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WhatsApp Image 2021 12 17 at 14.13.37Fotos: Silvana SáBeatriz Coutinho e Silvana Sá

A sensação de insegurança ronda a estação do BRT Fundão. Há grades quebradas no entorno, o mato já atinge cerca de três metros de altura, falta iluminação e falta patrulhamento. É o que dizem os usuários do sistema de ônibus articulados e das linhas regulares que ligam a Cidade Universitária ao Centro, Tijuca, Niterói e Ilha do Governador.
“Se acontecer alguma coisa, não há ninguém para ajudar, para dar um suporte”, reclama Daniela Moreira, servidora do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. “O terminal é inóspito, completamente deserto, principalmente nos finais de semana. Por aqui passam pessoas de muitos lugares, muita gente bêbada e usuária de drogas acaba acessando também. Eu me sinto insegura”, relata.
O problema piora à noite. “Já arrombaram aqui uma vez e agora estão tentando arrombar a loja de novo, pelo outro lado”, revela uma vendedora que trabalha na plataforma externa ao BRT e prefere não se identificar, por medo de represália. Ela e parte da família moram na Vila Residencial e vivem um cotidiano de insegurança. “Sempre tinha alguém da família que se revezava para esperar minha sobrinha, para que ela não ficasse sozinha ao voltar do curso. Ela chegava sempre depois das 22h aqui no terminal”, relembra. “É muito perigoso. Até 20h, ainda tem mais movimento, mas à medida que fica mais tarde, fica mais estranho. Qualquer um pode estar escondido atrás do mato, passar pelas grades quebradas. É perigoso principalmente para mulher”.
Allan Santos, estudante de Artes Visuais e morador da Residência Estudantil, acredita que a área sofre os mesmos problemas do restante da cidade. “Outras partes do Rio também são perigosas, sobretudo à noite. Acho que o problema é mais complexo do que só colocar iluminação e segurança”, opina o aluno. Allan viu a estação BRT ser criada, em 2014, e é testemunha das mudanças ao longo do tempo. “Reconheço que piorou. No início, era mais iluminado e tinha sempre agentes de segurança, inclusive do próprio BRT. Hoje, a gente pode ver que não tem mais ninguém. Esse é o único ponto que faz uma conexão entre o BRT e meios de transporte para outras partes da cidade. Realmente precisa de mais atenção”, acredita.WhatsApp Image 2021 12 17 at 14.13.37 1
O prefeito da Cidade Universitária, Marcos Maldonado, esclarece que a região não está sob a ingerência da universidade, mas afirma que busca soluções. “A UFRJ não tem controle sobre aquele espaço, mas temos mantido contato com diferentes agentes públicos para a realização de obras de manutenção, limpeza, capina e iluminação. Também falamos com a empresa que administra o BRT solicitando reforço na segurança, além das ações que já existem no campus”, relata Maldonado.
Carlos Chaves Barbosa, da Superintendência Regional da Ilha do Governador, antiga Subprefeitura da Ilha, confirmou que esteve no Fundão para fazer a vistoria solicitada por Maldonado. “A Comlurb e a Rioluz farão parte dessa força-tarefa de revitalização da área. A Comlurb precisa de 20 dias para fazer a poda baixa de toda a região em frente e nas laterais das plataformas, além da limpeza. O local receberá mais luzes de LED e haverá a troca das lâmpadas queimadas”, assegura o representante da prefeitura do Rio. “Também haverá o reparo das grades e colocaremos um gari fixo nas proximidades”, completa. Os serviços deverão ser concluídos até o dia 27 de dezembro.

O QUE DIZEM A SECRETARIA MUNICIPAL DE ORDEM PÚBLICA E A POLÍCIA MILITAR

A assessoria de imprensa do BRT Rio informou que a Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEOP) coordena atualmente toda a política de segurança nas estações que compõem o sistema BRT. Procurada, a SEOP afirmou que a Estação BRT do Fundão (Aroldo Melodia) “conta com rondas, tanto no período diurno quanto noturno, feitas por agentes do Programa BRT Seguro”. Criado em junho desse ano, o BRT Seguro opera com cerca de 85 policiais militares e 30 guardas municipais por dia, em média.
O custo estimado do Programa BRT Seguro, até o fim de 2021, é de R$ 10,14 milhões, que engloba o pagamento dos guardas municipais e o repasse ao Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis), da Polícia Militar. O programa atende aos três corredores do transporte (Transcarioca, Transolímpica e Transoeste) com objetivo de “coibir crimes, desordens, depredações e o calote de passagens” por meio do patrulhamento fixo nas estações e rondas.
WhatsApp Image 2021 12 17 at 14.13.37 2Foto: SEOPA SEOP ainda informou que as rondas são ligadas ao Centro de Controle Operacional do BRT e que funcionam 24 horas por dia, inclusive de madrugada. No entanto, a reportagem não avistou qualquer carro da segurança ao longo das duas horas em que esteve na estação, no dia 14 de dezembro.
Também questionada sobre a insegurança na Estação BRT do Fundão, a assessoria da PMERJ deu poucos detalhes. Explicou apenas que “os batalhões das regiões empregam policiamento no local das estações e na malha de circulação das composições”, feita por meio do Proeis. Alegou ainda que “quem define e pode se pronunciar sobre a necessidade de emprego de reforço na segurança em cada estação do BRT é a concessionária que administra o sistema”. Todas as outras estratégias de policiamento relatadas pela assessoria são voltadas para a Linha Vermelha e suas adjacências, como parte do Programa Expresso Turístico – que tem por objetivo fortalecer o planejamento de segurança em corredores turísticos –, inaugurado no último dia 11 pelo governador Cláudio Castro (PL).

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