facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

WhatsApp Image 2022 06 24 at 21.13.00Foto: Estela MagalhãesEstela Magalhães

O primeiro caso da varíola dos macacos confirmado no Rio de Janeiro foi diagnosticado pelo Laboratório de Biologia Molecular de Vírus (LBMV/UFRJ), coordenado pela professora Clarissa Damaso, em parceria com o Laboratório de Virologia Molecular, do Instituto de Biologia. Com foco no estudo dos poxvírus, família de vírus da varíola (orthopox) e da varíola dos macacos (monkeypox), o laboratório é uma referência nessa área, tendo descoberto uma cepa do vírus Vaccinia em 1999, o vírus Cantagalo.

Clarissa lidera o grupo de trabalho para o enfrentamento da doença, composto pela UFRJ em maio deste ano. “Ele é constituído por uma equipe com vários profissionais da área de Saúde: virologistas, infectologistas, médicos ligados ao controle de infecção hospitalar, imunologistas, todos que têm contribuído para um pensamento mais conjunto em torno de como vamos abordar a questão do monkeypox dentro do nosso ambiente acadêmico”, diz.

A transmissão da varíola dos macacos se dá pelo contato com lesões e crostas na pele de pessoas infectadas, secreções respiratórias e objetos contaminados, como roupas de cama, toalhas e vestes de pessoas infectadas. “A prevenção é justamente evitar o contato com as lesões, evitar ficar perto de pessoas infectadas face a face e usar luvas e máscara para tocar em roupas e objetos contaminados”, explica a professora Clarissa.

A varíola foi erradicada no mundo em 1980 e a vacina contra a doença parou de ser aplicada no Brasil em 1979. Por mais que essa vacina seja eficaz contra a monkeypox, é possível que a imunidade dos vacinados tenha caído ao longo dos anos. “Teria que ser feito caso a caso, ver como está a imunidade da pessoa hoje em dia. Mas quem se vacinou está mais protegida do que uma pessoa que nunca tomou a vacina”, diz a professora.

LIÇÕES DA COVID-19
O Núcleo de Enfrentamento e Estudos em Doenças Infecciosas Emergentes e Reemergentes (Needier/UFRJ), sob coordenação da professora Terezinha Castiñeiras, trouxe ao GT aprendizados do combate à pandemia de covid-19 para uma resposta rápida e eficaz à disseminação da varíola dos macacos. “A nossa experiência foi bem-sucedida no enfrentamento da covid-19 e serviu para que a gente utilizasse esse mesmo modelo. Temos um núcleo clínico com pessoas da área de Infectologia, então conseguimos dar esse apoio, definir se um caso é suspeito ou não, se ele merece ser investigado como monkeypox ou se é um caso típico de catapora”, explica a professora.

O professor de Imunologia Orlando Ferreira, coordenador do Laboratório de Virologia Molecular, explica que o núcleo está aberto a profissionais de diferentes áreas que sejam necessários para o combate da monkeypox. “A gente chegou à conclusão que o modelo ideal era unir pessoas que estão trabalhando em frentes que antigamente eram isoladas e colocar essas pessoas juntas, porque assim elas podem proporcionar uma resposta muito mais eficaz e real. Um dos primeiros casos de diagnóstico do Brasil está sendo feito aqui não por outra razão. Nós estamos preparados para fazer isso”, diz.

“Somos uma instituição que trabalha com um tripé de ensino, pesquisa e extensão, então não nos limitamos ao diagnóstico. Esse material que está sendo coletado também serve para o segmento da pesquisa e proporciona respostas importantes para que os órgãos gestores tomem medidas de prevenção significativas, como foi ao longo de toda a pandemia”, completa a professora Terezinha.

Samuel Hir é estudante de Biotecnologia e participa da pesquisa no LBMV realizando o diagnóstico da presença dos poxvírus na crosta de feridas de pessoas ou animais infectados. “O que eu faço é isolar o vírus do material clínico e formar um estoque mais limpo. No material temos pele, sujeira, muitas coisas ali. Eu isolo o vírus e coloco em cultura de células, para trabalhar sem fatores externos”, explica. Danielle Velasco é estudante de Biomedicina e também atua no laboratório. “Sempre gostei da área de Virologia. É muito bom poder trabalhar com isso agora que está ganhando uma maior importância”, diz.

Frente aos cortes de orçamento nas universidades, a professora Clarissa Damaso ainda destaca a importância do investimento em Ciência para uma resposta rápida a doenças. “Qualquer resposta de diagnóstico, de combate à infecção, de vigilância correta e de avaliação epidemiológica só é possível se a gente tem profissionais capacitados nessa área. Isso não é formado de uma hora para outra, requer investimento em Ciência e em pesquisa”, declara.

Topo