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bandeira adufrjDiretoria da AdUFRJ

Começamos a debater o retorno presencial e já nos deparamos com desafios de uma magnitude que há muitos anos não experimentávamos. Em menos de dois anos de pandemia, e quase três de governo Bolsonaro, parece que estamos prestes a retornar ao campus dos anos 90 do século passado, sem recursos nem para capina, com desovas de cadáveres e prédios em péssimas condições. Não estávamos nem perto de resolver todos os nossos históricos problemas, mas muito havíamos caminhado. Esse será o maior desafio que enfrentaremos no retorno de nossas atividades. O impacto do estrangulamento orçamentário ficou amenizado pela ausência da vida no campus, mas com o retorno gradativo, essas dificuldades tendem a aumentar, caso não haja uma reversão imediata do nosso quadro orçamentário.
E, se já não nos bastasse o retorno de velhos fantasmas, temos que lidar também com novos assombros, pois o desmonte do sistema nacional de pesquisa não tem paralelo com nenhum outro governo. O que nos tem sido revelado pela CPI da Covid explica o horror que o atual governo tem pela Ciência e seus métodos, por seu controle rigoroso, checagem de resultados, comissões de éticas e cuidados redobrados na divulgação dos resultados de investigações. Assim como o jornalismo responsável, que apura e investiga, que também checa suas fontes e verifica de forma responsável o que ocorre à sua volta, a arte e a educação, que incomodam e nos fazem pensar e enxergar para além do imediato e do visível, somos todos alvos de ações persecutórias.
Com a dolorosa marca oficial de 600 mil mortos no país por covid-19, muitas manifestações, e alguma esperança, começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel. Mas sabemos que a pandemia não terminou, e que o retorno às atividades presenciais, embora seja o desejo da maioria de nós, é também atravessado pelas enormes preocupações e inseguranças que esse cenário nos traz. Se nossa gestão enfrentou o desafio de criar as condições para a existência da vida sindical em ambiente remoto, a próxima, que se inicia daqui a uma semana, terá que responder a um desafio não menor, pois a retomada das atividades também irá demandar novas práticas e o reconhecimento de que alguma coisa se extinguiu e daremos início a uma nova forma de vida institucional.
Também se aproxima o final de mais um semestre letivo, e teremos ao menos uma pausa para recarregar as baterias. Nesse momento, é importante ressaltar que, embora estejamos vivendo um momento de perdas e retrocessos, também temos conseguido resistir e nos mantemos inteiros. Ainda estamos em plena batalha, pois a PEC 32 não foi sepultada. A pressão que as entidades representativas dos servidores públicos têm realizado no Congresso está sendo crucial e deve se intensificar nos próximos dias. Por isso, vamos fixar nosso olhar no que fomos capazes de garantir até agora, e não foi pouco. O país autoritário e servil de Bolsonaro não se realizou. E não permitiremos que se imponha sobre nós. Vamos sacudir a poeira e ocupar com dignidade e responsabilidade o espaço que nos pertence, a universidade pública não se vergará e nós, professores e professoras da UFRJ, estaremos prontos para dar mais uma lição de civilidade e responsabilidade sanitária a esse desgoverno da morte.

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