Com a maior bancada oposicionista dos últimos congressos, o Renova Andes avalia que pode vencer as próximas eleições para a diretoria do Andes. “Trouxemos 115 docentes. Estamos crescendo e temos esperança de ganhar as próximas eleições”, resume Luis Antônio Pasquetti, professor da Universidade de Brasília, e um dos coordenadores do Renova.
O grupo tem representantes em universidades de todo o país, entre elas a UFRJ, onde as três ultimas diretorias da AdUFRJ se aproximaram do Renova. “Ter a AdUFRJ com a gente é uma honra. É a maior associação docente do país e isso sinaliza que estamos no caminho certo de reaproximação dos professores com o Andes”, completa Pasquetti.
“Queremos debater temas relacionados ao cotidiano dos professores e da Ciência. O momento político é dramático e precisamos nos aproximar da SBPC e das associações científicas”, explica a professora Elisa Guaraná, presidente da Associação de Docentes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
A seguir, as professoras Eleonora Ziller e Erika Suruagy, integrantes da coordenação nacional do Renova, avaliam os desafios do movimento e a participação no Congresso.
Hoje, o Renova corresponde a uma franja muito diversificada, não só do ponto de vista partidário, mas também de diversos lugares do país. Em Porto Alegre, foram mais de cem delegados identificados conosco. A novidade é que não se trata de mais um movimento dirigido por uma corrente política. O Renova não é nada disso.
A participação da UFRJ nesse grande movimento de renovação do Andes tem sido crescente e tem amadurecido a cada ano. Em 2018, na eleição para a direção do Andes, participamos eleitoralmente sem muita organicidade. Na eleição passada, em 2020, o professor Felipe Rosa entrou na chapa como primeiro vice-presidente regional e isso já deu uma outra cara ao grupo.
Ganhamos a eleição na UFRJ e trouxemos um aumento de 40% no quórum de participação dos professores. Nossa meta é ampliar ainda mais. Queremos mostrar, com consistência e profundidade, a percepção de que um sindicato de docentes deve ser voltado para o conjunto dos professores, e não apenas para uma pequena parcela militante.
Outro ponto que me impressionou em Porto Alegre foi o debate sobre o Observatório do Conhecimento. Ele explicitou um posicionamento do Andes com o qual nós temos profundas divergências. O Observatório é um exemplo dessa experiência pois envolve ADs com diversos posicionamentos.
Achamos que o Andes precisa dialogar com a comunidade científica. Foi estranhíssimo, na mesa de abertura, não haver ninguém da SBPC, da ABC, nem da União Nacional dos Estudantes. Ficou explícito que a diretoria do Andes acredita que o sindicato não pode estar ao lado de quem não defende as suas teses. Para o Renova, isso não é problema. A gente pode permanecer com as nossas teses, defendê-las com segurança e com firmeza, mas é urgente que possamos nos sentar com todos que defendam a democracia, a ciência, a liberdade de pensamento, a cultura e arte sem censura
Apesar da derrota, eu fico feliz ao ver que a tese do Observatório do Conhecimento foi rejeitada por 199 a 130. Em outros tempos, isso seria inimaginável. O Observatório entrar na pauta do Congresso demonstra que o Andes pode ser mudado e que, em breve, ele poderá sair de seu isolamento da vida nacional.
O Renova também abriu uma discussão sobre as metodologias do congresso e, embora, ainda não tenhamos um resultado positivo, já começamos a mostrar a importância de realizar um debate verdadeiramente democrático, que represente o conjunto da categoria.
Tenho certeza de que o Renova Andes chega muito mais organizado e com muito mais propostas, com muitas TRs, que discutem desde as questões salariais, passando também pelas questões das nossas aposentadorias. Apresentamos um TR específico que diz respeito à mudança previdenciária que nos passa para o INSS.
E avançamos do ponto de vista organizativo. O Renova Andes veio para esse congresso com mais de 100 delegados sintonizados, é nossa maior delegação até agora.
Na nossa avaliação, a diretoria do Andes está distante da nossa categoria. Estamos aqui para reafirmar o compromisso do Renova Andes de devolver o nosso sindicato nacional para a sua categoria. A gente sai daqui fortalecido do ponto de vista político e organizativo.