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WhatsApp Image 2022 07 30 at 15.07.58Isadora Camargo

“Historicamente, as universidades pouco ou nada se interessaram pela educação nas escolas”, disse o professor António Nóvoa, ex-reitor da Universidade de Lisboa, em conferência realizada no Colégio Brasileiro de Altos Estudos (CBAE) da UFRJ, na quarta-feira (27), sobre a formação de professores. O debate marcou a inauguração da Cátedra Anísio Teixeira do CBAE.
Nóvoa criticou o distanciamento das universidades públicas, em todo o mundo. “Nas últimas décadas, quando o produtivismo acadêmico tomou conta, nos voltamos por inteiro, quase obsessivamente, para a publicação científica”, disse. “Enquanto isso, reclamamos que os alunos não sabem nada, vieram mal preparados, não estão prontos para os nossos cursos. Um lamento inconsequente que não provoca qualquer mudança na relação entre a universidade e a educação básica”, completou.
Nóvoa, que é Doutor Honoris Causa da UFRJ, destacou a importância da nova cátedra para firmar o compromisso da universidade em outra direção. “Espero que, a partir dessa cátedra, seja possível iniciar, ou melhor, continuar um movimento de transformação na formação de professores no Brasil. As universidades públicas precisam assumir uma responsabilidade muito maior, e espero que a UFRJ, junto com outras universidades de referência, possa avançar esse movimento nacionalmente”, afirmou Nóvoa, que se tornou titular da cátedra.

ALIANÇAS ESTRATÉGICAS
Aprovada em edital no início deste ano, a Cátedra Anísio Teixeira contou com a assinatura de 15 programas de pós-graduação em educação e ensino da UFRJ. Anísio Spínola Teixeira (1900-1971) formou-se em Direito na UFRJ e fundou a Universidade do Distrito Federal (atual Uerj). Seu nome foi escolhido por sua atuação política e como educador na concepção de uma educação básica integral, pública e obrigatória no Brasil.
A proposta é, a partir da cátedra, promover um conjunto de ações, como seminários e eventos, e atuar na coordenação das redes de pesquisa, com a abertura de novas disciplinas. As iniciativas serão pensadas em conjunto com os programas de pós-graduação e com professores da rede pública, e ocorrerão ao longo deste segundo semestre de 2022.
Outro objetivo é articular os projetos da universidade com as redes nacionais e internacionais envolvidas na questão. “Essa cátedra tem uma importância muito grande, por ser capaz de realizar alianças estratégicas com outros programas, outras universidades que pensam a formação docente. Isso amplia o alcance de um programa tão relevante, que pode reverberar mudanças fundamentais para o ensino no futuro” saudou a professora Ana Célia Castro, docente do Instituto de Economia e diretora do CBAE.

EDUCAÇÃO DEMOCRÁTICA
A inauguração da cátedra também marcou o início de uma nova etapa para o Complexo de Formação de Professores (CFP), política institucional iniciada na UFRJ em 2016. No programa, a Faculdade de Educação e o Colégio de Aplicação trabalham de forma integrada, em articulação com escolas parceiras da rede pública, e atuam na formação inicial e continuada de docentes da educação básica. A nova cadeira assume o compromisso de abraçar as demandas do CFP.
“Afirmar a potência do CFP é afirmar a importância do papel da universidade pública na formação docente, o lugar da escola pública como espaço de educação dos futuros professores, a docência como profissão com saberes específicos, e a licenciatura como curso de identidade própria. Afirmar, ainda, a qualidade da educação laica e democrática, tornada pública para as novas gerações”, concluiu a professora Carmen Teresa Gabriel, da Faculdade de Educação e coordenadora do CFP.

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