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FSOU9647Foto: Fernando Souza

 

 

A AdUFRJ está de luto. Faleceu dia 3 de março, aos 80 anos, o professor emérito Luiz Pinguelli Rosa. Ele estava internado no Hospital São Lucas, em Copacabana. O velório ocorreu no Átrio do Palácio Universitário.
IMG 8262Pinguelli foi fundador da associação docente e seu primeiro presidente. Alguém que teve a coragem de elevar a voz dos professores da UFRJ e representá-los a partir de 1979, ainda sob a tirania da Ditadura Militar. “No início da formação da Associação de Docentes da UFRJ, o maior desafio de nossa primeira gestão, sem dúvida, foi enfrentar a ditadura militar, que era repressiva. Era muito difícil, foi ainda antes da Anistia, mas enfrentamos com organização e mobilização”, lembrou o professor em depoimento que marcou o aniversário de 42 anos da entidade, em abril do ano passado.

O professor João Torres, atual presidente da AdUFRJ, lamentou a perda. “Pinguelli foi um cientista que conectou como poucos a atividade científica e intelectual com uma atuação política que teve resultados efetivos na sociedade”, disse. “Foi nosso primeiro presidente numa época onde fazer sindicalismo com postura crítica ao governo militar poderia trazer sérias consequências”, lembrou Torres, físico de formação, como Luiz Pinguelli Rosa.

Pinguelli vivia à frente de seu tempo. Nasceu em 19 de fevereiro de 1942 e ainda jovem decidiu se vincular às Forças Armadas. O sonho, no entanto, não durou muito. Pediu demissão em 1964, após ser preso por não apoiar o Golpe Militar. Foi aí que a UFRJ entrou em sua vida. Formou-se em Física em 1967. Dois anos depois, obtinha o diploma de Mestrado pela COPPE/UFRJ, em Engenharia Nuclear. Aliás, da COPPE ele foi diretor por quatro mandatos, além de compor outras áreas de gestão do Instituto. Atualmente era seu diretor de Relações Internacionais. Do Doutorado em Física, em 1974, pela PUC-Rio, foi para as salas de aula da UFRJ.

Se o ensino era um dos elementos de transformação social para o professor, a pesquisa era uma área estratégica para o desenvolvimento no Brasil. Especializado em DSC0118Foto: Marco Fernandespesquisa e gestão energética, ele escreveu seis livros, dentre eles “Tecnociências e Humanidades: novos paradigmas, velhas questões”, cujos dois volumes concorreram ao Prêmio Jabuti. Desde 1998 era integrante do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, instituição que ganhou o Nobel em 2007) e atualmente exercia a função de Secretário Executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. É ex-presidente da Associação Latino-Americana de Planejamento Energético. Foi membro do Conselho do Pugwash (1999-2001), entidade fundada por Albert Einstein e Bertrand Russel, que ganhou o Nobel da Paz em 1995. Foi presidente da Eletrobras entre 2003 e 2004, no primeiro mandato do ex-presidente Lula.

Também teve forte atuação internacional. Foi pesquisador e professor visitante das Universidades de Standford (SLAC), da Pennsylvania, de Grenoble, e de Cracóvia na Polônia, do Centre International pour l'Environnement et le Développement em Paris, do Centro Studi Energia Enzo Tasseli, do Ente Nazioanale per l´Energia Nucleare e Fonti Alternative, ambos na Itália, e da Fundação Bariloche na Argentina.

A UFRJ decretou luto oficial de 3 dias. “O Brasil perde um grande pesquisador, professor e Brasileiro. Um homem à frente do seu tempo. Que os seus ensinamentos e reflexões perdurem. Minha solidariedade aos membros da COPPE/UFRJ”, declarou a reitora, professora Denise Pires de Carvalho, em uma rede social.

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