facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

WhatsApp Image 2021 12 17 at 14.15.21 1Em tempos tão difíceis para as universidades brasileiras, pelo menos uma data do ano que se encerra será guardada com muito carinho por mais de quatro mil professores, estudantes e técnicos da UFRJ: 8 de julho. Após um longo processo de institucionalização, esta comunidade passou a fazer parte do Centro Multidisciplinar UFRJ-Macaé, aprovado em uma sessão remota do Conselho Universitário. Para entender os impactos da mudança, o Jornal da AdUFRJ conversou com o decano pro tempore do mais novo Centro, professor Irnak Marcelo Barbosa. “Saímos de uma situação provisória e nos tornamos, de fato, institucionalizados”, afirma o docente do curso de Medicina, alçado ao cargo por ser o diretor do campus em julho.

Jornal da Adufrj – O que é o Centro Multidisciplinar de Macaé?
Irnak Marcelo Barbosa – A UFRJ tinha seis centros, e nós somos o sétimo. Ele surge do anseio dos nossos seis institutos, também recém-criados, que eram cursos: Medicina, Nutrição, Enfermagem, Farmácia, Química e as engenharias mecânica, civil e de produção. É um grupo com 3,6 mil alunos, 360 docentes e 180 técnicos-administrativos. Um coletivo que já vinha batalhando para que pudéssemos ser um centro.

O que diferencia o Centro de Macaé?
Os outros seis são como centros de uma área afim. Aqui em Macaé, não. Antes mesmo de sermos um centro, já nascemos com essa temática, com essa característica que os tempos contemporâneos pedem, que é a multidisciplinaridade. Hoje em dia, mais do que cursos e institutos separados, o interessante é que você tenha uma boa pergunta. As respostas dessa pergunta vão se dar em várias áreas.

Quais são as consequências da transformação?
Saímos de uma situação provisória e nos tornamos, de fato, institucionalizados. Isso é o mais importante. Significa participar de todas as representações da UFRJ, como o CEG (Conselho de Ensino de Graduação), CEPG (Conselho de Ensino para Graduados) e CEU (Conselho de Extensão Universitária), mas também fazendo parte da CPPD (Comissão Permanente de Pessoal Docente), por exemplo. Aumentou o número de representações no Consuni, que era de apenas dois docentes, e agora, com a decania, tem três participantes. Já era de direito e agora, de fato, temos uma localização correta dentro do estatuto, do regimento geral da universidade, fazendo parte como o novo centro.

Como isso ajuda Macaé?
A institucionalização dá certa tranquilidade para que o servidor, técnico ou docente, saiba que tem representatividade nas instâncias superiores da universidade. Aí se resgata uma justiça para que um centro do interior possa ter uma representação dentro das decisões estratégicas da universidade. Por exemplo, a discussão sobre orçamento. Só para fazer uma comparação: nós recebemos o equivalente à decania do CCS. O orçamento hoje aqui é de R$ 687 mil por ano. Agora tem que mudar, para haver uma certa proporcionalidade, que leve em consideração o número de alunos, a distância, uma série de coisas. Acho que o orçamento também tende a se atualizar.

Já era uma vontade antiga essa mudança de status?
Houve uma tentativa, já no finalzinho da gestão do reitor Carlos Levi (2011-2015). Nos quatro anos da gestão do reitor Roberto Leher, ele já havia colocado isso em discussão, mas a questão era saber quantos institutos seriam. Vai ser um instituto, por exemplo, da Saúde, já que ali tem a Medicina, ou vai ser o instituto das Exatas? Isso não implicava só a questão organizacional, mas também uma questão política. Como seria a organização de direções, funções gratificadas e na Cotav (Comissão Temporária de Alocação de Vagas), onde se batalha pelo número de docentes? Ou até mesmo na PR-4 (pró-reitoria de Pessoal), para batalhar pelo número de técnicos? Essa discussão levou um tempo. Logo que a reitora Denise Pires assumiu, ela prometeu que iria lutar para que o nosso campus se tornasse um centro. Nosso papel era fazer o trabalho de casa: preparar uma proposta para ser enviada à Comissão de Legislação e Normas (CLN) do Consuni. E 2020 foi um ano dificílimo, com a pandemia, e o os colegas trabalhando de maneira remota. Mas eles fizeram uma caminhada interna, passando pelas congregações e pelos conselhos de centro para poder ouvir opiniões. Passando por isso tudo, com essa costura política, o pessoal se sentiu à vontade, no final do ano passado, para enviar a proposta à CLN. Nós, da diretoria, tomamos posse no dia 8 de março. No nosso plano de trabalho, nossa prioridade zero era a institucionalização do campus.

Como está a volta das aulas presenciais em Macaé?
Está lenta. Como costumamos dizer nas nossas reuniões, está sendo gradual e responsável. Entre nossos estudantes, há um percentual, que não é pequeno, carente. Precisam de alimentação, de transporte, moradia. Há os casos em que o aluno perdeu entes queridos, e a família está empobrecida. O Brasil está um país mais inflacionado, o custo de vida está mais alto. Percebemos aqui que muitos alunos optaram pelo remoto por força das circunstâncias. Mas, para cursos essenciais, como a Medicina e a Enfermagem, que precisam de atividades práticas, a vacinação nos deu uma tranquilidade. Somado a isso, há um conhecimento de biossegurança, sobre os espaços, o uso de máscara, o distanciamento, e ainda a questão da exigência do comprovante vacinal. Isso tudo veio para ficar. Estamos tomando precauções, como criar uma identificação visual dos espaços, além de medir quantos cabem em cada sala e ver se temos o quantitativo suficiente de EPIs para poder lidar com o aumento da frequência do uso das nossas instalações. Temos mantido rigor com setores da limpeza que são terceirizados, especialmente com a questão dos banheiros. Separamos as cadeiras com fitas. Salas onde cabiam 80, 90, 100 pessoas hoje em dia cabem 50, 40, 30, o que nos obriga a ter uma disponibilidade maior de espaços. É um enorme desafio. Não basta falar “ah, voltou o presencial”, por mais que haja uma liminar, que um desembargador tenha mandado voltar.

Topo