A fala mais vigorosa da abertura também foi marcada pela emoção. Em licença-maternidade, a presidente do Andes, professora Rivânia Moura, participou da plenária como convidada especial. Enquanto ela discursava, no palco, sua companheira Maria Luísa dava de mamar ao pequeno Gael, de menos de dois meses, na última cadeira de uma das fileiras do auditório. “Atravessamos o país, do Rio Grande (do Norte) ao Rio Grande (do Sul), para estar aqui com vocês. Estar aqui não é um ato individual, é um ato coletivo. Quantas pessoas são discriminadas todos os dias simplesmente por fugir do padrão heteronormativo imposto por essa sociedade? Quantas famílias como a nossa têm de viver escondidas?”, disse Rivânia, emocionada, arrancando aplausos da plateia. Os gritos de “Fora, Bolsonaro!”, que se seguiram à fala de Rivânia, se repetiriam ao longo de todo o congresso — e seriam os únicos bradados em consenso pelas diversas correntes políticas que convivem no Andes. Entre tantas divergências, a certeza de que apear do poder o presidente é a mais urgente decisão para melhorar a vida dos brasileiros permeou todas as falas. Ela veio até mesmo em forma de música e poesia. Ao abrir a plenária, a atriz, cantora, musicista e arte-educadora gaúcha Pâmela Amaro colocou muitos docentes para dançar ao som do samba e do jongo, e terminou sua apresentação com um sonoro “Fora, Bolsonaro!”.
Dois convidados especiais também reforçaram o coro. Representante do Coletivo de Estudantes Indígenas da UFRGS, Woia Paté Xokleng, lembrou dos ataques do governo federal à soberania das terras indígenas, ameaçadas com novas investidas de garimpeiros e mineradoras incentivadas por Bolsonaro. E Maria Caridad Corder, diretora da Central de Trabalhadores de Cuba, estendeu a bandeira de seu país no palco e condenou os ataques do governo Bolsonaro à democracia. “Fuera!”, “Fora!”, pode escolher, presidente.