facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

Por Beatriz Coutinho e Silvana Sá

WhatsApp Image 2022 02 25 at 22.36.502O Grupo de Trabalho Multidisciplinar para Enfrentamento à Pandemia de Covid-19 da UFRJ (GT-Coronavírus) emitiu nota técnica na última semana em que recomenda a retomada de todas as atividades presenciais sem distanciamento social, a partir de 11 de abril, quando começa o primeiro período letivo de 2022. Como consequência, a universidade decidiu suspender o site Espaço Seguro, lançado em outubro passado. O aplicativo foi planejado para calcular a capacidade máxima de pessoas e tipos de EPI’s necessários, de acordo com o tamanho do ambiente e grau de segurança para transmissão da covid-19.

A flexibilização do distanciamento causou insegurança na comunidade acadêmica. “Apesar da suspensão do distanciamento de 1,5 metro, os protocolos falam dele. Zerar isso pode ser temerário judicialmente também”, advertiu a diretora da Escola Politécnica, Cláudia Morgado, durante a Plenária de Decanos e Diretores, dia 22. Para ela, a medida pode não ser bem vista na sociedade.

“As condições epidemiológicas permitem”, argumenta o vice-reitor, professor Carlos Frederico Rocha. Questionado sobre o esforço da universidade empregado na formulação do aplicativo Espaço Seguro, o vice-reitor compara a ferramenta a um termômetro em dias febris. “Quando a febre acaba, o termômetro fica ali. Não vai ser jogado fora, mas não vou utilizar o tempo todo”, exemplifica.

“Ele vai ficar operacional, porque a gente não sabe como vai ficar a pandemia”, completa o pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças, professor Eduardo Raupp. “O dimensionamento de aulas práticas também parou, porque voltarão a ser liberadas em sua capacidade máxima”, informa. Os cartazes que continham a capacidade de pessoas que poderiam ser aceitas simultaneamente nos ambientes, seguindo o distanciamento social de 1,5 metro, também serão retirados.

Especialista em epidemiologia e coordenador do GT-Coronavírus, o professor Roberto Medronho esclarece que esta decisão reflete o que aponta a Ciência. “Evidências mostram que é menos importante o distanciamento social do que a combinação de vacina e máscara”, argumenta o professor da Faculdade de Medicina. “Quando os indivíduos estão vacinados, e a taxa de transmissibilidade e número de casos caem sustentadamente, o distanciamento físico torna-se menos importante. A vacinação, uso de máscaras adequadas e medidas de higienização das mãos são os cuidados mais importantes, além de um ambiente que possua circulação de ar”, indica o especialista.

Os números apontam a tendência destacada por Medronho. No Rio de Janeiro, cidade que concentra a maior parte das unidades e campi da universidade, os números de casos e óbitos se mantêm em queda. A taxa de testes positivos despencou para 4,7% – em janeiro era de 51% –, enquanto a letalidade da doença está em 0,2%. Para efeitos de comparação, esse número era de 8,7% em 2020. Na rede SUS da capital, em 23 de janeiro havia 911 internados. Nesta semana, são 80. Em todo o estado, a média móvel de casos conhecidos é de 5.688 por dia, nos últimos sete dias, queda de 46% em comparação com duas semanas atrás. Já a média do número de mortes está em 62 por dia, o que representa queda de 14% em comparação com 14 dias atrás.

“A insegurança das pessoas é absolutamente natural, estamos vivendo um momento de muitas incertezas, mas acompanhamos diariamente a evolução da pandemia no Brasil e em ouras partes do mundo”, afirma Medronho. Ele explica que o distanciamento social foi fundamental quando não havia vacina disponível e quando a transmissão da doença estava muito alta. “Agora nós temos uma redução sustentada no número de casos e alta cobertura vacinal”, diz. O médico, no entanto, adverte que as recomendações podem mudar de acordo com a situação epidemiológica da pandemia. “Por exemplo, surgindo uma nova variante muito transmissível ou muito virulenta, a gente retoma as medidas de segurança. Como aconteceu em janeiro, com a ômicron, em que houve o retorno às atividades remotas”, lembra.

Os eventos fechados dos dias de Carnaval preocupam e podem mudar momentaneamente a curva de casos no país, sobretudo nas cidades em que há maior tradição festiva, como o Rio de Janeiro. “Pode haver, sim, um novo aumento no número de casos, mas esperamos que não evoluam com tanta frequência para uma internação entre os vacinados. Por isso não liberamos ainda o uso de máscaras em ambientes fechados, já que a circulação do vírus é baixa, mas ainda importante”.

 

Universidade mapeia reparos prioritários

A UFRJ realiza um levantamento junto às unidades acadêmicas e decanias para descobrir quais são as principais situações que impedem o pleno retorno presencial. A prioridade zero, de acordo com o pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças, professor Eduardo Raupp, é tornar todas as salas de aula operacionais para as atividades presenciais. “Nosso plano é que a universidade volte ao patamar do início de 2020. Muitos espaços ficaram fechados e se degradaram neste período. A ideia é definir o que é emergencial para o retorno presencial, tendo em vista o patamar no qual a gente parou”, explica o dirigente. “Evidentemente, não temos recursos para fazer todas as correções e recuperações estruturais históricas”, afirma.

A universidade ainda não tem o mapa de onde vão acontecer as intervenções, mas o pró-reitor espera ter todos esses dados em mãos nos próximos dias. “Ainda estamos recebendo as demandas, mas as principais que já chegaram são relacionadas a manutenção de ar-condicionado, infiltrações, reabertura de janelas, instalação de ventiladores”, conta. “Acreditamos que na semana após o Carnaval a gente já tenha definido esse plano de ação”, assegura.

As demandas são muitas e o cobertor é curto. Em 2022, a instituição ainda não recebeu seu orçamento integral. “O orçamento está vindo a conta-gotas. A razão que está sendo liberada é de 3/18 avos, e não 3/12 avos”, explica o pró-reitor. Ou seja, a universidade ainda não recebeu o valor total previsto por mês de seu orçamento. Ainda assim, Raupp garante que as obras e reparos emergenciais vão ser realizados com o orçamento da administração central, sem descontar do orçamento participativo das unidades. “Temos a expectativa de atender a praticamente 100% das demandas emergenciais. As decanias ainda poderão contar com o orçamento participativo para outras ações que julguem necessárias”, afirma.

A situação mais crítica conhecida é do Edifício Jorge Machado Moreira. “Há questões estruturais no JMM, com licitações em andamento na casa dos R$ 11 milhões”, revela. Apesar de ainda haver pendência com uma subestação de energia, o pró-reitor confirma que os prazos para entregas de salas de aula está mantido para abril. “Com a liberação do 3º, 4º, 6º e 7º andares de salas de aula, já haverá possibilidade de efetuar o retorno gradual nessas instalações. Vamos contratar também brigada de incêndio”. (Beatriz Coutinho e Silvana Sá)

Topo