia, o Salão Leopoldo Miguez recebeu a Orquestra Sinfônica da UFRJ. Na quinta (dia 1º), foi a vez do pianista Rafael Ruiz. Já no Teatro de Arena, na Praia Vermelha, houve show do DJ Goranmo, da banda Biltre e de Marina Iris.

Eméritos debatem a democracia e o comum

“Muito mais que nas altas esferas, a democracia está no cotidiano”, declarou o professor Muniz Sodré, emérito da ECO, durante debate com os professores Cristiano dos Santos e Raquel Paiva, também emérita. O tema da mesa foi “Crises da democracia e o comum”. “Mesmo bombardeada por um governo despótico, a academia mostra toda a potencialidade de seus 102 anos de resistência”, disse a professora, em referência ao Festival do Conhecimento.

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