facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

bandeira adufrjDiretoria da AdUFRJ

A principal matéria desta edição aborda mais uma faceta do projeto de destruição empreendido pelo (des)governo Bolsonaro contra a universidade pública, a Educação, a Ciência e a Tecnologia: a queda vertiginosa do valor das bolsas de pós-graduação no país. Embora já estejam sofrendo a desvalorização há mais tempo — estão congeladas há nove anos —, as bolsas de mestrado e doutorado vivem seu pior momento sob a égide negacionista do atual governo. As do CNPq e da Capes atingiram, neste 2022, o menor valor real desde 1995. Se, naquele ano, uma bolsa de doutorado pagava R$ 1.073 — o que correspondia a dez salários mínimos da época, ou doze cestas básicas —, hoje ela vale menos de dois salários mínimos e permite a compra de apenas três cestas básicas.

Esse cenário sombrio tem afastado muita gente da vida acadêmica. O professor Felipe Rosa, ex-diretor da AdUFRJ, tem observado um movimento preocupante de desistência no programa de pós-gradução do Instituto de Física, onde leciona. “Desde 2017, muitos fazem o mestrado e mudam de área. E conheço dois casos de pessoas parando o doutorado no meio e abrindo mão da bolsa, porque arrumaram emprego. Na minha época, não me lembro de ter acontecido algo assim. O valor da bolsa é muito ruim. A gente não consegue atrair praticamente ninguém que precisa se sustentar”, atesta o professor. Esse movimento é evidenciado pela queda na procura pelos programas stricto sensu de pós-graduação da UFRJ nos últimos anos. O número de ingressantes foi de 4.096 em 2018, caiu para 3.975, em 2019; 3.816, em 2020; e 3.542, em 2021. Confira em nossa matéria nas páginas 4 e 5.
Na contramão desse panorama de descaso com a Ciência e a Educação, a AdUFRJ vai defender propostas de valorização dessas áreas no 40º Congresso do Andes, que começa no próximo domingo, em Porto Alegre. Segundo a professora Mayra Goulart, vice-presidente da AdUFRJ, a diretoria assina cinco dos 57 textos que serão debatidos no encontro, entre os quais o 43 (A defesa do ensino público e a participação no Fórum Nacional Popular de Educação) e o 46 (A luta por políticas públicas para C&T no Brasil). “O texto 43 prevê a reconstrução de uma instância de participação ignorada pelos dois últimos governos federais. O Fórum Nacional de Educação foi destituído depois do golpe de 2016, com o impeachment da Dilma, e o governo Bolsonaro segue nesse fechamento das instâncias participativas. É importante a reconstrução desses fóruns”, defende Mayra, delegada representante da diretoria no congresso.
Já sobre o texto 46, a professora ressalta a necessidade de valorização da área de C&T para a categoria docente: “Essa tese aborda uma das razões do afastamento dos docentes do sindicalismo, que é a postura do Andes de não encampar pautas relativas à Ciência e Tecnologia. E nós incluímos nesse texto a importância de o Andes contribuir para o Observatório do Conhecimento, onde a AdUFRJ tem protagonismo, e que visa a aumentar a interação com a sociedade civil e com o Congresso em prol de mais verbas para a área de C&T”. Tema de nossa matéria na página 3, o 40º Congresso do Andes terá como tema central “A vida acima dos lucros: Andes-SN 40 anos de luta!” e será o primeiro evento deliberativo presencial da entidade desde o início da pandemia de covid-19.
E por falar em presencial, nossa reportagem nas páginas 6 e 7 mostra os preparativos na UFRJ para o reinício das aulas, em 11 de abril. A pouco mais de duas semanas do retorno, algumas unidades relatam problemas que vão desde a infraestrutura física dos prédios — como falta de ventilação e furto de aparelhos de ar-condicionado — até redução ou ausência de ofertas de transportes e de locais para alimentação, sobretudo no Fundão. No Colégio de Aplicação, as dificuldades são de pessoal: a unidade vai começar o período letivo com menos 36 professores, pois não recebeu autorização para a contratação de substitutos em tempo hábil.
Na semana em que mais um escândalo de corrupção do governo Bolsonaro veio à tona, com as denúncias de interferência de pastores evangélicos na aplicação de verbas do MEC (veja AQUI), pelo menos uma boa notícia: na página 8, trazemos uma matéria sobre as atividades do Centro Nacional para Identificação Molecular do Pescado (Cenimp), que inaugurou suas instalações no último dia 18.
Boa leitura!

Topo