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WhatsApp Image 2022 05 27 at 18.15.40EDUCAÇÃO Marcelo Freixo diz que área terá prioridade em seu mandato - Fotos: Fernando Souza“Esta é a eleição mais importante das nossas vidas. Se vamos ter eleição democrática daqui para frente, se vamos ter universidade com recurso, se vamos ter universidade que possa sonhar, tudo vai passar por esta eleição de 22”, disse o deputado federal Marcelo Freixo (PSB) a centenas de estudantes, professores e técnicos da UFRJ, na segunda-feira (23). No hall do auditório do Centro de Tecnologia, o pré-candidato ao governo do Rio foi o convidado especial da abertura de um ciclo de debates organizado pela AdUFRJ e pela Associação dos Pós-graduandos sobre o papel da educação e da ciência na reconstrução do estado.

Para mudar a situação do Rio e do país, Freixo enfatizou que o momento exige coragem. Como exemplo, citou Margarida Alves, uma das maiores líderes camponesas da história do Brasil, assassinada em 1983. Uma vez, contou o parlamentar, perguntaram se ela não tinha medo dos seus inimigos. “Ela disse: ‘medo nós tem, mas não usa’. É um pouco isso”, afirmou. “O Brasil não suporta mais quatro anos de fascismo. O Rio não aguenta mais quatro anos com Cláudio Castro. O Brasil não aguenta mais quatro anos com Bolsonaro. Eles não têm só uma aliança. Isso é um projeto de sociedade miliciana”, completou.

“Filho” da escola pública e professor de História por mais de 20 anos, Freixo deixou claro que a educação será uma prioridade de seu mandato, se vencer as eleições. Mas o desafio será grande diante do que chamou de maior crise de aprendizagem de todos os tempos, no pós-pandemia. “Tenho certeza de que precisamos ganhar o Rio para fazer com que a educação seja algo revolucionário. Seja o que for o nosso governo, no final tem que ter passado a seguinte mensagem: esse foi o governo da Educação do Rio. O resto a gente conquista depois”.

Coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, a professora Tatiana Roque lembrou que a universidade pública já passou por uma revolução nos últimos anos. “Entrei nessa universidade como professora em 1996. Se a gente olhar para o perfil dos estudantes naquela época e agora, o que aconteceu foi uma revolução”, disse. “Hoje, uma das nossas primeiras tarefas é expandir essa política de democratização, interiorização, com cotas para negros e indígenas”, completou.WhatsApp Image 2022 05 27 at 18.14.40faz o “l” No encerramento do evento, debatedores expressam apoio a Lula para a disputa presidencial

ESVAZIAMENTO ECONÔMICO DO RIO
Ao lado de Freixo, o deputado estadual André Ceciliano (PT), presidente da Assembleia Legislativa, chamou atenção para o esvaziamento econômico do Rio nas últimas décadas. “O Rio, que já foi o segundo PIB do Brasil, não é mais. O Rio perdeu sede de empresas, perdeu bolsa de valores. O Rio é o sexto estado em empregos na área da indústria. E estamos perdendo o sexto lugar para Goiás”, contou. Pré-candidato ao Senado, Ceciliano acredita que a ciência pode apontar uma saída para a crise fluminense. “Temos a Fiocruz, os institutos federais, as universidades federais. Precisamos utilizar esse conhecimento, colocar em prática”.

O valor da educação recebida na universidade é bem conhecido por Dani Balbi, doutora em Ciência da Literatura pela UFRJ e presidente da Fundação Mauricio Grabois. “Eu nasci na universidade. Minha mãe é funcionária do hospital universitário desde 1979. Ingressei na Faculdade de Letras, onde cursei graduação, mestrado e doutorado. Tornei-me professora substituta da ECO. Sou uma mulher transexual, negra, de origem periférica, que acessou os bancos da universidade”, afirmou. “É muito caro para nós falar de desenvolvimento, de educação, de ciência e tecnologia. Este ano é um ano de dizer não ao retrocesso”.

Além de barrar retrocessos, os pós-graduandos querem conquistar avanços, ainda em 2022. Natália Trindade, coordenadora da Associação de Pós-graduandos da UFRJ, espera aprovar a obrigatoriedade de cotas em todos os programas de pós da universidade. “A gente sabe a diferença que a política de cotas (na graduação) fez em todas as universidades”, disse.

SUCESSO NA ABERTURA
Presidente da AdUFRJ, o professor João Torres considerou um sucesso o início da troca de ideias com lideranças políticas, acadêmicas e sociais do estado. “Estava muito cheio e atraiu um público amplo. Não havia só militância”, comemorou. “A AdUFRJ, como uma associação de professores, faz política. E fazer política hoje é lutar contra a ruptura da ordem democrática, contra a possibilidade de que o gabinete do ódio tome conta de vez do Brasil. E não há nada mais distante deste esgoto a céu aberto que é o bolsonarismo do que a universidade pública”, destacou.

“Um ato político fundamental hoje é fomentar a discussão política de alto nível, cultivar o espírito crítico. O papel da AdUFRJ é atuar junto às demais forças progressistas e sindicais, somando esforços com partidos e movimentos sociais engajados na luta por um novo Brasil”.

No próximo dia 30, ao meio-dia, na sala 212 do bloco E do CT, o ciclo de debates continua com o deputado federal Alessandro Molon (PSB), pré-candidato ao Senado. O professor Eduardo Serra, da Escola Politécnica, pré-candidato do PCB ao governo do Rio, será o convidado no dia 6.

ENTREVISTA/ MARCELO FREIXO - Pré-candidato ao governo do Rio

“TEMOS QUE GARANTIR RECURSOS PARA A FAPERJ”

Jornal da AdUFRJ - Quais seus planos para a Faperj?
Marcelo Freixo - Tenho falado muito o quanto é fundamental todo o processo de pesquisa, de produção de conhecimento, de Ciência, de tecnologia, de extensão. Temos uma malha universitária no Rio de Janeiro que, pelo tamanho do estado, é um privilégio. A gente precisa criar uma outra governança no Rio de Janeiro, uma governança em cima de inteligência. A Faperj é decisiva para isso. Temos que garantir recursos para a Faperj.

Qual sua estratégia para as universidades do Rio, não só as estaduais?
Pensar polos de desenvolvimento, vocações regionais. A universidade pode fazer o diagnóstico de cada região. E falei hoje aqui dessa ideia de uma residência pedagógica. De pegar os estudantes de todos os cursos de licenciatura. Colocá-los dentro da rede estadual de educação. Chamar todos os prefeitos e fazer um grande plano de educação para o estado do Rio. O percentual de alunos de até 19 anos que conclui o ensino médio hoje é só de 64%. É muito pouco. A pandemia nos fez perder muitos alunos. Temos que recuperar isso.

E a sensação de voltar a debater na universidade?
Muito bacana voltar à universidade, encontrar esses olhos dos jovens brilhando. Fico sempre imaginando qual a história de cada um deles para conseguir chegar a uma universidade pública, o quanto de superação tem ali. E é disso que o Rio precisa: dessas superações todas que marcam o povo do Rio.

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