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WhatsApp Image 2021 10 29 at 09.41.34Existe prevenção para a doença que mais mata mulheres em todo o mundo. A campanha de conscientização “Outubro Rosa” possui o objetivo principal de alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e do câncer de colo uterino. No Brasil, essas campanhas acontecem desde 2002, mas foram instituídas por Lei Federal apenas em 2018. Na UFRJ, alguns setores se mobilizaram este ano para debater o tema.
O Centro de Referência para Mulheres Suely Souza de Almeida (CRM-SSA), projeto integrante do Núcleo de Estudos em Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP-DH), e o Instituto de Ginecologia (IG) da UFRJ realizaram uma roda de conversa com especialistas, na última segunda-feira (25). “Câncer é uma doença superlativa, tudo que é referente é muito grande. A Organização Mundial de Saúde estima a mortandade de um para cada seis casos”, explicou o médico e professor do IG Jair Balen. É um consenso que as patologias atingem de maneira diferente as mulheres ao redor do mundo. “Nos países de alta renda, a canalização dos recursos para rastreamento e tratamento do câncer implica numa melhoria de resultados”, identificou Balen.
Débora Louzada, estudante do Serviço Social e estagiária do CRM-SSA, acredita que os determinantes WhatsApp Image 2021 10 29 at 17.54.331sociais  influenciam diretamente o diagnóstico e o tratamento do câncer. “O adoecimento implica em vulnerabilidade social da mulher, que se agrava quando associada à precariedade das condições de vida e trabalho. Por isso, são necessárias políticas sociais específicas para seu enfrentamento”, afirmou. Entre as questões que impedem o rápido rastreamento da doença estão o processo de adoecimento versus condições de vida, o empobrecimento contínuo, a precarização das condições de trabalho e a ausência de proteção social.
Para a professora da pós-graduação do Instituto de Ginecologia, Livia Migowski, o maior impacto na prevenção do câncer de colo de útero e de mama é realmente o rastreamento adequado com busca ativa, que inclui, por exemplo, ligar para os pacientes. “Também a vacinação contra HPV e as práticas de sexo seguro são importantes”, completou. A médica, formada pela UFRJ, explicou na roda de conversa que nos países que desenvolveram uma política de rastreamento efetiva foi observada uma diminuição drástica nos casos de câncer de colo de útero. “A colpocitologia oncótica, ou exame do preventivo, mostrou ter um impacto muito grande. No Brasil, diminuímos bastante a incidência deste tipo de câncer, mas nos últimos dez anos não temos progredido”, informou.
O acesso efetivo às políticas públicas é um direito das mulheres brasileiras com câncer. “Muitos dos direitos sociais vêm de uma herança vinculada à questão trabalhista”, explicou Débora Louzada. Por exemplo, a Previdência Social pode ser ativada para auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. No trabalho formal, é possível solicitar afastamento de até 15 dias; licença para tratamento de saúde; licença por motivo de doença em pessoa da família; saque do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o saque do Programa de Integração Social (PIS). Para facilitar a mobilidade no transporte público, pode ser requerido o Tratamento Fora de Domicílio (TFD); Vale Social; Passe Livre Interestadual e o Riocard Especial, além do Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC) e a prioridade na tramitação de processos.

IMPACTOS NA PANDEMIA
No último ano foi observado um impacto nos diagnósticos de câncer de mama e colo uterino no país, devido à pandemia da covid-19. O tema foi tratado na roda de conversa que a Comissão Interna de Eventos da Decania do Centro de Tecnologia (CT) da UFRJ promoveu, no dia 13 de outubro. “Em abril de 2021, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) alertou que o tratamento e o reagendamento de consultas ginecológicas, em função da pandemia, geraram uma preocupante redução de diagnósticos dos cânceres de mama e colo de útero”, informou Riany Brites, enfermeira da Seção de Promoção e Prevenção em Saúde do Trabalhador da PR-4.
“Ao analisar os dados do Ministério da Saúde, nos períodos pré e pós pandemia, a entidade observou a redução de 23,4% na realização das mamografias e biópsias de colo de útero, dois dos principais exames para diagnóstico”, completou Riany. Segundo as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), 82 mil mulheres desenvolveram essas neoplasias no último ano e 24.860 desconhecem a presença da doença.
Doutora em Enfermagem pela UFRJ e enfermeira do Inca, Iris Bazillo, a pandemia trouxe muitos desafios para quem lida com o câncer diariamente. “Primeiro, o medo e pânico de todos os profissionais, por conta das nossas pacientes que já têm o sistema imunológico debilitado. Houve também sobrecarga assistencial absurda, por uma demanda maior de atendimento, matrícula e internação”, contou. “Além de uma redução de funcionários, porque alguns adoeceram, outros foram para o trabalho remoto. Houve um momento em que determinados setores do hospital estavam funcionando apenas com 30% dos funcionários”, alertou.
A ginecologista e mastologista Cecília Pereira discorreu sobre a necessidade de fazer exames periodicamente, de maneira organizada, a partir dos 40 anos. “Todos os anos, independentemente da paciente ter ou não os sintomas”, pontuou. O autoexame não é mais recomendado como método de rastreamento. “A gente tem que incentivar a mulher a se reconhecer, se apalpar, mas ele não é mais confiável como rastreamento. A mamografia encontra lesões totalmente impalpáveis. E isso tem impacto na cura, é possível um diagnóstico precoce”, concluiu a médica.

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